A importância de evitar acidentes domésticos envolvendo idosos

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como evitar acidentes domesticos com pessoas idosas

Aos 86 anos, o cantor Agnaldo Rayol faleceu na madrugada de 4 de novembro, após sofrer uma queda em sua casa, em São Paulo. Em 19 de outubro, o presidente Lula sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência, e precisou levar cinco pontos na cabeça. Ambos os acontecimentos reforçam a necessidade da prevenção a acidentes domésticos com idosos.

De acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o cenário de quedas entre idosos se mostra preocupante. Até julho de 2024, um total de 5.277 pessoas com 60 anos ou mais foram internadas em decorrência de quedas no estado. Este dado ressalta a vulnerabilidade desta faixa etária a acidentes domésticos e suas consequências graves. Complementando essa estatística, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também registrou um número expressivo de ocorrências: 3.172 atendimentos a idosos apenas neste ano.

“Para evitar acidentes domésticos, é fundamental adaptar o ambiente conforme as necessidades específicas de cada idoso, com o objetivo de proporcionar mais segurança e autonomia. Barras de apoio em locais como banheiros, corredores e áreas de maior circulação ajudam muito, assim como garantir uma iluminação adequada em todos os cômodos. São medidas que podem realmente fazer a diferença no dia a dia. Reorganizar os móveis e remover objetos soltos, como tapetes ou fios, também é importante, bem como evitar obstáculos que possam dificultar a mobilidade e aumentar o risco de quedas’’, conta a terapeuta ocupacional Luciana Ferreira.

Além das adaptações, outras medidas são essenciais, como maneiras de aumentar a resistência física dos idosos. A fisioterapeuta Dulcilene Fernandes destaca a importância da prática regular de exercícios. “É primordial inserir na vida dos idosos a prática regular de atividades físicas, com objetivo de obter fortalecimento muscular e ganho de equilíbrio, o que, além de prevenir quedas e acidentes, proporciona segurança e bem-estar ao realizar as suas atividades de vida diária. Esses exercícios devem ser realizados de maneira orientada, respeitando as limitações e necessidades individuais de cada pessoa, para garantir que realmente tragam benefícios’’.

Simultaneamente, algumas doenças crônicas podem propiciar a ocorrência de quedas, como depressão, diabetes, hipertensão arterial, artrite, Parkinson, Alzheimer e AVC. “É imprescindível que o idoso tenha acompanhamento médico regular e siga as orientações dadas pelo especialista e pela equipe multiprofissional”, informa a geriatra Isabella D’amico.

Além dessas precauções, é essencial incentivar a independência do idoso. Isso pode ser feito promovendo atividades que estimulem sua autonomia por meio da realização de tarefas cotidianas, como preparar refeições leves ou cuidar de plantas. Essas ações não apenas ajudam a manter as habilidades motoras e cognitivas, mas também reforçam a autoestima e a sensação de controle sobre suas vidas.

A família também desempenha um papel importantíssimo nesse processo. Deve oferecer suporte e disponibilidade para ajudar quando necessário, assegurando que o idoso possa tomar decisões e realizar atividades de forma autônoma. Esse equilíbrio entre assistência e autonomia é fundamental para que os idosos se sintam valorizados e respeitados, o que reflete diretamente em sua qualidade de vida. 

Crescimento da população idosa impõe desafios ao sistema de saúde

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, em 2070, os idosos deverão representar quase 38% da população do Brasil, tornando-se o maior grupo etário do país, com uma média de 4 para cada 10 brasileiros. A expectativa é que o número de pessoas idosas passe dos atuais 33 milhões em 2023 para 75,3 milhões em 2070. O resultado apresenta desafios expressivos para as políticas públicas, principalmente na área da saúde.

Estudos do governo federal indicam que o envelhecimento populacional terá um impacto significativo nos gastos públicos com saúde, que devem aumentar em R$ 67,2 bilhões entre 2024 e 2034. Este montante inclui despesas com assistência farmacêutica e atendimento hospitalar, à medida que a população idosa demanda proporcionalmente mais cuidados médicos.

Dados do DRG Brasil (Grupo de Diagnósticos Relacionados, em português, é um sistema de classificação de pacientes internados em hospitais em grupos homogêneos de acordo com a complexidade assistencial. Um DRG é uma combinação de condição clínica que determinou a internação), que analisaram 1.587.542 altas hospitalares em 2023, mostram que os idosos tendem a necessitar de internações mais longas. Pacientes com 80 anos ou mais permanecem, em média, 7,4 dias internados, em comparação com a média de 2,9 dias para pacientes de 20 a 29 anos. Em termos práticos, os idosos utilizam 2,55 vezes mais dias de leito hospitalar por internação.

Além disso, o aumento da demanda por cuidados de saúde deve impulsionar outros custos, como o uso de múltiplos medicamentos (polifarmácia) e a necessidade de cuidados domiciliares e de longa duração.

“O envelhecimento está diretamente relacionado ao aumento da prevalência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Esses problemas de saúde requerem cuidados contínuos, o que eleva a demanda por serviços médicos, medicamentos e tratamentos”, explica Marcelo Carnielo, especialista em gestão de custos hospitalares e diretor de Serviços da Planisa, empresa de serviços de gestão de custos para a área de saúde, que opera no Brasil, África e América do Sul.

Diante desse cenário, o país precisa adaptar suas unidades de saúde para atender às necessidades específicas dos idosos, o que inclui a capacitação de profissionais, adaptações de infraestrutura e o investimento em tecnologias assistivas, telemedicina e inovações nos cuidados de saúde.

“O envelhecimento da população também afeta outras áreas, como as despesas com aposentadorias e pensões, o que pode causar desequilíbrios fiscais, caso não haja uma reforma previdenciária adequada. Além disso, a diminuição da população economicamente ativa pode impactar negativamente a produtividade e o crescimento econômico”, ressalta o profissional.

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