A Primavera

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O inverno deixou a terra com as árvores espectrais, pois a frieza assim providenciou. Pode-se dizer que elas ficaram em hibernação!
 
Surgiu então a primavera austral, modificando a paisagem. Estava-se após o inverno e antes do verão.
 
O astro rei, ainda em solstício, brilhava suave, dando início ao aumento da temperatura e trazendo para o nosso planeta maior claridade, além dos matizes que projetava no céu. Estava-se em 23 de setembro.
 
As plantas, saiam do aspecto fantasmagórico e começavam a se distinguir. Brotavam folhas em seus galhos verdejantes, carregavam-se da floração, demonstrando sua pujança. Era o começo da frutificação e da sua reprodução.
 
Por ser a estação do ano mais perfumada e florida, destacavam-se os ipês brancos, amarelos, rosas e lilases.
 
Os animais silvestres brigavam, entre si, para ganharem a companheira para seu acasalamento. Também, despertavam os hibernantes.
 
As flores multicoloridas se abriam na confluência dos rios e as borboletas, em grandes volumes, transformavam o espaço numa tela cheia de cores.
 
Os pássaros chocavam os últimos ovos, em seus ninhos, enquanto alguns já se orgulhavam de seus rebentos nascidos.
 
As chuvas que caíram trouxeram para os rios águas cristalinas e neles peixes prateados, em desova. Os seres humanos pisavam nas suas nascentes, ou “ôlho d’água” e ficavam estarrecidos com a pureza das mesmas.
 
As águas do mar aumentavam, em razão da elevação da temperatura, transmitida pelo sol, e o brilho da lua no céu, mostrava que era a rainha das noites. A maré também ficava mais alta.
As montanhas altaneiras e brilhantes, algumas ainda cobertas de neve, faziam parte da linda pintura, traçada pelo Grande Criador.
 
Os seres humanos sentiam-se encantados com o meio ambiente, com as plantas, pássaros, rios e frutas que lhes eram oferecidos e tudo faziam para preservá-lo.
 
As aves, vindas de territórios distantes, desciam no lago próximo, para se alimentar e, também, descansar.
 
Os viventes se encantavam com aquela estação e vibravam deslumbrados com sua magia inconfundível. Sem dúvidas, a natureza se enfeitava e se embelezava com múltiplos coloridos. Era o renascimento dela.
 
De acordo com a religião católica, a primavera foi criada por Deus, quando nos premiou com o “Jardim do Éden”.
 
A terra inspirava aos poetas e artistas diversos, notadamente os pintores, a exemplo de Sandro Botticeli, que em 1482 pintou a “Alegoria da Primavera”.
 
Tudo era lindo. Os campos, as florestas, os rios e o degelo das montanhas completavam o quadro divino.
 
Os humanos buscavam naquela beleza o complemento do despertar de sua alma e enxergavam o mundo com olhares benfazejos.
 
No meu mundo de sonho e eu não queria acordar, nosso planeta se apresentava diferente e formoso.
 
Era a primavera!
 
Jaime de Moura Ferreira é Administrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista, sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. jaimoufer@hotmail.com

 

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