Parceria entre O-I, Neoenergia Coelba e ReVida possibilita a coleta seletiva de embalagens de vidro com bônus na conta de luz dos participantes
A Owens Illinois (O-I), líder mundial em fabricação de embalagens de vidro e maior recicladora do material, se une a ReVida Reciclagem de Vidro e Neoenergia Coelba em um projeto que estimula o engajamento da população da região metropolitana de Salvador no descarte correto das embalagens de vidro. A parceria viabiliza a logística necessária para que as garrafas possam retornar à fábrica da O-I no Recife para o seu reaproveitamento.
Os usuários de energia elétrica, fornecida pela Coelba, que participam do projeto Vale Luz – que tem como objetivo incentivar a reciclagem de resíduos sólidos – sejam pessoas físicas ou jurídicas, recebem desconto na conta de luz ao se comprometerem a disponibilizar os resíduos para a coleta.
O Vale Luz é uma iniciativa conhecida, visto que existe há 13 anos e está presente na Bahia e em outros estados onde a Coelba atua. Mas, na Bahia, não atuava na coleta de vidro, dada as dificuldades logísticas para a operação, apesar da demanda latente dos soteropolitanos por uma destinação correta para o material.
Sinergia e parceria, nessa ordem, foram as palavras mágicas que possibilitaram a solução.
A geógrafa Val Dias, especialista em resíduos sólidos, acompanhava com preocupação a situação do vidro no estado e trabalhava para unir as pontas da cadeia logística, tornando viável economicamente a reciclagem. Então, ela apresentou seu projeto de parceria, primeiro, para a O-I e, depois, para a Coelba.
As duas empresas abraçaram a proposta e, após a formalização das parcerias, em 2020, em meio à pandemia de Coronavírus, nasceu a ReVida, que ela dirige junto com seu parceiro de vida, o geólogo André Dias. “Quando o projeto ainda estava em estudo, a O-I acolheu a iniciativa, indicando interesse pela comercialização dos vidros. E logo que a empresa foi legalizada, fechamos um contrato com a ReVida”, relembra Lucia Moreira, especialista na cadeia de fornecimento de embalagem de vidros pós-consumo da O-I.
Na primeira etapa da operação, a Coelba recolhe o resíduo nos condomínios da capital baiana e faz a coleta porta a porta em municípios distantes, em seguida, transporta as embalagens de vidro até a ReVida, que faz a segregação, limpeza e o trituramento e entrega os cacos para a O-I, no Recife.
A O-I trabalha com a meta de atingir 50% de uso de cacos como matéria-prima para a produção de novas embalagens até 2030 e o principal desafio para se atingir esse objetivo está na necessidade de transformar toda a cadeia, a fim de que o material chegue às recicladoras sem contaminantes e de que não seja desviado para aterros, o que requer uma união de forças de todos os elos da cadeia, do berço ao berço. Por isso, a companhia apoiou a ReVida em seu nascedouro. “O projeto da ReVida decolou em 2020, mas, embora só tenha dois anos, possui um potencial incrível para crescer”, destaca Lucia.
Inicialmente, a Coelba recolhia 15 toneladas de vidro por mês, hoje a coleta fica em torno de 25 a 35 toneladas. O engenheiro elétrico da empresa e coordenador do Vale Luz, Raphael Nascimento Damasceno, destaca o caráter pedagógico da iniciativa. “O programa reduz a inadimplência e aumenta o engajamento de consumidores de produtos em vasilhames de vidro, tornando o cidadão um importante agente de transformação. A bonifiu cação é um chamariz, mas vemos que, depois, o consumidor vai ampliando sua consciência ambiental e abraçando a sustentabilidade”, avalia. Dentre os cadastrados no programa, há mais pessoas físicas, porém as empresas participantes geram maior volume de material reciclável.
Há vários pontos de coleta espalhados pela cidade. No Salvador Shopping, é possível medir o apoio dos soteropolitanos à causa. Neste local, está o container com maior número de arrecadação. Porém, segundo Damasceno, o valor que o cidadão paga para entrar no estacionamento do shopping e acessar o ponto de coleta cobre o bônus que ele recebe por participar do programa Vale Luz, revelando que o interesse em reciclar supera o estímulo pelo bônus financeiro. O coordenador do projeto lembra que, quem dá o desconto para os consumidores são os parceiros, a ReVida, as cooperativas, a indústria. “A distribuidora não rentabiliza a operação, ela aplica recursos para viabilizar a logística.”
Val Dias afirma que as pessoas têm grande interesse em saber como descartar o vidro corretamente. “Em Salvador, tínhamos a demanda da população, mas não tínhamos a coleta. Quando pudemos informar a elas de que agora poderiam contar com esse serviço, foi uma sensação muito boa”, comenta. Ela relata que no município turístico de Cairu, onde se encontra Morro de São Paulo, um dos pontos turísticos mais conhecidos da Bahia, os comerciantes também queriam destinar corretamente. Lá, a ReVida também atuou para envolver os grandes geradores locais, associação de bares e restaurantes e conseguiu viabilizar a coleta.
O círculo do bem
Desde 2015, o Tivolli Hotels, na Praia do Forte, aderiu ao Vale Luz. “O hotel sempre teve o compromisso de dar a destinação correta aos seus resíduos, mesmo quando isso nem era legislação. Ao longo dos anos tivemos muita dificuldade em encontrar as melhores soluções. O convite do Vale Luz para aderirmos ao programa nos deu a possibilidade de participarmos de um ciclo que envolve toda a cadeia de sustentabilidade, econômica, social e ambiental, atingindo assim os nossos objetivos”, comenta Carolina soares, supervisora de Sustentabilidade do hotel. Ela explica que antes, o vidro tinha de ser armazenado por um longo período para atingir um volume que viabilizasse economicamente a contratação de uma empresa de outro estado para fazer a coleta. “Hoje, continuamos armazenando o vidro em nossa câmara, porém a coleta é semanal”, comemora. O estabelecimento gera uma média mensal de 5,8 toneladas de embalagens de vidro, a maior parte, garrafas, mas também copos e embalagens de produtos diversos.
Carolina revela que houve uma economia considerável em relação aos custos com a coleta de resíduos sólidos. “Sem contar as vantagens ambientais, como destinação correta dos resíduos gerados, reduzindo assim o volume enviado aos aterros sanitários e seu impacto no meio ambiente; pensando na cadeia de produção de novos materiais, enviar o material para reciclagem contribui para reduzir a quantidade de matéria prima extraída da natureza para produção de novos materiais; fomentar a educação ambiental entre nossos funcionários; e contribuir para o fortalecimento da atividade de reciclagem”, diz.
Em relação às vantagens sociais, a surpevisora do Tivolli acrescenta que o projeto ainda contribui para geração de renda das famílias da cooperativa que fazem a coleta no hotel e ajuda na redução dos custos operacionais da instituição de caridade que apoiam através da nossa parceria com o programa.