Passeios ciclísticos, combinação perfeita de atividade ao ar livre e apreciação das belezas naturais, têm sido uma das modalidades favoritas quando se pretende celebrar marcos importantes e datas comemorativas em Salvador e cidades da Região Metropolitana. Em evidente crescimento no número de praticantes há pelo menos dois anos, os entusiastas do esporte comemoraram o momento, mas reforçam que ainda é necessário investimento público no setor.
Das datas comemorativas de abril, um passeio ciclístico marcou, no dia 10, as celebrações dos 176 anos de Emancipação Política de Mata de São João. Centenas de esportistas de todas as idades saíram do Parque da Cidade, foram até a Praça Amado Bahia e retornaram ao local de origem, onde aconteceram sorteios de duas bikes e acessórios.
No mesmo dia, nas ruas de Salvador, cerca de mil ciclistas participaram do 1º Pedala com a Gente, passeio ciclístico promovido pela Superintendência de Trânsito de Salvador – Transalvador, com objetivo de celebrar o Dia Internacional do Ciclista, comemorado em 15 de abril. Um público de diversas idades percorreu aproximadamente 13 quilômetros, e além de aproveitarem a paisagem da orla ainda ganharam brindes para incentivo da prática esportiva.
Nos pedais há 30 anos, Carcará Jr, um dos organizadores do Carcará Bike Clube, grupo que trouxe o movimento de ciclismo para as ruas de lauro de Freitas há cerca de dois anos, reunindo atualmente mais de 300 integrantes, frisa que essas atividades, promovidas em parcerias com gestores e órgãos públicos, são fundamentais para o fortalecimento do esporte e não deixam de se configurar como forma de incentivo.
“Esses movimentos são extremamente positivos, mas o poder público deve se envolver mais. Atualmente, a maioria ou quase todas as comemorações são organizadas e postas em práticas pelos próprios ciclistas. Na Semana Municipal do Ciclismo, criamos o Pedalauro e fizemos um passeio por Lauro de Freitas, com aproximadamente mil ciclistas, movimento disposto apenas por ciclistas, organizado pelo grupo Carcará Bike com apoio de outros grupos, como Tony Bike. Temos também a comemoração pelo Dia Internacional das Mulheres, passeio organizado e puxado só por mulheres, as carcaretes; pedal contra a discriminação racial, pedal da queima de Judas, pedal dos CarcaZin, em comemoração ao Dia das Crianças, entre outros”.
Mais ciclovias e ciclofaixas
Outro entusiasta do ciclismo é Rafael Bispo Ferreira, que há três anos coordena as atividades do grupo Bike Paz Salvador. Ele lembra que o movimento ciclístico em Salvador iniciou há cerca de 17 anos com o passeio mensal realizado todo primeiro domingo do mês, promovido pela Associação dos Bicicleteiros do Estado da Bahia – ASBEB. “O movimento foi crescendo ano após ano, originando vários grupos ciclísticos em Salvador, incentivando passeios, cicloturismo, cicloativismo, engrenados em ações sociais. Hoje temos maior visibilidade, o apoio dos órgãos públicos, foram criadas novas ciclovias e ciclofaixas, o que vem tornando o acesso dos ciclistas mais seguro”.
A cidade de Salvador, tem sido uma referência quando o assunto é investimento em mobilidade. A capital conta atualmente com cerca de 310 quilômetros de rede cicloviária. Dentre as políticas voltadas para o desenvolvimento do setor estão os investimentos da Transalvador em conceitos de engenharia de tráfego que favorecem a humanização no trânsito e o Plano para Ciclovias, liderado pela Secretaria de Mobilidade (Semob).
Em lauro de Freitas, apesar da aprovação de duas leis em 2020 – uma que institui a Semana Municipal do Ciclista, celebrada em agosto, e outra que define o uso de 5% das multas de trânsito para a sinalização voltada aos ciclistas no município –, a cidade segue com aproximadamente um quilômetro de ciclovia, localizado próximo à Praça das Corujas, no loteamento Miragem, equipamento voltado para o entretenimento e, segundo moradores do bairro, precisando de reforma.
Outro pequeno trecho de ciclovia foi entregue junto às obras de macrodrenagem dos rios Ipitanga e Joanes e a mais recente conquista foi uma passarela alternativa, ao lado da ponte do Rio Joanes, no sentido lauro de Freitas, realizada após solicitação de ciclistas à concessionária que cuida de parte da BA 099. “A bike precisa ser vista não apenas como esporte, mas também como forma de transformação e inclusão social, alertando para nossa responsabilidade como ciclista/cidadão, usando esse movimento para lutarmos por melhorias comuns para ciclistas e pedestres, e a passarela na ponte do Rio Joanes é um exemplo disso”, completa Carcará Jr.
Oportunidade de conhecer a cidade e fazer amizades
os roteiros dos passeios ciclísticos envolvem, em sua maioria, os pontos turísticos, a exemplo do CarnaBike, de Lauro de Freitas ao Pelourinho; Três Faróis, contemplando Itapuã, Barra e Humaitá; além dos roteiros pelo litoral Norte, como lagoa Azul, Reserva Tucunaré, Reserva Sapiranga, Praia do Forte, Cachoeira de Dona Zilda.
Em Lauro de Freitas o Carcará Bike Club realiza ainda um percurso para iniciantes, circulando por atrativos naturais da cidade, como a barragem do Rio Joanes, Bambuzal do Caji, Quilombo da Quingoma, Buraquinho, Vilas do Atlântico, Ipitanga, entre outros lugares. Quem já está pronto para aventuras maiores pode acompanhar o grupo nos 300 quilômetros do CarcaJU, cicloviagem que acontecerá em novembro, entre Lauro de Freitas e Aracaju, no vizinho estado de Sergipe. O grupo realiza, em média, 11 pedais mensais: dois noturnos durante a semana e um diurno no final de semana. “Acreditamos que o crescimento no número de ciclistas e passeios começou, em partes, após a desmistificação de que, só quem pratica o esporte é quem tem bicicletas com valores astronômicos, e principalmente em saber que esse meio de transporte, além de ser benéfico à saúde, serve também para renovar e fazer novas amizades, além de ser um veículo de transformação e inclusão social”, concluiu Carcará Jr.
PedaL inclusivo na rota da emancipação
O Movimento (Ciclo)turístico de Base Comunitária (CTBC) mobilizou a cidade dias 23 e 24 de abril, com a realização de um grande pedal cultural. Ciclistas, professores, artistas, produtores, turistas, excursionistas e empreendedores sociais deram vida, força e beleza à Rota da Emancipação, integrando o esporte com a cultura, educação, turismo e meio ambiente.