A ética é um estilo de vida, que busca a qualidade do costume superior na conduta humana. Nesse momento em que se vive, aqueles que se identificam com esse bem, estão perplexos com as atitudes da sociedade. Essa área que se ocupa com as normas morais parece que foi abandonada.
Torna-se difícil querer identificar o segmento ético, quando a sociedade, como um todo, com raras exceções, abandonou os valores morais e espirituais e escolheu abraçar o leviano, o incorreto e o desajustado, transformando suas ações em, tão somente, “o levar vantagem em tudo”.
Sabe-se que a ética é diferente de lei, pois nenhum indivíduo pode ser preso pelo seu não cumprimento. Assim, o desmando social está muito acima do que se espera, nos segmentos públicos e privados.
Foi-se o tempo em que se acreditava que as atitudes éticas passavam de pai para filho, o que para os seres humanos representavam o modo de viver e conviver.
As ações de ética estão diretamente atreladas ao caráter e, segundo os estudiosos, esse aspecto se forma até a adolescência. Assim, vive-se em uma sociedade viciada, onde a ética e o caráter passam a não ter valor e os poucos que ainda insistem nesses sentimentos são tachados de “idiotas”, que não vivem no mundo atual.
A ética pode ser ensinada nas escolas para fornecer subsídios para construção de valores, do ponto de vista do bem e do mal. Aliás, nesse período as crianças têm tudo para absorvê-la, pois ainda não estão impregnadas com as mazelas instituídas, na maioria das famílias. Porém, os professores que transmitem esse aspecto moral se batem com as condições de impunidade, desequilíbrio e vício, que vive a sociedade.
A ética deveria ser o instrumento orientador das profissões (código de ética) médica, jornalística, empresarial, política e religiosa. Mas, o que se vê está bem aquém dessa realidade, com raras exceções. O que se destaca são atitudes pouco explicáveis e fazem parte da atuação do ser humano na sociedade, definindo seu campo para o bem ou mal. Como a ética representa um bem intangível, é pouco aceita como patrimônio.
Segundo Aristóteles (384 a 322 a.C. filósofo grego e médico, discípulo de Platão e educador de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia): “Toda a racionalidade prática visa um fim ou um bem e a ética tem como propósito estabelecer a finalidade suprema que está acima e justifica todas as outras”. Pouco aceita pelos seres humanos da atualidade.
Dos poderes organizados, em uma república, que é o caso do Brasil, a população sempre espera o máximo de ética, pois esses três componentes são constituídos de funcionários públicos. Porém, neste momento, o que se vê é a disputa de vantagens e vaidades humanas que identificam o caráter desses servidores, conforme notícias permanentes nos meios de comunicação, cada um querendo ser mais importante que o outro.
Aqueles que não pertencem à corja avassaladora da gatunagem, nem dependem do mal-uso do erário, sofrem com essa situação do Brasil e “têm vergonha de ser honestos”. Porém, para alguns, seus sentimentos humanos e pátrios superam essa sensação desalentadora.
Assim, ainda existe a ética, porém, a vaidade humana, a vontade de obter ganhos e a facilidade para a prática do mal conseguem desnudar essa conduta. O que se observa no Brasil, no que diz respeito à ética, é que todos os seres humanos “precisam ter; alguns dizem que têm; poucos levam a sério; e ninguém cumpre à risca”.
Sem dúvidas a ética promove a confiança, que pode ser praticada pela moral que se fundamenta na obediência às regras estabelecidas.
Quanto aos políticos, existe um descrédito quase que geral, alastrado para os servidores públicos, que, muitas vezes, são cumpridores de suas obrigações, até com sacrifícios.
O que se busca é uma sociedade respeitando os códigos de ética, todos saindo ganhando e que ninguém se sinta prejudicado, desde que existam relações justas. Caso contrário, a população continuará sendo punida pelo governo e, com isso, destruindo o cidadão brasileiro.
Jaime de Moura Ferreira é Administrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. jaimoufer@hotmail.com