Associações de moradores defendem preservação das barracas de praia

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A Associação de Moradores de Vilas do Atlântico (AMOVA) quer propor à Justiça Federal um “modelo de gestão compartilhada da orla do loteamento” como alternativa à derrubada das barracas de praia – solicitada pelo Ministério Público Federal em outubro de 2011, logo após a desocupação de Ipitanga.

 

A ideia é entregar a gestão da orla aos próprios moradores, em relação direta com a União, sem passar pela prefeitura de Lauro de Freitas. Janaína Ribeiro, presidente da entidade, sublinha que “o foco não é defender ou não a permanência das barracas”.

 

O projeto da entidade, contudo, apesar de “pautado e alinhado aos objetivos do Projeto Federal Orla Brasil”, que manda desocupar a faixa de areia, prevê “a manutenção das barracas e equipamentos exatamente no local onde estão instaladas hoje”, com ajustes sanitários e arquitetônicos.

 

A Justiça Federal voltou ao assunto no final de março, ao realizar uma audiência de conciliação em torno da Ação Civil Pública que requer a demolição das barracas também em Lauro de Freitas. A desocupação das praias ocorre há anos, por ação do MPF e da União, em todo o litoral brasileiro.

 

Salva e Amova firmam posição pela manutenção das barracas, com foco em gestão própria

 

Na última assembleia da Sociedade de Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico (Salva), quando a presidente da AMOVA fez parte da mesa, ao lado da coordenadora-geral Verônica Tambon, ficou combinada uma ação conjunta das entidades na próxima audiência da Justiça sobre o tema, prevista para este mês.

 

“Não estamos defendendo barraca de praia, estamos defendendo um modo de vida”, disse Janaína Ribeiro na assembleia. Para a AMOVA, Vilas do Atlântico representa “um modelo de sucesso já existente há 35 anos com ocupação eficiente, pacífica, ordenada e de baixo impacto ambiental”. Ribeiro inclui os “donos dos equipamentos/ barracas” no coletivo que contribui “para o equilíbrio desse ecossistema social que é o cerne da orla de Vilas do Atlântico”.

 
Se a entidade evita fazer uma defesa direta da permanência das barracas de praia, embora as inclua no projeto de gestão própria, o prefeito Márcio Paiva (PP) declarou, também no mês passado, que é “totalmente contra” a derrubada das barracas. “Vou brigar até o último oxigênio”, afirmou durante evento. Para ele, as barracas “não descaracterizam” a praia.
 
É da prefeitura, entretanto, o projeto que propõe a retirada das barracas e a construção de um calçadão na orla de Vilas do Atlântico, revelado pela Vilas Magazine em dezembro de 2013. Pequenos quiosques no calçadão substituiriam as barracas, que há quase cinco anos o Ministério Público quer derrubar. Os 13 quiosques, com dois pontos de venda cada um, seriam implantados na faixa da orla pertencente à União, fora da areia. Para dar lugar às estruturas, em Vilas do Atlântico as residências da orla perderiam parte da área que atualmente ocupam junto ao calçadão.
 
O projeto previa ainda a construção de um gabinete da prefeitura com módulos de apoio da polícia, bombeiros e limpeza pública no terreno existente entre Vilas do Atlântico e Ipitanga e diversos equipamentos de lazer ao longo do calçadão.
 
Para Buraquinho, onde os barraqueiros também terão que desocupar a faixa de areia, já está previsto que as barracas se mudem para a praça. Para o trecho de Ipitanga que pertence a Lauro de Freitas não há projeto conhecido. Na parte da praia que pertence a Salvador as barracas foram demolidas em 2011. Há quase cinco anos a prefeitura de Lauro de Freitas propõe alternativas para a orla da cidade sem alcançar consensos.
 

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