Precisaria lhe dizer algo sobre como sobreviver no varejo nessa crise do corona vírus. Que bom se eu soubesse! Que bom se eu tivesse a receita infalível até para, de preferência, crescer em tempos de crise! Certamente poderia vendê-la, a ótimo preço, com uma belíssima embalagem.
E haja cliente!
Não. Não tenho a receita infalível, sequer para a sobrevivência nestes tempos de vírus.
Se alguém lhe disser que a tem, não creia. Não existe receita, até porque não sabemos como, nem quando, essa situação vai terminar.
Com os estabelecimentos fechados, sem clientes nas ruas, com as contas vencendo (algumas em dólar crescente), estoques perdidos e ainda a chuva a destruir muitos negócios, não há profecias a fazer.
O que não significa que vou frustrar os meus leitores. Há a possibilidade de se propor diretrizes, de se aprender um pouco com experiências passadas, embora nenhuma tenha tido a violência dessa crise atual.
1ª Não vai dar para escapar dos bancos. Talvez venham a ter linhas de crédito especiais para recompor o varejo. Procure as cooperativas de crédito. Seus juros e condições são sempre melhores. Fique atento!
2ª Não imobilize capital. O comerciante vive da operação da loja, não precisa ser proprietário do imóvel. Patrimônio é outro ramo de negócio, outra atividade econômica. Alugue, alugue sempre que puder. Despesa operacional diminui impostos. Patrimônio só aumenta a taxação. O que você precisa é capital de giro para voltar a fazer andar seu negócio.
3ª Compre a mercadoria que seu cliente quer, e pelo preço que lhe permita vendê-la bem. Para tanto é preciso conhecer as novas necessidades e desejos do cliente, pois ele também mudou. Compre bem e na quantidade adequada. É preciso trabalhar com mercadorias de maior giro. E conseguir prazos de pagamento que lhe permitam girar com folga, obtendo ganho financeiro direto ou indireto. Diminua o número de itens que você vende. Recomece devagar, de acordo com a nova demanda que vai surgir.
4ª Não queira ganhar muito no preço. É o aumento do giro que deve fazer crescer outra vez seu comércio. É o volume das vendas que deve ser perseguido. Como dizia minha avó: “ sabedoria quando é muita vira bicho e come o dono”.
5ª Cuide do seu pessoal. Tenha agora um quadro mais enxuto, polivalente e competente nas suas ocupações. Procure treiná-lo constantemente. Dirija seus empregados de modo participativo: ouça-os, mantenha-os informados sobre tudo o que lhes diz respeito. Eles também terão mudado depois da crise – estarão mais dispostos a colaborar.
6ª Não esqueça o fornecedor. Não o trate mal. Ele não é um inimigo. Ele precisa ser seu parceiro. Negocie para valer, mas mantenha um bom relacionamento. Ele também estará mudado e mais disposto a colaborar.
7ª Respeite o cliente, ouça-o, procure sinceramente serví-lo bem. Ele estará também mais cauteloso e sem dinheiro. Será preciso ganhar o mesmo cliente outra vez.
8ª Ovo de galinha vende mais que o de pata, somente porque a galinha cacareja quando põe. Saiba portanto fazer publicidade, porque a propaganda é a alma do negócio. Estude a maneira que lhe traga melhor custo/benefício para atingir seu cliente. Mais do que nunca, você precisa anunciar agora, para o cliente não esquecer da sua marca.
9ª Se o seu negócio já não ia bem, talvez seja o momento de parar para repensar sua atividade empresarial. Talvez um negócio menor, atuando num nicho fértil, seja uma boa ideia.
10ª Trabalhe ainda mais duro, que o mar não vai estar pra peixe. Essa, aliás é a grande dica de todos os tempos.
Boa sorte!