Diagnóstico, avaliação e proposição para as cidades

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colunista para a vilas magazine

Com o tempo não se negocia. Ele passa independente de sabermos ou não como aproveitá-lo. 

Diante desta constatação é necessário um planejamento mínimo para que se consiga gerir o tempo, considerando-o como um dos recursos mais valiosos que dispomos. Ao chegarmos ao final de 2023, terão se passado 75% do período de quatro anos, tempo destinado aos gestores e legisladores para colocarem em prática o que idealizaram para as cidades onde foram eleitos pelas comunidades para atuar.

Aqueles que cometeram o equívoco de não incluir em seus planejamentos etapas para avaliações periódicas, estão fadados a, dificilmente, conseguirem corrigir rotas e aprimorar técnicas a partir de agora. Passamos de um ponto crucial e, em muitos casos, “sem retorno”.

Por ter maior familiaridade, cito aqui, como exemplo, o município de Lauro de Freitas, que possui características geográficas e naturais que favorecem uma gestão municipal. Estar localizado na Região Metropolitana de Salvador, entre a Linha Verde e o Aeroporto Internacional 2 de Julho, além de ser banhado por rios históricos, como o Ipitanga e o Joanes, é um privilégio que poucos possuem.

Além dos recursos naturais, o município litorâneo de Lauro, como carinhosamente é chamado, também goza de um considerável orçamento. A Secretaria da Fazenda estima um aumento para 2024, podendo chegar a R$1 bilhão. É a sétima cidade baiana em economia, avaliada em prestação de serviços. Este ano, só com a arrecadação em multas de trânsito, de janeiro a agosto, foram quase R$12 milhões. Quanto aos recursos humanos, Lauro de Freitas conta, em sua folha de pessoal, com quase 10 mil servidores, ao custo médio mensal de R$30 milhões.

Diante deste resumido cenário, o que estaria dificultando um “desenvolvimento saudável” da cidade?

Lauro de Freitas alcançou o primeiro lugar no estado em densidade demográfica, por conta dos seus mais de 200 mil habitantes abrigados em menos de 58 km² e, mesmo com tantas pessoas vivendo em tão reduzido espaço físico, ainda não tem Plano de Mobilidade nem esgotamento sanitário. Embora o IBGE informe que 85,5% da cidade tenha saneamento básico, o percentual foi obtido de forma autodeclaratória e, nem de longe, reflete a realidade.

Na contramão do que deveria ser considerado prioritário, vê-se a liberação de novos Polos Geradores de Tráfego (PGT), como os condomínios verticais e empreendimentos comerciais, que influenciam diretamente no aumento da circulação de veículos e pessoas em determinadas localidades, impactando o sistema viário, comprometendo a acessibilidade, a mobilidade, a segurança e, consequentemente, a qualidade de vida.

O planejamento urbano, desenvolvido por equipe técnica especializada, é a única solução para os municípios, antes que cheguem a situações irreversíveis ou extremamente caras para serem administradas.

Hendrik Aquino é designer, jornalista, especialista em planejamento urbano e gestão de cidades pela Unifacs e gestor de projetos pela Unijorge.

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