Negócios sem atendentes buscam simplificar experiência de compra

0
1042
Negócios usam tecnologia para atrair cliente
Lojas autônomas e máquina de algodão-doce ‘instagramável’ usam tecnologia para atrair cliente

Com forte uso de tecnologia, empresas oferecem estruturas de autoatendimento sem funcionários pensadas para facilitar a experiência de compra, com poucos obstáculos entre a escolha do produto e o pagamento. Um exemplo é a Zaitt , franquia de lojas de conveniência autônomas, abertas 24 horas por dia. Para ter acesso às unidades, o cliente baixa e cadastra-se no aplicativo da marca e usa um QR Code para ter sua entrada liberada. Lá dentro, escolhe e escaneia seus produtos com o celular. Depois, efetua o pagamento pelo próprio aplicativo e deixa a loja, tudo isso sem ter tido contato com ninguém.

Durante todo esse processo, o comportamento do consumidor é monitorado remotamente, levando em conta variáveis que informam à empresa casos suspeitos de fraude. Fatores como local, horário, tempo de cadastro e de permanência são levados em consideração no processo.

Rodrigo Miranda, fundador da companhia, criada em 2016 no Espírito Santo, conta que o aporte inicial foi de R$ 10 milhões. Ele não revela o faturamento atual, mas diz que planeja mais que dobrar o número de lojas em 2022. Hoje, há 14 em funcionamento em nove estados, e mais 30 em implantação.

Embora não haja funcionários nas lojas em si, a Zaitt tem uma equipe remota que monitora as unidades 24 horas por dia. Os funcionários, cerca de 60, intervêm caso haja problemas, como furtos. Em situações assim, a empresa entrega as filmagens à polícia. Uma equipe também precisa ir até as unidades para realizar tarefas como renovação de estoque e limpeza.

Já nas lojas sem funcionários da Be Honest, há câmeras de monitoramento, mas a empresa não tem uma equipe de prontidão contra eventuais furtos e fraudes. A companhia aposta numa mudança de cultura, para o chamado honest market: seus mercadinhos, com itens de mercearia, são instalados em prédios comerciais, condomínios e hospitais, e as vendas são feitas com base na confiança no consumidor, que pega os itens desejados, paga e vai embora sem falar com ninguém.

Criada em 2020, a Be Honest tem mais de 200 mercadinhos em 25 cidades, a maior parte na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Emprega 75 pessoas. O cofundador, Marcelo Carneiro, não revela o faturamento.

A expansão da franquia é focada em cidades com mais de 200 mil habitantes. Embora o perfil de cada local seja analisado individualmente, a maior parte dos mercadinhos fica em condomínios com mais de 70 unidades habitacionais ou empresas com mais de cem funcionários. Os produtos mais vendidos são cervejas e refrigerantes.

Carneiro explica que as lojas são o canal que escolheram para falar dos ideais de honestidade, com a intenção ambiciosa de mudar a cultura do “jeitinho brasileiro”. Ele conta que, quando há muitos furtos acontecendo em um ponto, a empresa organiza intervenções educativas com o público local e diz que até hoje não precisou fechar nenhuma loja por esse tipo de problema.

Para Roberto e Nicole Lemos, casal fundador da franquia de máquinas de algodão-doce Cololido, a redução dos custos e do trabalho de administração de funcionários é um dos elementos mais importantes do negócio.

A Cololido é uma empresa de vending machines que foge do padrão de entrega de snacks dessas máquinas. Fabricam, ao vivo, diferentes sabores de algodão-doce.

As máquinas são colocadas em shoppings. A empresa nasceu em abril de 2021, com aporte de R$ 40 mil, e faturou quase R$ 4 milhões nos oito meses finais do ano passado.

Já existem 30 máquinas em operação, entre as da própria empresa e as de franqueados. A Cololido tem nove funcionários. Quando necessário, eles renovam os insumos das máquinas e consertam eventuais falhas de funcionamento.

A empresa tem planos de colocar máquinas também em parques temáticos e hipermercados. A companhia foca a experiência do consumidor. Para além de comodidade e rapidez, a ideia é que a compra seja prazerosa.

Isso significa entregar “não só um algodão-doce, mas uma experiência completa, que envolve os cinco senti dos”, diz Roberto. Durante a compra, o cliente pode interagir com telas e escolher cores, sabores e formatos para então assistir ao algodão-doce sendo feito ao som de uma música, além de sentir o cheiro do sabor escolhido.

Como o cofundador afirma, a experiência é “100% instagramável”, ou seja, tem forte apelo estético nas redes sociais. A maior parte das lojas é no Paraná, onde o casal vive.

De acordo com Flávio Petry, especialista em varejo do Sebrae-SP, o autoatendimento é uma tendência que veio para ficar, uma vez que parte do público já se fidelizou e se acostumou ao modelo, mais cômodo e rápido.

Ele diz, porém, que, durante muito tempo, o receio do mercado atrasou a chegada dessas tecnologias ao Brasil. Mas os fundadores da Zaitt e da Be Honest dizem ter bons resultados, com baixos índices de furtos e perdas em seus estabelecimentos. No caso da Zaitt , a cifra é inferior a 1,5% do faturamento; na Be Honest, fica em 3%.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui