Pela seção Tribuna do Leitor, recebemos em outubro a seguinte mensagem: “Lauro de Freitas tem muitos cães. Diariamente seus donos saem a passear e por vezes esquecem o saquinho para recolher as fezes. Coloquei em frente a minha casa um dispenser com saquinhos para os esquecidos. De um modo geral tem diminuído as fezes na calçada. Porque o Vilas Magazine não faz uma campanha para que mais moradores participem desta ideia? A cidade, o meio ambiente e a própria saúde dos cãezinhos podem melhorar se menos moscas e parasitas ficarem proliferando pelas nossas calçadas”.
O autor da mensagem foi Rubens Ramone, 71 anos, morador de Buraquinho há mais de 20 anos. Cansado de recolher as fezes de animais todos os dias em sua calçada, ao longo dos anos, ele fez diferentes tentativas de resolver o problema: “primeiro tentei colocar repelentes na parte que é gramada, mas os pets então faziam suas necessidades nas proximidades. Nada adiantava”.
Este ano, pesquisando pela internet, achou algumas iniciativas de condomínios que estavam disponibilizando aos moradores os saquinhos para colher as fezes. Em julho Rubens adquiriu um dispenser, para instalar em sua calçada, e uma placa, para chamar a atenção dos donos dos animais, e já consegue ver os resultados. “Tive um custo de R$ 150,00 no suporte e mais R$ 60,00 no rolo de saquinhos, que vem com mil unidades. No início eu temia por vandalismo, por ser rua aberta e não um condomínio. Mas funcionou bem os pedestres respeitam e as fezes diminuíram”.
A Lei Municipal nº 1618 / 2016, de Proteção Animal, mais conhecida como Lei Remca, estabelece, dentre outras coisas, que é de responsabilidade do guardião recolher as fezes dos seus animais nas vias públicas. As sanções previstas em lei vão de advertência à aplicação de multas, que depende da análise do agente fiscalizador quanto à gravidade dos fatos.
Rubens acredita que a presença de mais dispensers pela cidade ajudaria a educar os guardiões durante o passeio com os pets. “Acho que se a Vilas Magazine difundir a ideia, outros moradores poderão fazer o mesmo. Os anunciantes da revista poderiam colocar suas propagandas nas plaquinhas, como forma de ajudar a custear o dispenser. Já a Prefeitura de Lauro de Freitas poderia ajudar colocando dispensers nas praças e no calçadão, convidando os moradores a ‘adotar’ um dispenser e cuidar dele, provendo os saquinhos. Enfim, acho que funcionou e a minha rua ficou um pouco mais limpa”, concluiu.
Usando a criatividade
A situação vivida por Rubens é muito comum em todo país, e infelizmente, em alguns casos, já levou até a brigas entre vizinhos e outras fatalidades. Mas em Vila Velha (ES), uma família, cansada de ver tanto cocô pelas ruas de seu bairro, decidiu agir de forma criativa: donos de um pet shop, Michelle Wilke, o esposo Giullyanno e o filho Kauã, construíram o dispenser aproveitando galões vazios de shampoo.
Amarrados nos postes de energia, os galões são instalados com uma quantidade inicial de sacos e uma comunicação simples, convidando os donos de animais a usar o saco e recolher o cocô, e repor o dispenser, para que outras pessoas também possam utilizá-lo.
“Já instalamos 20 unidades e temos mais 30 prontas. De uma forma geral a aceitação foi muito boa, sentimos apenas que falta maior participação no ato de repor os dispensers. Regularmente conferimos cada dispenser para verificar se está abastecido, e usamos as redes sociais do pet shop para fazer campanhas, estimulando a participação das pessoas que residem próximos”, conta Michele.