Esperanças novas

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Jamais testemunhei um ano novo mais ansiosamente aguardado que este. 2020 foi muito cruel com a humanidade. Muitas mortes, negócios quebrados, desemprego violento. Por todo lado sofrimento. O comércio sofreu muito.

Agora esperamos que tudo volte ao normal, como num passe de mágica? Não é bem assim.

A mudança de ano não é milagrosa, mas uma continuidade do que há de bom e do que há de ruim. Tudo depende da nossa atitude diante da vida e do trabalho.

Aliás, o ano de 2020 não acabou tão ruim assim. A exportação, por exemplo, cresceu, gerando uma balança de pagamentos positiva, como nunca se viu desde 2003. Passamos a ser o segundo maior exportador mundial de alimentos. Graças ao agronegócio (soja, sucos, carnes, etc.) e à mineração estamos muito bem. Seremos certamente um dos primeiros países a sair da crise.

O varejo, que precisou se reinventar desde a chegada do Covid-19 no Brasil, comemora agora um aumento progressivo de vendas, ultrapassando, segundo o IBGE, o nível prépandemia. E os líderes do setor acreditam que o comércio continuará em alta nos próximos meses.

Essa previsão foi dada em live promovida pela Bússola, para debater a retomada do varejo e os desafios para o setor seguir crescendo. Participaram do webinar Stephane Engelhard, VP de Relações Institucionais do grupo Carrefour Brasil; Fábio Faccio, CEO das Lojas Renner; Daniel Pagano, diretor de Produtos, Marketing e Operações da Livelo e Marcelo Miranda, VP Comercial e de Marketing da Iguatemi Shopping Centers.

O comércio de alimentos cresceu em até 300%, em alguns casos, graças aos aumentos de preços levados por custos mais altos de importação, aumento de exportações (e um pouco de ganância), etc. O fato de estarem fechados os shoppings, fizeram dos supermercados o único lugar para passear e sair da prisão domiciliar, contribuindo para o aumento de suas vendas.

Já as atividades que não se enquadravam entre as essenciais, passaram a inovar, criando novas modalidades de negócios e acelerando a transformação digital. Houve uma mudança radical nos hábitos de consumo que, entre outras coisas, aumentou de maneira expressiva as compras on-line.

Assim, os volumes de venda vêm avançando até um pouco mais que o previsto inicialmente.

Ora, sabemos que o futuro do varejo está ligado diretamente às iniciativas que facilitam a vida do consumidor. E, no processo de digitalização, as empresas fizeram, em cinco meses, o que levariam cinco anos para fazer.

A expansão do e-commerce, fundamental para a sobrevivência dos negócios na quarentena, foi uma das mudanças que vieram para ficar. O delivery cresceu, em três meses o equivalente a três anos e agora responde por 7,7% das vendas de alimentos.

Alguns hábitos assim foram criados, mas continuarão sem ser regra geral. O comportamento do consumidor (do nosso consumidor) não mudou muito, porém. Pouca gente está aprendendo com a pandemia. Irão comprar menos e escolher mais, apenas por falta de dinheiro. Quando os empregos voltarem a aparecer as coisas irão voltando ao normal.

Por tudo isso, esse novo ano que se inicia deve aumentar a motivação do empresário. Ao que tudo indica, essa terá sido apenas mais uma entre tantas grandes crises que passamos e das quais saímos mais fortes e criativos.

Portanto, foco nos negócios, fé na vida e muito trabalho. A vida segue.

Raymundo Dantas é escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. raymundo_dantas@uol.com.br

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