Se for viajar para o Irã, é melhor não fazer o sinal de positivo como aqui no Brasil. Por lá, levantar o dedão tem o mesmo significado que mostrar o dedo do meio por aqui. Na Rússia, não presenteie alguém com flores em vasos ou em números pares, pois são coisa de cemitério.
Conhecer costumes do lugar para onde se planeja viajar pode tirar o turista de situações desconfortáveis e evitar grandes micos.
Para a consultora de etiqueta e pesquisadora de cultura japonesa Lumi Toyoda, é importante estudar antes de embarcar. “Quanto mais o turista conhecer sobre a cultura para a qual está indo, melhor será a experiência.”
Na Argentina, por exemplo, os homens se cumprimentam com um beijo no rosto. “Pode ser constrangedor para um turista desavisado”, afirma Gian Carlo Perez, responsável pelo serviço de recepção da CVC no país.
Além dos costumes, é bom também ter algum conhecimento do idioma local.
A estudante Victória Almeida, 18, lembra que estava na Argentina com sua mãe quando ela resolveu pedir “la contita” no restaurante. “Então, o garçom veio explicar que ‘contita’ soa como ‘conchita’, um dos jeitos de chamar o órgão sexual feminino em espanhol”, conta.
Pesquisar sobre o destino, porém, não significa seguir normas rígidas. Turistas são identificados facilmente – e qualquer gafe costuma ser tratada com mais tolerância. “Além disso, tenho a sensação de que normas e regras que eram rígidas há algumas décadas estão se diluindo cada vez mais”, afirma Elisabetta Santoro, professora de italiano da Universidade de São Paulo. “Principalmente porque hoje temos mais contato com outras culturas e viajamos mais.”
No caso dos jovens, a etiqueta tradicional já estaria obsoleta, segundo Toyoda. “Mesmo assim, pouquíssimos casais de namorados andam abraçados hoje no Japão.”
Seguindo o ditado que diz ser melhor prevenir do que remediar, falamos com professores, consultores de etiqueta e profissionais do turismo para separar 35 dicas de 12 países que ajudam a evitar saias justas nas viagens.
Turista com noção
Posso deixar comida no prato? E mostrar a sola do sapato? Saiba como evitar gafes ao viajar por diferentes países.
No português falado em Portugal, “bicha” é fila, “cueca” é calcinha, e “rapariga” é menina. Já em espanhol, “vaso” é copo, “copa” é taça, e “taza” é xícara.
Confuso? Os “falsos amigos” (palavras que têm pronúncia igual, mas significado diferente em determinada língua) podem causar grandes confusões em viagens. Em países de idioma espanhol, a proximidade da língua pode complicar em vez de facilitar. Mas, apesar dos problemas, Gian Carlo Perez, que vive há 12 anos em Buenos Aires, diz que argentinos não costumam se ofender com as tentativas de brasileiros falar em espanhol. “Ao contrário, eles adoram tentar o ‘portunhol’ também”, conta.
Para Perez, quem visita o país vizinho não precisa se preocupar em estudar espanhol. “As gafes são perdoadas e, na volta, resultam em boas histórias de viagem”, explica ele. Para aqueles que vão à França, também não é preciso estudar muito o francês diz Silvia Helena, chefe da equipe de recepção da CVC no país e autora do site Brasileiros em Paris. “Conta mais a educação do que o conhecimento do idioma. Um ‘bonjour’ (bom-dia, em francês) sempre ajuda”, explica ela.
Em janeiro, por exemplo, uma dupla de comediantes americanos publicou em seu canal no YouTube um vídeo que satiriza o comportamento de brasileiros na Disney. O curta viralizou na internet mostrando supostas reações dos turistas do Brasil. Para não passar vergonha, mais importante que se atentar à língua é observar e ter bom senso, explica Silvia Helena. “O velho ditado que diz: ‘Em Roma, faça como os romanos’, vale para o mundo inteiro”, diz. Principalmente em ambientes mais formais. Erick Schulz, diretor do Instituto Naradeva Shala, de cultura hindu, ressalta que muitas gafes costumam ocorrer nos templos e lugares sagrados de diversas partes da Índia. No país, é preciso entrar descalço nesses locais, e não é de bom tom cumprimentar pessoas ou comer com a mão esquerda, por exemplo.
Para não pagar mico, Schulz diz ser preciso “prestar atenção em como os moradores locais fazem certas coisas e depois copiá-los.” A estudante de moda Isabel Alves segue à risca a dica e também costuma pesquisar sobre essas particularidades na internet antes de viajar. “Fico preocupada em não ofender a cultura local, principalmente em países que são muito diferentes do Brasil”, diz.