
O rio Ipitanga no trecho da chamada avenida beira-rio, no Centro: ALAGAMENTO HABITUAL. FOTO: Edgard Copque
Lauro de Freitas encontra-se em Situação de Emergência até o início de agosto devido aos estragos provocados pelas chuvas de maio na cidade. Dados da Defesa Civil indicam que choveu 206 milímetros em 72 horas, concentrados principalmente na madrugada do dia 11 de maio. Em Portão, o bairro mais atingido, teria chovido 127 milímetros em seis horas, entre o final da noite do dia 10 e a madrugada do dia 11.
A Defesa Civil calculava em mais de 370 o número de pessoas desalojadas, que abrigadas em escolas e igrejas. Cinco árvores caíram e interditaram vias importantes, como as avenidas Gerino de Souza Filho e Luiz Tarquínio. Houve queda de muros, deslizamento de terra, alagamentos de vias e destelhamento de casas. Mais de 250 chamadas congestionaram os telefones da Defesa Civil. O órgão tem o apoio das centrais de videomonitoramento e do Centro Integrado de Mobilidade Urbana, que identificam alagamentos e situações de risco.
O transbordamento dos rios foi a principal causa da inundação das casas porque, além da concentração de chuva em um curto período de tempo, o temporal coincidiu com a maré alta, impedindo o escoamento da água. “A cidade está ao nível do mar, quando chove e a maré represa as águas, os rios transbordam e geram todo esse transtorno para as populações próximas”, voltou a explicar a prefeita Moema Gramacho (PT).
Em Vilas do Atlântico, as obras de macrodrenagem executadas pela prefeitura na avenida Praia de Copacabana anos atrás voltaram a provar seu acerto. O rio Sapato, encheu, mas não invadiu residências como acontecia antigamente, apesar de continuar sujo, com baronesas cobrindo todo o espelho d’água em alguns trechos.
Já em Portão, 300 pessoas foram retiradas de suas casas às margens do córrego dos Irmãos e abrigadas na Escola de Cadetes Mirins. Colchões, lençóis, água e alimentos foram distribuídos aos abrigados. Parte deles foram cadastrados no programa bolsa-aluguel, que já tem mais de mil famílias. “São pessoas que moravam em áreas de risco e foram retiradas nos últimos meses”, explicou a prefeita, lembrando que isso evitou um número maior de desalojados.
Como é habitual em tempo de chuvas intensas, na avenida Santos Dumont, a Estrada do Coco, a segunda ponte sobre o rio Ipitanga ficou coberta pela água, impedindo o trânsito. Na Lagoa da Base várias ruas e casas foram inundadas. No local, a Secretaria de Infraestrutura, utilizou bombas de sucção e um caminhão de hidrojateamento para desentupir bueiros, além de abrir valas para o escoamento das águas.
Itinga e Caji também foram afetados com queda de árvores e de muros, e alagamento de vias. Nestes bairros a Defesa Civil distribuiu lonas para cobertura das áreas de risco. No bairro do Caji e no Centro o Corpo de Bombeiros fez o resgate de famílias ilhadas. Muitos moradores preferiram continuar no imóvel, mesmo com o alerta de risco.
Intervenções no canal dos Irmãos, que provoca os alagamentos na avenida Luís Tarquínio e o alargamento do canal do Horto, em Portão, embora tenham reduzido os efeitos em relação a anos anteriores, não foram suficientes para evitar novos danos. A prefeitura mantém ações de desobstrução de rios, córregos e bueiros, mas o excesso de água não tem para onde escoar.
Pelo menos ao longo do rio Ipitanga os alagamentos poderão ser minimizados no futuro, quando os piscinões de contenção de enchentes estiverem concluídos. O chamado “projeto de macrodrenagem” do rio, executado pelo Governo do Estado, prevê a construção de grandes reservatórios em Salvador e Lauro de Freitas, para receber o excesso de água em época de chuva.