No embalo do crescimento do segmento de pets, o mercado de animais de estimação também vem registrando forte demanda, ano a ano no Brasil. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), informa que, durante a pandemia, apenas o setor pet deve ter faturar cerca de R$ 22,3 bilhões. Uma espécie em particular, vem fazendo sucesso de vendas durante o período de pandemia: as aves domésticas!
Diferentemente dos cachorros e gatos, que possuem uma certa independência, as aves são sempre criadas em cativeiro e necessitam do auxílio constante dos donos para sua sobrevivência e bem estar.
A tratadora de animais silvestres, Priscila Amorim, alerta sobre um cuidado especial que os donos de aves devem ter: “A gaiola é extremamente prejudicial para algumas aves, que precisam de espaço maior para desenvolver a musculatura e não ficar com as asas atrofiadas.’’
Priscila também comenta sobre como o animal se sente ao ser criado em cativeiro, como isso afeta sua saúde e se o animal se sente “mal” por perceber outros pássaros livres: “A ave criada desde o nascimento em cativeiro é tão saudável quanto a ave criada solta na natureza, desde que o dono ofereça as condições e ambiente necessário. A ave não tem consciência de estar presa e a outra ave solta. É como se na cabeça dela, estivessem apenas em ambientes diferentes. É completamente diferente de prender em uma gaiola, um animal adulto, solto na natureza. Esse animal jamais vai se adaptar preso. Ou ele vai fugir na primeira oportunidade que tiver, ou muitas vezes eles morrem. Ficam dando cabeçadas na gaiola para tentar escapar. É muito triste.’’
Vale ressaltar que é legal criar qualquer ave doméstica em domicílio, mas algumas aves silvestres e exóticas, precisam de autorização especial do IBAMA.
A veterinária Bruna Maia alerta sobre a maneira legal de adquirir uma ave doméstica: “Antes de tudo, precisamos ter certeza da origem do animal, se vem de um criadouro licenciado pelo IBAMA, com todas as certificações e se pode ser criado como animal doméstico, para que não se contribua com o tráfico de animais silvestres. As aves não podem ser tiradas diretamente da natureza para serem criadas em cativeiro.”
O estudante Murilo Brunelli, 25, cria em sua residência um papagaio indiano, Psittacula eupatria (espécie de ave da família Psittaculidae e do gênero Psittacula, também conhecido popularmente como grande-alexandre ou papagaio-alexandrino). O animal é uma das poucas aves domésticas que necessitam de um certificado especial do IBAMA. Ele adquiriu o animal um pouco antes do início da pandemia e esperou bastante pela sua chegada: ‘’Comprei logo após a chocagem do ovo no Criadouro Montovani, em Minas Gerais. Por morar na Bahia, esperei 65 dias após o nascimento da ave para que pudesse ser feito o envio aéreo”, uma espera válida para que o animal chegue com força suficiente para se alimentar sozinho, e com a saúde intacta.
Essas aves possuem anilhas fechadas em uma das patas com números que identificam desde o ano de nascimento, ao criadouro onde nasceu. Estas anilhas são colocadas com poucos dias de vida, para identificá-los até à vida adulta.
O estudante conta como foi a escolha da ave e como é a rotina de cuidados com ela: “Escolhi essa espécie por ser uma ave dócil e sociável. Eles são extremamente inteligentes e conseguem imitar a voz humana. Ele vive num viveiro de 5m². Procuro alimentá-lo com rações extrusadas, frutas e legumes para complementar. Guilherme (nome batizado) é uma ave extremamente mansa. Nem sempre é assim nessa espécie, eu dei muita sorte”.
Murilo também comenta sobre como o animal ocupa seu tempo nesse período difícil: “Brinco com as pessoas dizendo que ele cuida mais de mim, do que eu dele. Nesse período de distanciamento social, é maravilhoso tê-lo ao meu lado. Ele me tem como melhor amigo, mas se relaciona bem com todos de casa”, finaliza.