Agências, operadoras e hotéis pedem ao governo federal acesso a crédito e prazo maior de reembolso aos clientes para sobreviver

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O turismo no Brasil só deve voltar aos patamares anteriores à crise causada pela pandemia de Covid-19 no final deste ano. Essa é a expectativa de entidades que representam hotéis, operadoras e agências de viagens.
 
Nos primeiros meses pós-pandemia, os roteiros domésticos e até mesmo regionais devem prevalecer. Isso porque os viajantes devem querer um destino mais conhecido e seguro, que exija pouco planejamento e deslocamento.
 
Outra aposta do setor é que, quando tudo isso passar, haverá uma valorização do turismo e dos turistas. Quem puder voltar a viajar vai reconhecer a importância daqueles que trabalham na área, enquanto hotéis e agências vão dar mais valor para seus clientes, após passarem por uma crise que não se compara a nada que já tenham vivido.
 
Desde a última semana de março, o único movimento que as empresas ligadas ao turismo têm recebido é de clientes pedindo a remarcação ou o cancelamento de reservas.
 
Muitas companhias já demitiram funcionários, reduziram jornadas e até fecharam as portas. Segundo enquete realizada pelo FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) com 736 hotéis, 63% deles estão fechados. Entre os resorts, o índice é de 100%.
 
Para sobreviver à crise, o setor fez reivindicações ao Ministério do Turismo. A primeira delas era para conseguir a suspensão de contratos de trabalho.
 
Como explica Sérgio Souza, presidente da Resorts Brasil (associação dos resorts), além do impacto econômico e social, não é ideal para os hotéis demitir funcionários que passaram por treinamentos específicos. “Perder esse trabalhador e ter que contratar outra pessoa custa três vezes mais do que manter o funcionário.”
 
O primeiro alívio veio com a MP 936, assinada no dia 1º de abril, que permite a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias e a redução da jornada por até 90 dias.
 
Mas, segundo entidades da área, isso não é suficiente. “Um dos problemas dessa crise é a imprevisibilidade”, diz Orlando de Souza, presidente-executivo do FOHB. Por isso, o setor está fazendo acordos com sindicatos para garantir uma extensão do período de flexibilização da jornada.
 
O Ministério do Turismo anunciou em abril que estava preparando mais duas medidas de apoio. Uma garante acesso a crédito e outra permite que as empresas aumentem o prazo de reembolso por pacotes não usados.
 
O crédito é visto como fundamental para a sobrevivência das companhias. Como explica Souza, empresários temem que bancos não queiram dar empréstimos com juros baixos, já que os negócios são considerados de risco agora.
 
No dia 8 de abril, foi publicada a MP 948, que permite o reembolso de diárias e pacotes em até 12 meses após a pandemia. A medida deve evitar que as empresas percam mais dinheiro neste momento.
 
Também há campanhas pedindo para que consumidores não cancelem suas viagens – em vez disso, remarquem. Segundo pesquisa feita pela Braztoa (associação dos operadoras de viagem), a taxa de remarcação está em 80%.
 
As em presas do setor ressaltam q ue nov as m edidas podem ser necessárias caso a impossibilidade de viajar se prolongue. “Não temos dimensão do que vai acontecer daqui a um mês”, diz Simone Scorsato, diretora-executiva da BLTA (associação brasileira de turismo de luxo).
 
Para as hospedagens associadas à BLTA, a imagem que o Brasil passa ao enf rentar a epidem ia é im portante, já q ue estrang eiros são responsáveis por 44% da ocupação dos empreendimentos. “Se o Brasil não for empático com o que a Organização Mundial da Saúde recomenda, é um risco para o turismo”, diz.

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