Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) da Polícia Militar formou mais 872 jovens em Lauro de Freitas, em evento organizado pelas Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPM) 52ª e 81ª, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Durante a cerimônia, na quadra poliesportiva do Centro Educacional Fênix, as melhores redações foram premiadas e houve distribuição de camisetas e bonés para os formandos.
O Proerd é executado nas escolas públicas e particulares, por policiais militares treinados e preparados para utilizar uma metodologia especialmente voltada para o público-alvo, formado por crianças e adolescentes, na tentativa de levá-los a tomar decisões seguras e responsáveis diante da oferta de drogas.
Formandos fazem festa na cerimônia de formação do Proerd
Os índices de saúde escolar do IBGE relativos ao período de 2009 a 2015 indicam uma redução na experiência com álcool entre os estudantes do 9º ano do ensino fundamental – faixa dos 13 aos 15 anos – em Salvador, mas registram deterioração de 35% no cenário da experiência com drogas entre os estudantes da rede pública.
Para o comandante da 52ª CIPM, Major PM Fabrício Oliveira, a cerimônia de formatura do Proerd sempre gera satisfação nos policiais e nas famílias dos jovens formandos. Fazemos nosso trabalho de levar segurança pública para as ruas e desenvolvemos projetos como esse, de prevenção, para que esses meninos não sejam seduzidos pela vida fácil das drogas”, disse.
O programa é uma adaptação do norte-americano “Drug Abuse Resistence Education” – ou DARE – criado em 1983 na Polícia de Los Angeles, Califórnia. No Brasil, o Proerd começou a ser executado em 1992, pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Hoje é adotado em todo o Brasil e em outros 57 países. Mais de 450 mil crianças e adolescentes de 5.251 escolas públicas e particulares já foram formados pelo Proerd desde a sua implantação na Bahia, em 2003.
Com o surgimento da epidemia de abuso de opioides – basicamente analgésicos de farmácia, heroína e drogas sintéticas – nos Estados Unidos, vários estados americanos renovaram a aposta no DARE, que havia sido praticamente abandonado há sete anos por supostamente não apresentar resultados. Agora, mais recursos foram alocados aos programas.
No mês passado, o Procurador-Geral dos Estados Unidos Jeff Sessions, que atua como Ministro da Justiça, enalteceu o retorno do programa, destacando que a overdose de drogas é hoje a principal causa de mortes de americanos com menos de 50 anos. Só em 2016 foram quase 60 mil vítimas.
Falando para a plateia da 30ª Conferência de Treinamento do programa, no Texas, Sessions defendeu que “não é suficiente que as drogas perigosas sejam ilegais” – e que é necessário “torná-las também inaceitáveis”. Para ele, é preciso criar “um clima cultural que seja hostil ao abuso de drogas”.
ESTATÍSTICAS
No Brasil, alguns estudos apontam que o Proerd alcança resultados positivos em relação à autoestima, autocuidado e resistência à pressão dos pares. As perspectivas dos jovens em relação ao uso de drogas também sofrem impacto, de acordo com acadêmicos. Em Santa Catarina, onde mais de 1 milhão de jovens já passou pelo programa, trabalho acadêmico de 2014 concluiu que o Proerd contribui para o processo de aprendizado de conteúdos que favorecem relações mais amistosas entre os alunos e o encaminhamento de situações de conflitos entre os mesmos.
Dados estatísticos também podem ajudar a avaliar a efetividade do programa, embora não se possa atribuir diretamente ao Proerd, por falta de estudos, eventual alteração ou manutenção dos cenários. O fato é que, no espaço de seis anos, o IBGE registrou uma queda de quase dez pontos percentuais no número de estudantes de Salvador do 9º ano do ensino fundamental – na faixa dos 13 aos 15 anos – que haviam tomado bebida alcoólica. A experiência refere-se sempre aos 30 dias anteriores à pesquisa. A queda foi registrada um pouco por todo o país, reduzindo também a média entre as capitais.
Segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2015), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 25% daqueles estudantes pesquisados em Salvador havia tomado álcool – taxa que alcança 29% se consideradas apenas as escolas da rede pública, mas 16,5% na rede privada. A média das capitais é de 23%.
Três anos antes, na pesquisa anterior (2012), quando a média das capitais era de 26%, mais de 30% dos jovens de 13 a 15 anos em Salvador havia tomado álcool. E em 2009 eles eram 34,5% – a média das capitais era de 27%.
DROGAS
O que praticamente não mudou naqueles seis anos em Salvador foi a taxa de adolescentes cursando o 9º ano que já haviam consumido drogas: 6,3% em 2009, 6,4% em 2012 e 6,1% em 2015. A média das capitais, no mesmo período variou de 8,7% (2009) para 7,3% (2012), piorando depois para 10,6, em 2015.
A estabilidade do índice geral em Salvador, contudo, esconde uma deterioração do cenário nas escolas públicas, onde o percentual dos adolescentes do 9º ano que já experimentaram drogas subiu 35% naqueles seis anos. Eles eram 5,7% em 2009, mas 7,3% em 2012 e 7,9% em 2015. Já nas escolas privadas, a evolução do índice é inversa: 9,5% em 2009, 3,6% em 2012 e 2,6% em 2015, numa queda de 73% no mesmo período.
O índice das escolas públicas de Salvador, embora permaneça o pior entre todas as capitais nordestinas, só não se deteriorou como em Porto Alegre (RS), que lidera as estatísticas da pesquisa pelo aspecto mais negativo para a saúde dos adolescentes. Os gaúchos viram a situação piorar bastante entre 2009 e 2015 quanto à experiência dos mais novos com drogas ilícitas, mais que duplicando os índices: de 7,5% em 2009 para 12% em 2012 e 16,7% em 2015.