A Praia de Guarajauba

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Encantamento, deslumbramento, êxtase. É uma quimera imaginar quais palavras conseguem traduzir os sentimentos de quem chega à praia de Guarajuba. Seria ela o Éden descrito no Genesis?

O alvorecer é uma pintura com as cores do paraíso. O sol, como uma celestial bola de fogo, desponta no mar circundado por cálidas ondas e amena brisa da aurora. Os coqueiros emolduram a orla e com suas folhas verde infinito criam uma perfeita moldura com o azul do mar e a branca areia da praia.

A sinfonia matinal dos pássaros de todas as matizes e espécies, tendo a natureza como regente, oferece um espetáculo cênico e musical, saudando com seus cantos o novo dia. Na enseada, barcos de pescadores que ainda não partiram para o mar balançam ao sabor do ritmo da maré. Os poucos caminhantes na passarela ou na praia têm o olhar fixo no horizonte onde o sol emerge das águas e saboreiam com o olfato a doce brisa marinha.

Começam a chegar os primeiros banhistas. São os alpinistas das ondas que com suas pranchas cavalgam o mar. Como em um rodeio, alguns são expelidos e jogados na areia. Não desistem e voltam a desafiar Poseidon por toda manhã.

Em sucessão, saem os surfistas e entram os banhistas com seus multicoloridos trajes de banho. No horizonte vislumbra-se navios de carga e de cruzeiros em ancestral rota marítima.

A praia possui uma extensão de 5km e largura média de 400 metros, limitando-se com a Área de Proteção Ambiental Lagoas de Guarajuba, um santuário ecológico do qual Guarajuba é quase extensão. De um lado, o mar, e do outro, a lagoa e reserva natural, formando formidável conjunto. A vegetação na lagoa e entorno é nativa. Do lado do mar, após a área de domínio da marinha, há um extenso bosque de coqueiros que antecede as residências, criando uma proteção visual e ecológica. A fauna é variada com infinidade de tipos de pássaros (Guarajuba significa garça dourada, em tupi-guarani) e pequenos animais, os engraçados micos e os não tanto, sariguês, ambos atrevidos invasores dos jardins residenciais.

A passarela frente ao mar com ciclovia e pistas para caminhantes e corredores, tem frequência quase religiosa pela manhã e à tarde.

Há uma época do ano em que acontecem revoadas de borboletas amarelas e outras matizes em frente às casas de praia. Um espetáculo inesquecível. Nunca entendi a razão de voarem sempre no sentido NE-SE. Seria porque é a favor dos ventos?

O por do sol é um espetáculo tão belo quanto o amanhecer. Os pássaros se despedem do dia com variada melodia e os periquitos, em revoada, tagarelando entre si, se aninham no topo dos coqueiros. O sol, com uma réstia dourada ilumina a orla e os barcos ancorados, em uma paisagem dourada que faz os mais empedernidos celebrarem o esplendor da natureza e a magia da vida. Não sou religioso no sentido de ter religião, mas sempre que vejo um pôr do sol sinto que o mundo deveria saudá-lo ouvindo a Ave Maria de Gounod.

É com alegria no coração que todo o fim de semana vou a Guarajuba com a esposa e as fiéis pets e o encantamento sempre se renova. Mesmo com chuva.

Que esse paraíso permaneça assim para todo o sempre.

Foto: José Carlos Almeida, ASCOM Camaçari


Cicero Sena é advogado, empresário e escritor, membro da academia de letras de porto seguro.

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