Conheça os bichinhos que moram na sua casa

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cuidado com os bichos de casa

Muitas vezes imperceptíveis, eles estão no imóvel sem pagar aluguel; quase sempre inofensivos, alguns chegam a ser fofinhos

Além do vira-latas caramelo e do gatinho preto que a família toda ama, a sua casa guarda também uma dezena de outros animais. Alguns são até visíveis, mas discretos, enquanto outros são minúsculos. “A grande maioria deles é inofensiva”, diz o biólogo César Favacho, mestre em Biodiversidade e Evolução pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, e famoso nas redes sociais com vídeos que mostram a natureza de pertinho.

César, com a colaboração do também biólogo Paulo Ribolla, ajudou a mapear os animais que podem habitar cada cômodo de uma casa. Grande parte é de insetos, mas há também aracnídeos e crustáceos. “É claro que mosquitos transmitem doenças, e há aranhas marrons, dependendo da região, que podem ser perigosas. Porém, os insetos, além de numerosos no meio ambiente, são muito importantes”, diz.

Ele faz duas recomendações importantes: nunca manusear os animais e tomar cuidado com inseticidas. “Querendo ou não é um veneno, pode ser maléfico para outros bichos.”

NA COZINHA

Caruncho ou gorgulho (Sitophilus): Com até 5 mm de comprimento, costumam viver dentro de pacotes de macarrão ou de grãos. Quando se sentem ameaçados, se fingem de mortos. A fêmea põe de 36 a 254 ovos, depois de cavar um buraquinho no alimento, e sabe quando outra fêmea já colocou seu ovinho ali (ela procura outro lugar em casos assim). Os adultos podem gerar até 6 mil descendentes, e vivem por até oito meses.

Traça (Ephestia kuehniella): Fã de farinhas, farelos, milho e arroz, a traça pode acabar estragando alimentos que come. A fêmea coloca entre 200 e 300 ovos, e o tempo que um ovo leva para virar uma traça adulta é de em média 40 dias.

Formiga fantasma (Tapinoma melanocephalum): Pequenininha e quase transparente. Sua colônia pode mudar os ninhos de lugar em questão de horas —costumam ficar ao ar livre, mas também podem se esconder em vãos na parede. Seu alimento favorito são os doces, salgados e outros artrópodes, incluindo formigas.

Mosquinha da banana (Drosophila melanogaster): As frutas podres são o ninho perfeito para ela colocar seus ovos – cinco de cada vez, 400 no total, em média. Os machos costumam ser bem diferentes das fêmeas: elas têm listras claras e medem cerca de 2,5 mm, enquanto eles são menores e têm as costas mais escuras.

Mosca (Musca domestica): Com até 8 mm de comprimento, as moscas têm olhos avermelhados – nas fêmeas, o espaço entre eles é maior que nos machos. Têm dois pares de asas, um deles usado apenas para dar equilíbrio e estabilizar o voo. Uma mosca vive em média de 25 a 30 dias, e pode por centenas de ovos nesse período. Comem sem parar, e para isso colocam saliva sobre o alimento até dissolvê-lo, sugando o que sobra.

NA SALA

Traça (Tineola bisselliella): Têm antenas grossas e escamas cobrindo o corpo, asas e pernas. Comem tecidos e papéis, especialmente quando eles estão recobertos de matéria orgânica, como suor e restos de pele. Vivem cerca de seis meses, mas só poucos dias na fase de mariposa.

Aleluia (Cryptotermes gestroi): São aqueles bichinhos que entram em casa voando pela janela e ficam rodando em volta da luz nos dias de calor. Suas asas se desprendem e ficam caídas pelo chão. Vivem em colônias bem numerosas, e constroem seus ninhos em lugares inacessíveis. Podem comer cadernos, livros, documentos, roupas, entre outros.

Joaninha (Harmonia axyridis): Além de muito fofinhas, elas também fazem controle biológico de pragas como os pulgões, que lhe servem de alimento. Suas asas podem ter muitas variações entre o laranja e o vermelho, e vêm com 22 bolinhas pretas de tamanho variável.

Maria-fedida (Nezara viridula): O fedor que ela solta vem da secreção de uma glândula no seu tórax, acionada sempre que ela se sente ameaçada. Podem viver em média 120 dias.

Papa-moscas (Salticidae): “Elas comem moscas, mosquitos e até baratinhas. Têm ótima visão e ficam nas janelas, porque aprenderam que ali há muitas presas se debatendo”, conta César Favacho. “Ela age por emboscada, como um gato. Vai devagarinho por trás e pula na presa, injeta o veneno e depois vai comer. Ela é inofensiva para os humanos.” Depois de se alimentar, ela deixa para trás o que sobrou do “jantar”, geralmente uma casquinha seca.

Aranha pernalonga (Pholcidae): Parecem muito frágeis, com suas pernas compridas e bem fininhas que chegam a até 50 mm de comprimento cada. Têm seis a oito olhos e vivem em teias irregulares, geralmente no canto das paredes e do teto. Comem os pequenos insetos que ficam presos nessas teias.

NO BANHEIRO

Mosquinha (Psychoda alternata): Bem pequenininha, com o corpinho peludo, essa mosquinha vive no banheiro porque coloca seus ovos no ralo, onde fica bastante resto de pele da gente, gordura, cabelo, etc. Estão na Terra há 170 milhões de anos. Um ovo leva 48 horas para eclodir e a larva sair de dentro.

Barata (Blattella germanica): Ela até tem asas, mas não consegue voar – costuma agitá-las para assustar quem estiver ameaçando sua vida. Sai do esconderijo perto do entardecer, embora também possa dar seus passeios de dia. Detesta temperaturas muito baixas e quer sempre ficar no quentinho. Come de tudo, inclusive sabão e pasta de dente.

NO QUARTO

Traça (Niditinea fuscella): Tem hábitos noturnos. Sua cor fica entre o cinza e o marrom. Come de tudo, de tecidos a papel e até penas de animais.

Mosquito (Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti de dia): Esse todo mudo conhece: é o responsável pelo zum-zum toda vez que a gente dorme. O Culex quinquefasciatus ataca de noite e consegue voar até 22 quilômetros para se alimentar. Já o Aedes aegypti ataca de dia, tem manchas brancas no corpo e nas pernas, e é um dos transmissores da dengue.

Pulga (Ctenocephalides): Existem mais de duas mil espécies de pulgas no mundo, mas as mais comuns são as dos cachorros e gatos. Os ovos podem ficar presos no animal ou cair no ambiente. As larvas comem restos de fezes e sangue seco das pulgas adultas. Adoram morar nas fendas do chão de tacos. 

Ácaro da poeira (Pyroglyphidae): São minúsculos e estão em praticamente tudo, do sofá à cama. É que eles moram na poeira e gostam de comer o que fica por ali, como fungos e pele humana em decomposição. Suas fezes podem causar alergia nas pessoas.

NO QUINTAL/VARANDA 

Lacraia (Scolopendra viridicornis): Tem um par de patas em cada parte do corpo, que é bem comprido e “rebaixado”. Na cabeça, um par de antenas, alguns olhos e um aguilhão, espécie de espeto com que ela coloca o veneno nas suas presas. O ideal é evitar o contato com elas, porque sua picada pode machucar.

Tesourinha (Forficula auricularia): No final do seu corpo, tem um apêndice em forma de tesoura. Com ele, captura presas e se defende das ameaças. Não é venenosa. Gosta de viver em lugares úmidos, com restos de plantas mortas.

Tatu-bolinha (Isopoda): “Eles têm uma carapaça que, além de dura, é bem polida. É uma defesa deles que torna difícil alguém segurá-los. O ponto fraco é a barriga, que é mais mole, então eles viram essa bolinha lisa que o predador não consegue apoiar para abrir”, explica César Favacho. Vivem enterrados e se alimentam de matéria orgânica em decomposição.

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