Com base em números dos registros oficiais de casos de Covid-19, a Comissão de Combate ao Coronavírus de Lauro de Freitas apresentou, em abril, aos profissionais da Atenção Básica e Especializada da Secretaria Municipal de Saúde, o perfil epidemiológico da pandemia e as projeções até junho na cidade.
De acordo com o relatório, baseado apenas nos casos oficialmente notificados até aquele momento, a contaminação deve alcançar seu pico em Lauro de Freitas este mês de junho. Pela ascendência da curva epidemiológica, os sanitaristas acreditam que o município deve contabilizar o ápice de pessoas infectadas com o coronavírus na 28ª semana de pandemia.
De acordo com a simulação, o número de casos vai aumentar este mês, apesar das medidas de distanciamento social estabelecidas pela administração municipal. De acordo com o médico e coordenador da Comissão de Combate ao Coronavírus, Vidigal Cafezeiro, um dos fatores que contribuem para a escalada da doença em Lauro de Freitas é a proximidade com Salvador – que tem a sua própria dinâmica de disseminação do vírus. Na prática, para fins epidemiológicos, Lauro de Freitas é mais um bairro da capital, estando sujeita às intercorrências de Salvador.
Já para Fábio Villas Boas, secretário estadual de Saúde, é difícil precisar quando o estado chegará ao pico da pandemia do novo coronavírus por conta das pessoas infectadas, mas sem sintomas, que continuam disseminando a infecção sem saber.
O Brasil é um dos países do mundo que menos testam a população para a Covid-19 – o que impede o controle da epidemia. De acordo com cientistas da Universidade de São Paulo (USP), o número real de casos no país é 14 vezes maior do que apontam os dados oficiais – pelo que ninguém de fato sabe em que ponto estamos na crise da Covid-19. Em meados de maio o Brasil já teria cerca de dois milhões de infectados, ultrapassando os Estados Unidos e tornando-se o novo epicentro mundial da pandemia,
Mesmo trabalhando apenas com dados oficiais, sabidamente irreais porque sujeitos a ampla subnotificação até em relação aos mortos, em maio todas as medições apontavam para o contínuo crescimento da curva epidemiológica no Brasil, que deve se tornar este mês o epicentro mundial da pandemia.
Cafezeiro usa a projeção local para pregar as medidas de prevenção “para que os casos cheguem de forma gradativa, lembrando que paciente internado na UTI, que precisar de ventilação mecânica, poderá ficar internado, em média, de 15 a 20 dias”. Ele lembra que, “uma vez esgotada a capacidade dos leitos de UTI, não haverá mais possibilidade de admitir outros pacientes com a Covid-19”.
Em Lauro de Freitas, as pessoas que apresentem quadros de síndrome gripal são direcionadas para o Pronto Atendimento Santo Amaro de Ipitanga, no Centro da cidade. A unidade conta com leitos equipados com respiradores, é equipada com sala vermelha e ambulâncias com suporte avançado para a transferência de pacientes em estado grave.
De acordo com a prefeitura, os infectados com o coronavírus em Lauro de Freitas apresentaram maior incidência de sintomas como tosse, dispneia, diarreia, dor de garganta, febre, cefaleia e coriza.
A prefeitura aponta ainda que cerca de 14% dos acometidos são maiores de 60 anos e que, dentre as comorbidades mais frequentes, estão a hipertensão (8,2%), a diabetes (4,2%), doenças respiratórias e doenças cardíacas (2,1% cada uma).
Cafezeiro alerta sobre a necessidade de manter o distanciamento social, higienizar frequentemente as mãos e usar continuamente as máscaras faciais. “As estratégias de distanciamento social contribuem para evitar o colapso dos sistemas locais de saúde, como observado em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Itália, Espanha, China”, disse – “Essas medidas temporárias permitem aos gestores tempo relativo para estruturação dos serviços de atenção à saúde da população, com consequente proteção do Sistema Único de Saúde”.