Segue a banda?

Segue a banda?
O caótico, inacreditável cenário eleitoral deste ano para a Presidência da República é resultado de quase duas décadas do “nós contra eles” e contra a Imprensa – um discurso político que se provou eficaz porque ganha eleições, mas extremamente deletério para o país. Tão eficaz que populistas de todos os quadrantes hoje adotam a mesma verborreia para tentar chegar ao poder. Tão nefasto que hoje nos encontramos à beira do abismo.
 
As ideologias, no Brasil, são uma ficção. O nosso eleitorado, modo geral, não tem educação formal suficiente, não tem formação cultural e não tem consciência política para perceber que está sendo manipulado. Não sendo possível nem desejável trocar o povo, vamos para mais um período de aprendizado e sacrifício, com tudo o que isso pode significar. Não há atalhos para a democracia plena, com cidadãos conscientes, ideologicamente formados.
 
Não há no Brasil uma direita, uma esquerda ou um centro. Os candidatos adotam o rótulo que mais lhes convém, quando convém, independentemente das propostas que alardeiam. Temos gente “de esquerda” defendendo a supremacia das regras de mercado e figuras “de direita” propondo um novo “bolsa-educação” – que já foi o bolsaescola do PSDB e depois o bolsa-família do PT.
 
Não há ideologias. Tudo o que há são “posições” radicalizadas para chamar a atenção de um rebanho específico, na tentativa de fazer o eleitorado vestir uma camisa qualquer sem questionar mais nada, como num campeonato de futebol. A verborreia populista de qualquer quadrante corre sempre em torno de um semideus qualquer, uma figura “insubstituível” que passa a ser tratada como a voz da verdade – o artilheiro do time.
 
A estratégia do “nós contra eles” não dá bons resultados nem estádio de futebol, esse circo romano dos nossos tempos onde de vez em quando um grupo resolve sair no sopapo com outro. Em seguida alguém dirá que não eram torcedores, mas arruaceiros. E segue a banda.
 
Nas urnas, contudo, a banda não segue. O eleito, supostamente, lá ficará por quatro anos – sete no caso dos senadores – trabalhando ou atrasando a nossa vida, com efeitos que podem durar décadas. Não adianta classificar como arruaceiro o eleitor que se deixa seduzir por posturas ilegais, imorais, ignorantes, violentas: ele continua eleitor e vai usar o seu título como arma, prejudicando a si mesmo e a todos, talvez pelo equivalente a mais de dez campeonatos de futebol.
 
Calçadão fora da lei
A Vilas Magazine continua a receber com frequência reclamações sobre o trânsito de motos e bicicletas no calçadão de Vilas do Atlântico. Os pedestres, crianças e idosos incluídos, estão em constante risco de atropelamento ali. Não é de hoje.
 
Motos não podem transitar em calçadas por força do código de trânsito, que é uma lei, não um acordo entre amigos. Já as bicicletas, reza o artigo 59, podem usar calçadas “desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via” – no caso a prefeitura de Lauro de Freitas – o que não é o caso. Há ainda, inclusive, restos de placas enferrujadas que proíbem a circulação de bicicletas.
 
Por alguma razão, boa parte dos nossos leitores encara esta revista como balcão de reclamações, acreditando que a denúncia produzirá resultados. Também não é o caso. Na verdade, acreditamos que a chance de que a legislação venha a ser respeitada ou fiscalizada é zero. Mas fica o recado.

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