A caminho da estagflação? Fenômeno pode aumentar o empobrecimento da população

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Estagflacao no brasil

Estagflação: substantivo femino que trata do fenômeno da estagnação econômica, onde presenciamos o aumento da taxa de desemprego associada à inflação, aumento contínuo de preços. O termo pode até parecer novo, mas o fenômeno em si já é bem conhecido pelos brasileiros. E desde o início da pandemia só se intensificou: de um lado empresas decretando falência, milhões desempregados e do outro, aumento de preço em todos os itens básicos, do pacote de arroz ao combustível.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), 20 estados brasileiros fecharam o ano de 2020 com recorde na taxa média de desocupação, um efeito direto do impacto da pandemia de Covid-19 sobre o mercado de trabalho.

A média anual aumentou de 11,9%, em 2019, para 13,5% em 2020. As maiores taxas foram registradas na Bahia (19,8%), seguida por Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%). A menor taxa foi em Santa Catarina (6,15). No intervalo de um ano a população ocupada reduziu 7 ,3 milhões de pessoas no país e com isso, pela primeira vez na série histórica, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%.

E o cenário parece longe de mudar. Com todas as restrições impostas pela pandemia, em boa parte do país o comércio segue fechado ou à meia porta, a indústria retraiu a produção, e o Banco Central divulgou a revisão da estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto de 2021, de 3,8% para 3,6%.

Para muito além de não crescer economicamente, cabe acrescentar os dados projetados pela Fundação Getúlio Vargas apontando que em 2019, antes da pandemia, 10,97% da população recebia menos de R$ 246 por mês, renda que classifica esta população como de extrema pobreza. Com o pagamento do auxílio, esse número caiu para 4,52%. Mas em fevereiro de 2021, com o fim do benefício, o índice ultrapassou a marca anterior, ficando ainda maior: 12,83%. Estamos falando de 27,2 milhões de brasileiros.

Sobe tudo, até o ovo!
Na outra ponta dessa equação, que não fecha, está a inflação. O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,93% em março e ficou 0,45 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de fevereiro (0,48%). Esse é o maior resultado para um mês de março desde 2015 (1,24%). Em 12 meses o IPCA acumula alta de 5,52%.

Em Salvador, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta tanto no mês de março como no acumulado do ano, mas sempre com média abaixo do registrado no país. Transportes apresentou a maior variação, 3,58% e 3,96%, no mensal e no acumulado, puxado pela alta nos combustíveis (alta de 15,36% no ano).

No acumulado do ano, logo abaixo de transportes, aparece artigos de residência, com alta de 3,26%, puxados pelos aparelhos eletroeletrônicos, com destaque para computador pessoal (8,37%) e televisor (7,63%).

No segmento habitação, que inclui aluguel, reparos domésticos, contas de água e luz, foi o gás de cozinha o que mais subiu no acumulado do ano, 11,4 4 %.

Mas a maior despesa para o consumidor de Salvador e Região Metropolitana continua sendo a alimentação, que representa um peso de 22,34 % no orçamento mensal. Na variação mensal, as principais altas ficam com a cebola (10,63%), banana prata (7,36%) e as carnes, que apesar da queda no acumulado do ano (- 0,11%), no mês de março registram alta de 1,70%.

No acumulado do ano os destaques ficam com cebola (68,46%), banana prata (14,99%) e pão francês (8,88%). Até o ovo de galinha, única proteína animal que muitas famílias conseguem colocar na mesa, teve alta de 3,69%.

Segundo o Dieese, Salvador apresentou alta de 21,16% no valor médio da cesta básica nos últimos 12 meses, saltando de R$ 395,49 para R$ 479,19. No comparativo com outros estados, a capital baiana aparece entre as cinco com o menor custo médio da cesta básica, no mês de fevereiro de 2021, sendo as maiores médias registradas em Florianópolis (SC), R$ 639,81; São Paulo (SP), R$ 639,47; e Porto Alegre (RS), R$ 632,67). A menor média foi em Aracajú (SE), R$ 445,90.

Ainda segundo o departamento, quando se compara o custo da cesta básica com o salário mínimo líquido, após abatidos os 7,5% referente a Previdência Social, o brasileiro assalariado compromete hoje 54 ,23% de sua renda para adquirir os alimentos básicos para uma pessoa adulta.

Pelas estimativas do Dieese, o salário mínimo necessário para que o brasileiro conseguisse fechar as contas do mês deveria ser de R$ 5.375,05.

 

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 12 de fevereiro a 15 de março de 2021 (referência) e comparados aos vigentes entre 15 de janeiro a 11 de fevereiro de 2021 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
 

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