Prioridades
Esta edição da Vilas Magazine começa a circular após o resultado das eleições, e a cidade já conhece quem vai ocupar a prefeitura e os 17 assentos da Câmara Municipal pelos próximos quatro anos. Em função de prazos industriais, a edição foi fechada antes do dia 2 de outubro, pelo que não traz a cobertura do pleito. Conforme já é tradicional, a Vilas Magazine trará um retrato completo da votação na edição de novembro. Aguardem.
À altura em que este editorial é redigido, nenhuma surpresa maior é aguardada nos resultados eleitorais. Sejam quem forem os vencedores, os desafios são os mesmos, tal como a probabilidade de que o governante de plantão os vença. Não há soluções milagrosas, especialmente em tempos de contenção de gastos públicos nas esferas estadual e federal.
O grande investimento público a fazer, há muito aguardado, continuará a ser o Sistema de Esgotamento Sanitário (SES), que não é responsabilidade da prefeitura. Muita desinformação a esse respeito foi veiculada durante a campanha. Não se percebeu que algum dos candidatos tenha explicado ou assumido que a construção do SES é uma obra da Embasa, autarquia do governo estadual e que depende de verbas, muito provavelmente, federais. Verbas que simplesmente não existem. São recursos que sequer passarão pelos cofres do município se um dia vierem a existir.
Muito se falou durante a campanha também da recuperação dos rios que cortam Lauro de Freitas – outro tema que ganha cada vez maior relevância para o eleitorado – como se fosse uma questão de vontade política. Neste caso, não é sequer uma questão de contar com recursos financeiros. Recuperar os cursos d’água depende primeiro do Sistema de Esgotamento Sanitário e depois de garantir 100% das ligações domiciliares à rede de esgoto. Essa etapa fica por conta de cada um e nem toda a população terá disponibilidade financeira – ou disposição cívica – para cumprir a lei que obriga a fazer as ligações.
Quando não houver mais ninguém em Lauro de Freitas lançando esgoto in natura nos rios da cidade será necessário resolver o mesmo problema ao longo do curso dos rios e seus afluentes em municípios vizinhos e mais distantes. Só então se poderá falar em recuperar os cursos d’água. Até lá, qualquer plano de estímulo ao turismo, por exemplo, é mero exercício de retórica.
Prefeitos e vereadores são agentes políticos que calibram suas ações em função de múltiplos interesses estratégicos e nada garante que venham a exercer efetiva influência nos governos estadual e federal para que o SES de Lauro de Freitas seja prioridade. Entretanto, se nada mais fizerem pelos próximos quatro anos, que viabilizem pelo menos esse objetivo.
Caos
O caos nosso de cada dia está consolidado no trânsito das nossas ruas, a que ninguém escapa. O crescimento acelerado e desordenado da cidade nos legou um espaço urbano inóspito. A conclusão da Via Metropolitana, que tende a desviar da cidade o tráfego entre Salvador e o litoral norte, poderá trazer algum alívio.
Entretanto, se os responsáveis pela gestão do espaço urbano continuarem a exercitar uma “engenharia de trânsito” como a atual, não haverá vias metropolitanas capazes de minorar o problema. O município tem de priorizar a qualidade de vida na cidade, freando suposto desenvolvimento econômico que tudo sacrifica em nome de plantar mais um supermercado na Estrada do Coco.