Criança toma a vacina, que é apenas uma gotinha também na campanha nacional deste mês
Os membros do Rotary Club Lauro de Freitas vão fornecer transporte às equipes da Secretaria Municipal de Saúde durante a campanha de vacinação contra a poliomielite e o sarampo, que acontece entre 6 e 31 de agosto. O trabalho voluntário da instituição insere-se na campanha mundial pela erradicação da poliomielite que o Rotary International realiza desde os anos 80. Desde o lançamento da campanha Pólio Plus, houve uma queda de 99% no número de casos da doença em todo o mundo, sendo que o vírus só continua endêmico em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão.
A Governadora do Distrito 4550 do Rotary, Anaci Paim, que lidera mais mil membros em 34 cidades e 52 clubes, adiantou que a ideia é “adotar um posto de saúde para dinamizar a divulgação”, em articulação com as secretarias municipais de saúde. “Queremos envolver toda a comunidade rotariana”, disse.
Os rotarianos vão apostar em faixas com a mensagem “quem ama vacina” e em visitas a residências na área do posto adotado para conscientizar. Pode haver também carros de som, carreatas e caminhadas destinadas a conscientizar a população para a necessidade de vacinar. Nas creches e pré-escolas, a proposta é que o tema seja discutido para eliminar os preconceitos e mitos contra a vacina. Com uma atuação voltada para melhorar as condições de vida, com viés humanitário, o Rotary trata o combate à poliomielite com prioridade. “Já trabalhamos tanto para erradicar a doença, não podemos agora deixar que a doença volte”, conclui Anaci Paim.
ESTRUTURA PÚBLICA
Em Lauro de Freitas estarão em ação as 38 equipes de Saúde da Família que habitualmente fazem o atendimento de saúde básica no município, mas havia a intenção de adicionar mais quatro para cobrir outras áreas da cidade. Durante a campanha de vacinação contra o vírus da gripe H1N1, no primeiro semestre, as equipes conseguiram cumprir a meta.
A vacina contra o sarampo será a tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola. Já contra a poliomielite, ou paralisia infantil, será administrada a vacina oral, em gota. A campanha visa imunizar as crianças que ainda não tomaram a dose ou não obtiveram resposta imunológica satisfatória à vacinação, mantendo assim elevada a cobertura vacinal, para redução dos riscos de reintrodução destas enfermidades no país.
Até o fechamento desta edição (12 h de 27/7)não havia ainda um planejamento final sobre os locais em que a vacina será disponibilizada durante a campanha. Pelo menos os cinco distritos sanitários de Lauro de Freitas com 42 creches e escolas estarão incluídos.
Regina Coeli, diretora de Vigilância em Saúde do município, destaca que a preocupação é imunizar efetivamente todas as crianças de 1 a 4 anos, inclusive nas escolas particulares e nas áreas que ainda não são atendidas pelas equipes regulares.
A principal dificuldade das autoridades de saúde, além do transporte das equipes, é convencer as famílias da necessidade de vacinar as crianças – o que depende da autorização dos pais, mesmo quando elas frequentam uma creche. Em outros casos, é necessário ir até as residências aplicar as vacinas.
Além do atendimento vacinal de rotina, as equipes de Saúde da Família a cada mês focam uma doença para trabalhar mais intensamente. Em julho foi a vez do combate aos vírus da hepatite. Também nacionalmente, a preocupação em agosto é recuperar a taxa de cobertura vacinal contra a poliomielite.
VOLUNTARIADO: Membros do Rotary Club Lauro de Freitas em reunião com Regina Coeli (dir.) e equipe da secretaria municipal de Saúde.
Lauro de Freitas não faz parte da lista de risco, nem qualquer cidade da Região Metropolitana de Salvador, mas há 312 municípios em todo o país com risco de surto de poliomielite, com destaque para a Bahia. No estado, 63 municípios imunizaram menos de 50% das crianças – de acordo com dados do Ministério da Saúde. A ameaça, segundo o ministério, existe em todas as cidades com coberturas vacinais abaixo de 95%, mas está mais crítica nessas localidades. Até o fechamento desta edição (27/7), a prefeitura de Lauro de Freitas não havia informado taxa de cobertura vacinal do município.
A lista dos municípios em risco foi divulgada pela coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, durante reunião no final de junho. Há 28 anos o Brasil não registra casos da doença, mas o risco de retorno da doença é grande por causa da resistência de pais e mães em vacinarem os filhos. “Temos que ter em mente que a vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite e de outras doenças que não circulam mais no país”, disse Domingues. “Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas, conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual” – que acontece este mês. “É uma questão de responsabilidade social”, concluiu.
Nos estados que estão abaixo da meta de vacinação, o Ministério da Saúde tem orientado gestores locais a organizar suas redes, inclusive com a possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população. Com essa preocupação, o atendimento em Lauro de Freitas não será interrompido durante o horário de almoço. Mas quem não puder levar as crianças para vacinar de segunda a sexta-feira terá que aguardar pelo dia D, sábado, dia 18 de agosto.
Os pais e outros responsáveis pelas crianças têm a obrigação de atualizar as cadernetas de vacinação, em especial dos menores de cinco anos, conforme esquema de vacinação de rotina. “As vacinas ofertadas pelo SUS estão disponíveis durante todo o ano, exceto a da gripe que faz parte de uma campanha e exige um período específico de proteção, que é antes do inverno”, enfatiza Carla Domingues.
Outra orientação é o reforço das parcerias com as creches e escolas, ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo familiar. Outro alerta constante é para que estados e municípios mantenham os sistemas de informação devidamente atualizados. Na Bahia, as parcerias vão contar com mais uma instituição, o Distrito 4550 do Rotary International, que tradicionalmente se mobiliza para o combate à poliomielite.
INFORMAÇÃO
Para muitos especialistas, a baixa cobertura vacinal para a poliomielite vem da certeza de que a doença está erradicada. De fato, o Brasil está livre da poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem.
Mas por isso mesmo é fundamental a manutenção das elevadas coberturas vacinais, acima de 95%. Embora o Brasil esteja livre da paralisia infantil desde 1990 é fundamental a continuidade da vacinação para evitar a reintrodução do vírus da poliomielite no país – e é esse o ponto fundamental que toda comunicação do assunto deve enfatizar.
No início do século vinte, as doenças imunopreveníveis, como poliomielite e varíola, eram endêmicas no Brasil, causando elevado número de casos e mortes em todo o país. As ações de imunização e, especialmente os 44 anos de existência do Programa Nacional de Imunizações (PNI), foram responsáveis por mudar o perfil epidemiológico destas doenças no Brasil. Isso foi uma importante conquista da sociedade brasileira, ao demonstrar sua eficiência erradicando a febre amarela urbana, a varíola, bem como a eliminação da poliomielite, da rubéola, da síndrome da rubéola congênita e do sarampo. Além disso, reduziu drasticamente a circulação de agentes patógenos, responsáveis por doenças comoa difteria, o tétano e a coqueluche.
SOBRE A PÓLIO
A poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se e sua evolução, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez muscular, com sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido.
A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.
Causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, a poliomelite geralmente atinge crianças com menos de quatro anos, mas também pode contaminar adultos. A maior parte das infecções apresenta poucos sintomas e há semelhanças com as infecções respiratórias com febre e dor de garganta, além das gastrointestinais, náusea, vômito e prisão de ventre.
Cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte.
TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO
A poliomielite não tem tratamento específico. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa para outra por meio de saliva e fezes, assim como água e alimentos contaminados. No entanto, a doença deve ser prevenida por meio da vacinação. A vacina é rotineiramente aplicada nos postos da rede pública de saúde.
A vacina contra a poliomielite oral trivalente deve ser administrada aos 2, 4 e 6 meses de vida. O primeiro reforço é feito aos 15 meses e o outro entre 4 e 6 anos de idade. Também é necessário vacinar-se em todas as campanhas.