Uma das palavras mais citadas hoje em dia é globalização. Tudo se explica pela tendência fatal de que, logo logo, todos falaremos a mesma língua, usaremos as mesmas roupas e comeremos os mesmos alimentos. O mundo todo vai ficar igualzinho: falando inglês, vestindo jeans e comendo hamburguer. Alem disso, só haverá espaço no mercado para as grandes corporações, de tal modo que, o melhor que você faz é vender sua empresa para uma delas, antes que a sua já não valha mais que dois centavos.
Não embarque nessa onda de glo…bobalização!
Você, por exemplo, conhece bem as seguintes multinacionais, suas fornecedoras: Unilever, Procter & Gamble, Colgate, Nestlé, Kraft e Quaker. Pois bem, elas juntas produzem 1.792 marcas diferentes. Recente pesquisa demonstrou que dessas 1.792, apenas seis eram conhecidas na maior parte dos países do mundo: Palmolive, Nescafé, Lipton, Lux, Colgate e Maggi. Outras 1.165 eram comercializadas em, no máximo, três países. E assim por diante. Como se vê, nem tudo é Coca-Cola e McDonald’s no mundo.
O negócio é que, embora a globalização seja uma forte tendência, ela não está sozinha. Ao seu lado também caminha uma das megatendências do novo milênio, que é a personalização, ou seja, o culto do individual, do exclusivo, do regional. Por isso se pode dizer com fé: “Pense globalmente, mas aja localmente”.
Isto é lógico e muito claro: se você tem um supermercado numa cidade do interior da Bahia, não há porque se preocupar com a chegada do Carrefour. Mas, por outro lado, é bom conhecer as técnicas mais modernas que as grandes empresas do seu ramo estão usando ou mesmo estudando. Sabe por que? Porque cedo ou tarde elas chegarão até aí, na sua loja, ou na do seu concorrente.
Este é o sentido da verdadeira globalização: a disseminação rápida do conhecimento, da tecnologia, enfim, de tudo que possa trazer mais conforto à vida humana, ou seja, ao cliente, que é um indivíduo e quer ser cultuado.
Há espaço, portanto, para os pequenos, desde que invistam na personalização (ou customização, como dizem os letrados), no tratamento diferenciado, que é uma exigência dos clientes e dos novos tempos.
Devemos, porém, ter cuidado, porque nem sempre se obtém sucesso embarcando na onda dos outros. Um exemplo muito citado é o da música popular. O rock, ou música pop, por algum tempo pareceu uma tendência mundial avassaladora. Em 1987, 50% do mercado mundial de discos pertenciam a esse ritmo. Hoje o rock, em queda, aproxima-se dos 20% do mercado mundial. Outros ritmos cresceram, inclusive os nossos sons brasileiros, revertendo o que se pensava ser um efeito da globalização.
Alguns cantores chegaram a mudar de repertório, para não perderem venda. Outros, não perceberam a mudança e caíram vertiginosamente do gosto popular. Igualzinho a qualquer outro negócio.
Portanto, muito cuidado com a globalização. Mas, mesmo assim, vamos ficar com um olho no padre e outro na missa, sabendo que sempre há lugar para quem conhece e satisfaz os desejos dos seus clientes.
Afinal, num mundo em que Lady Gaga e Adele dão as cartas, Ludmilla também fatura direitinho!
Raymundo Dantas é Escritor e palestrante, especializado em Marketing no Varejo, com Mestrado na Espanha. E-mail: raymundo_dantas@uol.com.br