DISTÚRBIOS DE PERSONALIDADE
A volta da ameaça da poliomielite – a chamada paralisia infantil – quase 30 anos depois de erradicada, é resultado de uma soma de erros e negligência, tanto das autoridades como das famílias. Se aos governos cabe disponibilizar e exigir a vacinação de todas as crianças, aos pais e outros responsáveis compete levar os filhos aos postos de saúde – uma obrigação legal que muitos parecem desconhecer (leia matéria nas páginas 12 à 16).
Há ainda a criminosa disseminação de boatos contra as vacinas em redes sociais, instigando um medo irracional em adultos que precisam ser reeducados e “vacinados” contra o festival de besteiras que assola o Whatsapp.
Primeiro, é necessário insistir que as vacinas são seguras, que não causam qualquer dano e são absolutamente necessárias. Não apenas para proteger uma criança, mas todas as crianças que possam vir a ser contaminadas pelo descaso de uma só família. Aqui, o senso de comunidade torna-se ainda mais relevante. Ninguém é uma ilha, principalmente quando se fala de saúde pública.
Depois, é preciso mostrar às pessoas que uma informação que chega pelo Whatsapp, Facebook ou coisa que o valha, sem uma fonte confiável claramente definida, dificilmente corresponde à verdade e só merece desconfiança. Nenhuma fofoca de grupo de Whatsapp substitui a informação de fonte credível, proveniente das autoridades competentes ou de meios de comunicação profissionais.
Numa era em que a medicina já resolveu a maioria das pragas que assolavam a humanidade, incluindo a poliomielite, o desafio científico passou à esfera da comunicação. A desinformação é hoje a regra. A mentira é sempre mais atraente do que a verdade porque é produzida com as cores do escândalo, do superlativo, do dedo apontado em suposta superioridade – como nas vilas de interior de antigamente.
Não se trata sempre de má-fé, mas quase sempre de distúrbios de personalidade. Há pessoas que realmente acreditam em fantasias e passam a disseminá-las, até sem se dar conta do dano que causam, muitas vezes pensando fazer o bem. Há pessoas que criam e alimentam teorias conspiratórias, talvez de forma a preencher vazios existenciais ou intelectuais. Muitas vezes apenas para socializar, pertencer, dão asas à imaginação e identificam uma ameaça oculta em cada esquina.
Nada disso é novo. Sempre foi essa a dinâmica do pensamento subnormal. Mas também nada disso era especialmente danoso, em tempos idos, porque a difusão de bobagens ficava restrita a pequenos grupos isolados da grande aldeia global em que vivemos hoje.
Na posse de um celular conectado à Internet, qualquer um se transforma em difusor de desinformação. Os danos causados por essa atitude são hoje, cada vez mais, punidos. A essa realidade também é necessário dar maior publicidade.
RECUPERAÇÃO
O retorno de Lauro de Freitas à primeira posição do Indice Firjan no quesito “Emprego & Renda” na Bahia é um importante indicador de que a cidade se encontra preparada para a retomada econômica que já começou. Os problemas sociais não desapareceram por causa disso, a pobreza e a desigualdade seguem sendo um desafio para qualquer governante – e para a sociedade – e a segurança pública permanece longe de índices aceitáveis, mas economicamente somos quase uma ilha de prosperidade na Bahia.
É essencial manter isso em mente no delicado momento da retomada econômica no país.
Dias melhores chegaram e melhores ainda virão.