Tirar pedras portuguesas do calçadão de Vilas do Atlântico volta a ser proposto

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Uma enquete – consulta informal sem qualquer valor estatístico – foi lançada na internet pela Salva (Sociedade de Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico) para perguntar o que seria melhor para o calçadão de Vilas do Atlântico. De acordo com  Márcio Costa, coordenador-geral da entidade, a prefeitura quer saber “se seria melhor manter as pedras portuguesas ou colocar um piso mais moderno, como os pisos intertravados”. A consulta foi encerrada no mês passado, depois de receber 57 participações – 37 delas a favor de manter a pedra portuguesa.
FOTO: remendos feitos por pedreiros, com cimento, destruíram o calçadão que agora precisa ser refeito, se o bairro quiser manter a sua identidade visual
 
Junto à enquete a Salva publicava duas fotos, lado a lado. A primeira mostrava o calçadão em pedra portuguesa, atualmente esburacado – resultado da falta de manutenção adequada por calceteiro qualificado. A segunda foto era uma montagem mostrando como ficaria o calçadão com piso intertravado.
 
Ao anunciar a consulta, Márcio Costa afirmou que “tem verba da Prefeitura do Orçamento Participativo para manutenção do calçadão de Vilas do Atlântico”, mas manutenção mesmo a pedra portuguesa não recebe.
 
Há quase dez anos, em 2008, a mesma Salva queria fazer uma “consulta popular” no bairro para definir o destino das pedras portuguesas. A ideia era cimentar o calçadão, para facilitar a manutenção. A prefeitura alegava, naquela época, que era difícil encontrar calceteiros – o profissional que faz o corte e assentamento das pedras.
 
A Vilas Magazine localizou dois deles, residentes em Lauro de Freitas e publicou reportagem mostrando que o calçadão estava esburacado e irregular porque a manutenção era feita por pedreiros, à base de cimento.
 
Diante da repercussão pública, a Salva optou por manter o calçamento em pedra portuguesa e pediu à prefeitura “a recuperação adequada do calçamento”, como no trecho conhecido por Praia do Surf, na esquina da rua Praia de Saquarema, executado pelo proprietário da casa em frente.
 
A então prefeita Moema Gramacho (PT), garantiu em outubro daquele ano que “se mantiverem [a decisão pelas pedras portuguesas] já estamos preparando uma licitação para [contratar] calceteiros” – e recebeu da Salva a indicação de um profissional da própria cidade para executar o serviço, que nunca foi feito.
 
Um calçamento em pedra portuguesa bem executado dura mais do que qualquer cimento ou “rua com chão que parece shopping center”, como disse Caetano Veloso na época, quando criticou a substituição desse tipo de pavimento no Porto da Barra, em Salvador – e que “também esburaca se não há cuidado”.
 
O trecho então novo do calçadão, que estendeu as pedras portuguesas até Buraquinho, feito por calceteiros de Feira de Santana, contratados pela prefeitura em 2005, é representativo de um serviço bem executado, quase tanto quanto o trecho da rua Praia de Saquarema, onde o calçamento é perfeitamente estabilizado, uniforme e plano.
 
Já o calçamento antigo, que tem a idade do próprio bairro, passou por sucessivas intervenções paliativas ao longo dos anos, quase sempre executadas por pedreiros – e não por mestres calceteiros, que são profissionais especializados e muito mais caros. Em consequência disso, o calçadão transformou-se numa colcha de retalhos, com pedras mal cortadas e mal compactadas, nem sempre de calcário, em serviços sem qualidade de execução.
 
A enquete estava disponível na página da Salva na internet, em https://www.salvavilasdoatlantico.org.br/consulta-publica-calcadao-de-vilas-do-atlantico/.
 
Trecho do calçadão executado e mantido por morador, na Praia do Surf: exemplo de que o trabalho bem feito dispensa conserto

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