Sem surpresa, quase 74% das mentiras circulam pelo WhatsApp, meio preferido pela maior parte dos criminosos que repassam fantasias e falsidades a respeito da pandemia. A Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, mostrou recentemente que a divulgação de mentiras efetivamente já levou à morte de pessoas na crise do novo coronavírus. A divulgação de notícias que não venham diretamente das autoridades de saúde requer rigorosa apuração, segundo critérios técnicos que norteiam o trabalho de profissionais qualificados em órgãos de comunicação social autênticos.
Conduzido pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) Claudia Galhardi e Maria Cecília de Souza Minayo, um estudo brasileiro apontou as principais redes sociais propagadoras de notícias falsas sobre o novo coronavírus no Brasil. Analisando denúncias e notícias falsas recebidas pelo aplicativo &39;Eu Fiscalizo&39; entre 17 de março e 10 de abril, a Fiocruz revela que as outras mídias sociais mais utilizadas para disseminação de “fake news” sobre o novo coronavírus foram Instagram (10,5%), Facebook (15,8%).
Os resultados também mostram que quase 27% das mentiras publicadas no Facebook apontam a Fiocruz como orientadora no que diz respeito à proteção contra o novo coronavírus. Mais de 71% das mensagens falsas circuladas pelo WhatsApp citam a Fundação como fonte de textos sobre a Covid-19 e com medidas de proteção e combate à doença.
Uma das histórias mais bizarras que tem sido divulgada por pessoas de capacidade intelectual diminuída, quando não mal-intencionadas, afirma que a tecnologia 5G dos celulares é culpada pela disseminação do novo coronavírus. Cientistas chegaram a gastar tempo precioso para explicar que a relação é biologicamente impossível, mas hoje qualquer maluco mais articulado com acesso a redes sociais desinforma livremente quem deseja ser enganado.

Além das teorias conspiratórias sobre a origem e até sobre a inexistência do vírus, conversa que só afeta os mentalmente incapacitados, há receitas de supostos remédios que produzem efeito apenas entre mentecaptos a quem foi dado acesso ao WhatsApp – parcela numerosa da população. Todo e qualquer medicamento só pode receitado, ou mesmo recomendado, por médicos que atuam com base em ciência e não em crendices.
Uma das mentiras mais exóticas, já expostas como tal pela Fiocruz , alega que “gargarejar com água morna ou salgada mata os vírus que se alojam nas amígdalas e evita que passem para os pulmões”. Na mesma linha, mentecaptos divulgam pelo WhatsApp também a fantasia de que alimentos alcalinos combatem o vírus, mencionando um suposto “virology center” de Moscou.
EU FISCALIZO
Idealizado com base em um projeto de pós-doutoramento da pesquisadora Claudia Galhardi, supervisionado pela pesquisadora Cecília Minayo e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, o &39;Eu Fiscalizo&39; possibilita que usuários notifiquem conteúdos impróprios em veículos de comunicação, mídias sociais e WhatsApp.
A ideia é que a sociedade possa denunciar notícias falsas ou conteúdos inapropriados, exercendo, assim, sua cidadania e o direito à comunicação e entretenimento de qualidade no que tange à produção, circulação e consumo dos produtos midiáticos.
Além de registrar conteúdos inapropriados, o aplicativo informa as datas das notificações e permite o envio de foto, vídeos e mensagens de texto, como sugestões, elogios e reclamações. O aplicativo está disponível para os sistemas Android e iOS de smartphones.