A ação de quadrilhas que roubam celulares e conseguem invadir contas bancárias digitais deixou usuários em alerta e com receio de usar seus dispositivos nas ruas da cidade.
Hoje o risco representa menos a perda do aparelho em si e mais ter suas redes sociais, contas bancárias, aplicativos de compras e emails vasculhados pelos criminosos, o que pode afetar a vida pessoal e financeira das vítimas.
No mês passado, o agente de talentos Bruno de Paula, 36, viralizou no Twitter ao contar como criminosos conseguiram acessar suas contas bancárias, fazer transferências e pedir empréstimos depois de roubarem seu celular enquanto estava num táxi.
Essa prática de furto, chamada de “bote”, acontece quando os celulares são arrancados da mão da vítima, que geralmente está distraída e com o aparelho desbloqueado, facilitando o acesso aos aplicativos mais visados.
A senha de desbloqueio dos celulares (PIN, senha escrita, biometria e Face ID) é a primeira barreira de segurança que os dispositivos oferecem, e uma das mais importantes, mas as medidas de segurança não param por aí.
Especialistas em segurança digital ouvidos pela reportagem dividem as dicas entre antes e depois de um possível roubo ou furto.
O antes consiste em aumentar a proteção geral do aparelho, dificultar o acesso a aplicativos e informações sensíveis e preparar o terreno para o pior cenário; o depois consiste em reduzir os danos e evitar prejuízos maiores.
Reúna as informações completas e guarde-as em local acessível
- A primeira e principal dica para agir rapidamente é destinar tempo a aprender a fazer todos os passos sugeridos pelos especialistas, e anotar contatos, instruções e passos necessários em um local de fácil acesso.
- Por mais que as dicas e cuidados pareçam lógicos e simples, na hora do incidente será difícil lembrar de todas elas.
Aumente a proteção de seu celular
- Há diversas ferramentas para aumentar a segurança de seus dados e impedir que eles sejam usados em um eventual roubo, furto ou perda do seu celular.
- O passo a passo varia de acordo com o fabricante do aparelho, o sistema operacional e os aplicativos e sites usados, por isso vale a pena destinar um tempo para descobrir como implantar, no seu caso específico, as proteções sugeridas. Na internet é possível encontrar tutoriais específicos para iPhones e dispositivos Android.
- Não use a mesma senha para acessar contas diferentes. Crie uma para cada site e aplicativo, sem relação com informações pessoais (data de nascimento, nome da mãe) e composta de números, letras e símbolos.
- Para facilitar esse passo acima, você pode usar gerenciadores de senha, que funcionam como um “cofre de senhas” protegido por um padrão avançado de criptografia. A vantagem é que só é preciso memorizar uma senha, a do gerenciador, para encontrar todas as outras
- Existem diversos gerenciadores de senha grátis. O RememBear oferece senhas ilimitadas em apenas um tipo de dispositivo (computadores ou dispositivos móveis, como celulares ou tablets), mas é ótimo para iniciantes. O Dashlane disponibiliza de graça 50 senhas em um dispositivo. O plano gratuito do LastPass também se limita a um dispositivo, enquanto o Bitwarden oferece senhas ilimitadas em dispositivos ilimitados.
- Não deixe armazenadas no aparelho imagens de cartão de crédito, documentos, comprovantes de endereço e senhas de bancos, emails e sites
- Sempre use uma proteção para desbloquear o celular, seja por PIN (sequência numérica), senha escrita, biometria ou reconhecimento facial
- Diminua o tempo de bloqueio automático de tela. Quanto menor, maior sua segurança
- Ative a opção de inserir senha quando um APP é acessado. Assim, mesmo se o dispositivo for roubado estando desbloqueado, será possível evitar a exposição de informações sensíveis
- Ative a senha do seu chip. Se a função for ativada, será necessário digitar essa senha toda vez que o usuário ligar o telefone ou colocar o chip em outro aparelho
- Guarde aplicativos com informações sensíveis em pastas seguras ou deixe-os ocultos
- Guarde em um lugar seguro ou memorize o login e senha das contas Google (Android) e iCloud (iOS) para poder acessar os dispositivos remotamente
- Habilite um segundo fator de autenticação em todos os serviços disponíveis, mas não tenha o email de recuperação de senhas cadastrado no APP do celular
- Desative o conteúdo de notificações de SMS e email na tela de bloqueio, para que não sejam exibidas informações de recuperação de senha, tokens e códigos de validação
- Aprenda como bloquear e apagar remotamente seu aparelho. Em iPhones, isso pode ser feito no iCloud; em dispositivos Android, podem ser usados os serviços do Google
- Escolha alguém de confiança para ter acesso ao sistema de bloqueio remoto do celular para apoiá-lo em caso de roubo ou furto
- Reduza o limite individual e diário das suas transações financeiras (PIX principalmente) e siga recomendações de segurança de sua instituição financeira.
- Mantenha backups e aplicativos atualizados
Prepare-se para reagir
- Contate a operadora de celular para saber quem procurar e o que fazer para bloquear seu chip
- Anote previamente o Imei do seu celular: esse código está anotado na caixa do aparelho, mas também é possível recebê-lo digitando *#06# no teclado do telefone. O número aparecerá na tela.
- Verifique previamente em seu banco de empresa de cartão de crédito quem procurar e o que fazer se precisar bloquear o acesso a suas contas.