A professora de Lauro de Freitas, Noêmia Verúcia, foi uma das 16 premiadas, entre educadores e docentes, na 9ª edição do Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar, promovido pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), organização não-governamental que produz conhecimento, desenvolve e executa projetos voltados para a promoção da igualdade de raça e de gênero. Em suas aulas, a educadora desenvolve a educação antirracista.
O projeto desenvolvido por Noêmia no Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos, chamado “Berçário Reluz”, realiza diversas atividades ao longo do ano com a perspectiva de mostrar aos alunos, de 6 meses a 5 anos de idade, elementos da cultura africana e afro-brasileira. Para alcançar um público tão pequeno, são realizadas atividades que envolvem o lúdico, teatro, dança e música, a exemplo das atividades desenvolvidas em 2023, pautadas na música Cupido Erê, da cantora baiana Larissa Luz, que renderam o Prêmio Educar à Noêmia.
“Eles param, prestam atenção, veem as palavras. Depois, mostrei imagens da cantora, a Larissa Luz, e também dos pais e avós deles, sob uma perspectiva de afroancestralidade. Fiz móbiles com essas imagens e os coloquei no berçário. O interessante é ver a emoção deles ao encontrar os seus”, explica a professora.
O objetivo de todo o projeto, além de ambientar as crianças a referências positivas e felizes ligadas às suas ancestralidades, optando por trabalhar com personalidades femininas negras, é educar os pais e demais funcionários da escola. “Eu não estava trabalhando só o bebê, mas também as pessoas adultas, porque os bebês não têm preconceitos, mas o adulto, que tem muito preconceito, pode ser reprodutor desses estigmas”, afirma.
Em uma das atividades que envolveu as crianças e as famílias, a professora vestiu os bebês, de 6 meses a 1 ano de idade, com becas como advogados, psicólogos e outras profissões. A cena rendeu lindas fotos que a educadora expôs, de surpresa, em uma reunião com os pais (foto acima), com o objetivo de mostrar que seus filhos não estavam predestinados a opções limitadas. “Vesti os bebês de beca para mostrar aos pais que, apesar da violência e pobreza da região, eles podem ter um futuro de sucesso. Como são bebês negros, na sua grande maioria, estamos projetando, não só neles, mas nas famílias, uma perspectiva de que podem ser isso tudo, sim”, conta a professora.
O projeto da professora Noêmia Verúcia foi um dos destaques entre os 524 projetos que concorreram ao prêmio Educar do CEERT. A iniciativa surgiu a partir de debates promovidos pela entidade, desde 2000, em parceria com diversos atores do movimento negro e da área da educação. A primeira edição aconteceu em 2002 e tem como propósito valorizar práticas pedagógicas de professores e gestores da educação básica.
O projeto nasceu antes mesmo da implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que incluem a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena em todas as etapas de ensino e em escolas de todo o País. Depois da criação das leis, a referência a ela no projeto passou a ser um dos critérios de seleção.


