O joelho é uma articulação tricompartimental, compreendendo o espaço patelofemoral e os espaços fêmorotibiais, lateral e medial. Alterações no compartimento patelofemoral causam frequentemente um quadro de dor anterior no joelho, associada a fenômeno de falseio (sensação de instabilidade) manifestados, principalmente, durante atividades físicas, como corrida, alguns exercícios físicos, como agachamento e até mesmo em situações rotineiras, como usar escadas e a elevação de posição sentada. Entre as mais comuns desordens patelares está a condropatia (doença da cartilagem) que pode apresentar-se na primeira consulta médica com vários graus de envolvimento tecidual, desde alterações discretas iniciais até um estado artrítico avançado com perda total da espessura cartilaginosa.
Condromalácia patelar, também conhecida como joelho do corredor, tipicamente ocorre em pacientes jovens, adeptos de atividades esportivas, como corrida de rua, musculação, crossfit, futebol, entre outras. As manifestações clínicas podem ocorrer após ou durante a prática do esporte, em alguns casos até mesmo inviabilizando-a.
Ao avaliarmos o paciente com queixa de dor anterior em joelho precisamos ficar atentos a vários aspectos, como idade, sexo, início de sintomas e suas características, associação com trauma local articular, idade e grau de comprometimento da rotina laboral ou recreacional.
O exame físico é outro elemento crucial na avaliação: tipo de marcha, alinhamento dos membros inferiores, peso corporal, identificação de derrame, instabilidade e/ou crepitação no joelho comprometido são dados importantíssimos.
Com essas informações e a suspeita diagnóstica da síndrome dolorosa patelofemoral associada à condropatia, segue-se para os exames complementares. Na maioria dos casos, a investigação passa pela realização de dois exames: radiografias e ressonância nuclear magnética do joelho comprometido. Nas radiografias afastamos as lesões ósseas primárias, analisamos os espaços articulares entre a patela e o fêmur, que poderão estar estreitados em comprometimentos mais graves, bem como variações anatômicas específicas associadas à doença.
A ressonância nuclear magnética, por ser um exame de maior resolução, multiplica as informações, sobretudo no que concerne à saúde da cartilagem patelar ou troclear (trilho por onde a patela realiza seus movimentos). Este exame permite identificar alterações mínimas, como edema, lesões mais avançadas, como fissuras e erosões superficiais, até erosões mais profundas que chegam a comprometer a totalidade da espessura cartilaginosa expondo o osso subcondral.
Todos esses elementos são necessários para a finalização do diagnóstico, estabelecimento do tratamento e os prognósticos. O paciente deve estar absolutamente consciente de todos estes aspectos para entender o plano terapêutico e as chances de sucesso. Frustrações ocorrem por falhas neste processo de entendimento e conscientização.
A quase totalidade dos casos de dor anterior do joelho associada a algum grau de condropatia patelotroclear é de tratamento não cirúrgico. As cirurgias estão reservadas para erosões focais profundas, refratárias ao tratamento clínico ou artrites graves, com perda total e difusa do tecido cartilaginoso. Os tratamentos ditos biológicos ainda carecem de estudos mais robustos.
O plano terapêutico nortea-se pela gravidade do quadro, indo do uso de medicação sintomática, como analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais ou hormonais, passando pela utilização de medicação condroprotetora, como colágeno não hidrolisado tipo 2, bem como o ácido hialurônico (administrado intrarticularmente).
Medidas ditas mecânicas funcionais também são necessárias, como o controle do peso corporal, a reeducação esportiva, que pode ser temporária ou definitiva, e o trabalho de fortalecimento de grupos musculares específicos são peças chave na abordagem destes pacientes.
A síndrome dolorosa patelofemoral, associada aos diversos graus de condropatia é uma patologia muito frequente, de abordagem diagnóstica e terapêutica bem definida e com excelentes resultados. Ao primeiro sintoma, procure seu ortopedista. A precocidade na identificação do problema pode ser fator determinante na cura.
DALTON DE CASTRO CRISÓSTOMO JÚNIOR é ortopedista especialista em joelho. CRM10341 / TEOT 7014
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