Dançar de rosto colado

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casais se lembram apaixonados dos bailes da juventude
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Dançar de rosto colado é coisa que os jovens de hoje não conhecem como preliminares de um ato de sedução. Nossos bailes de antigamente (que palavra dolorosa!), os jovens rastreavam o salão em busca da garota ideal para iniciar um romance. Caso ela fosse localizada na mesa com os pais, nossas pernas tremiam. Uma cuba libre talvez fosse o combustível para encorajar o ato de atravessar o salão e chegar à mesa com o convite formalismo “vamos dançar?”.

O “sim” dela poderia significar que também queria dançar, pois os olhos já tinham se cruzado em algum momento do baile, mas poderia ser apenas o “sim” formal para não dar um “cano” no rapaz audacioso. Neste último caso, a regra que a jovem aprendera em casa com a mãe casamenteira, era dançar no máximo três para não significar que havia outro interesse e não ser o da boa educação. No entanto, se “pintasse um clima”, ai Jesus, – aí a dança se prolongaria por todo baile e, na hora exata, os rostos se colavam e a sedução começava com uma conversa de ouvido. O ato de seduzir transpirava-se numa enciclopédia romântica que valia até mentiras ingênuas.

Está bem, somos velhos quando falamos em “rosto colados”. Mas ninguém pode roubar de nossa memória um tempo mágico onde o cavalheirismo de uma dança, fazia-nos flutuar pelo salão com pessoas especiais. E quem não dançou uma vez na vida de “rosto colado” não sabe o que perdeu.

Rogério Mendellsk | Jornalista, apresentador do Programa 1ª Hora RS, de Porto Alegre.

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