CACHAÇA: Passarinhos não bebem, mas as mulheres, SIM!

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aumenta o consumo de cachaca entre as mulheres

“Se você acha que cachaça não é para mulher, é porque não entende nem de cachaça, nem de mulher”

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Um ditado popular nunca foi tão assertivo como esse. Há anos que o protagonismo feminino vem crescendo, quer seja na produção ou no consumo da brasileiríssima ‘caninha’.

A representante comercial Tatiane Carvalho, por exemplo, é uma apaixonada pela cachaça. Além de apreciar, ela faz questão de estudar sobre a bebida. “Tive a sorte de conhecer um sommelier que me ensinou como degustar. Sim, a cachaça é uma bebida forte, mas quando degustada corretamente, você sente todos os crescentes de sabor em diferentes regiões da boca. Por exemplo, para o meu paladar, me agrada muito a cachaça envelhecida no barril de amburana”.

Apesar de cachaças mineiras roubarem a cena, por anos e anos de tradição, dentre as favoritas de Tatiane estão algumas cachaças produzidas aqui mesmo no Litoral Norte. Em sua casa, ela mantém cheio um barril de 8 litros, que é compartilhado nas reuniões com suas amigas. “A cachaça é sim uma bebida para mulheres e minhas amigas sabem da minha paixão, sou cachaceira, inclusive algumas delas começaram a degustar influenciadas por mim. Acho que é uma bebida muito versátil, que pode ser consumida pura ou em drinks. Branca ou envelhecida, a cachaça é perfeita”.

Para Quelcarini Ribeiro, a cachaça desperta um lado afetivo. Moradora de Lauro de Freitas, mas mineira de nascimento, a primeira dose de cachaça ela experimentou com seu pai. “Meu pai sempre tomava uma dose, tipo aperitivo, e depois que completei 18 anos, ele me deu uma para experimentar. Apesar de não sermos produtores, em Minas existe a tradição das cachaças. Então fomos no alambique, conhecemos a produção da Germana, que é super tradicional, e esse universo todo é um encanto”.

Como na casa de todo bom mineiro, com Quelcarini não seria diferente. Na última vez que seu pai veio lhe visitar, trouxe uma boa cachaça mineira, que já está no barril. “Essa vamos degustar em casa, eu e minhas irmãs, antes do churrasco em família”.

E que tal conhecer o país através da cachaça? Experimentando os sabores de diferentes alambiques, a arquiteta Thiale Oliveira consegue perceber as diferentes nuances e eleger as suas favoritas. Neste quesito, apesar de todo encanto das cachaças mineiras, a produção da Chapada Diamantina roubou seu coração.

“Em casa, meu padrasto tem um alambique, então sempre falamos sobre o assunto e trocamos experiências. Quando estive na Chapada Diamantina, conheci a fazenda e um pouco mais do processo de produção, o que foi uma experiência maravilhosa. Mas de uma forma geral, em minhas viagens, gosto de experimentar novos sabores e tenho quase que uma obrigação de trazer uma garrafinha como lembrança”.

Por trás dos alambiques

Segundo dados do Anuário da Cachaça 2021, divulgado em outubro de 2022 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), existem 130 cachaçarias registradas no Nordeste, o que representa 13,9% da produção nacional.

Apesar do anuário não apresentar dados quanto ao número de mulheres produzindo cachaça, a presença e o diferencial que elas trazem para o segmento é inquestionável. Tão certo, que o 5º Ranking da Cúpula da Cachaça, o maior concurso de cachaça do mundo, realizado entre outubro de 2021 e março de 2022, trouxe entre as primeiras colocações cachaças brasileiras produzidas por mulheres.

Na categoria Prata, que avalia as cachaças brancas sem passagem por barricas de madeira, quatro das primeiras colocadas são produzidas por mulheres: Da Quinta, Pindorama, Tiê e Bem Me Quer.

Para Adeylza Matos, empresária baiana com alambique em Paramirim, a sensibilidade feminina está, inclusive, transformando o sabor da cachaça. No ramo há 21 anos, seu interesse pela bebida surgiu através do amor. “A relação com a cachaça na verdade começa com meu sogro, que trabalhava fabricando panelas de alambique. Edvaldo, meu esposo, que trabalhava com o pai, começou a fabricar sua própria cachaça. Então quando nos conhecemos em Paramirim, nosso namoro acontecia no alambique. Enquanto ele ia moer, eu ajudava”. E assim ela foi se apaixonando. Pelos dois!

Adeylza chama a atenção para a presença feminina cada vez mais intensa na relação com a cachaça, seja na produção ou no consumo, e principalmente nas confrarias, de modo que qualquer resquício de preconceito, além do estigma de que cachaça é um produto masculino, estão sendo derrubados por terra.

“Nossos clientes falam sempre sobre as mudanças do nosso produto, desde quando meu esposo começou a produzir sozinho, para hoje, com um toque feminino. Acredito que tem haver com a nossa sensibilidade para sentir aromas e sabores, tanto que meu esposo e eu tomamos o mesmo curso, para desenvolvimento de um novo produto, um blend, e a versão final que foi escolhida é a que recebeu um toque meu”, contou.

mulheres ocupam lugar de destaque na producao de cachaca

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