A ceratocone é uma doença degenerativa que afeta a visão e responde por sete em cada dez transplantes de córnea no Brasil. Como a evolução é muito rápida, a recomendação dos especialistas é que a pessoa consulte um oftalmologista com frequência.
“É possível flagrar a doença logo no início com a tomografia da córnea para adotar tratamento que evite sua progressão e apiora da visão”, afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto.
O principal indicativo de que a pessoa tem a ceratocone é a visão borrada e distorcida, tanto para perto quanto para longe. Também são comuns a aversão ao excesso de luz, a fadiga ocular no uso de aparelhos eletrônicos e a dificuldade em enxergar à noite.
Em casos muito graves, o comprometimento é tão grande que a córnea fica muito fina ou com cicatrizes que impedem a correção visual com lentes, restando como opção apenas a realização de um transplante.
Sem método preventivo, resta evitar a evolução da doença, a partir do momento em que é detectada. Antes que a situação fique crítica, é possível usar o crosslinking como opção no tratamento.
“O crosslinking consiste no uso de riboflavina [vitamina B2] e de radiação ultravioleta para aumentar a rigidez da córnea e reduzir a progressão do ceratocone”, afirma Lísia Aoki, oftalmologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Segundo especialistas, a doença é multifatorial, ou seja, pode ter causas genéticas, ambientais ou celulares.
COÇAR PODE AGRAVAR O PROBLEMA
Segundo especialistas, há situações que podem agravar a doença. “É sabido que fatores externos podem acelerar a progressão da doença, como o hábito de esfregar muito os olhos, levando a traumas repetitivos na córnea”, diz a oftalmologista Alessandra Guimarães Brigagão.
Leôncio Neto explica o porquê de esfregar os olhos ter relação com a doença. “A pressão sobre os olhos aumenta o espaçamento entre as fibras de colágeno da córnea”. Isso explica porque o ceratocone aparece mais em pessoas alérgicas. A OMS – Organização Mundial da Saúde estima que 30% dos brasileiros têm algum tipo de alergia. Desses, mais da metade desenvolve alergia nos olhos”, afirma.
Segundo o especialista, uma parcela da população está mais sujeita a sofrer com a doença ao longo da vida. “O risco de desenvolver ceratocone é seis vezes maior em pessoas que sofrem de síndrome de Down. Outras condições que aumentam a predisposição à doença são a apneia do sono e doenças alérgicas como atopia, asma e bronquite”, afirma.
Quem tem olhos secos também conta com uma predisposição maior a ter doença e, até por isso, não dever usar qualquer colírio para se proteger.