Coach: apesar da crise, profissão ganha novos adeptos no país

0
821
Pauta certa nas últimas edições de qualquer tablóide, a crise política que o Brasil enfrenta nos últimos meses tem gerado reflexos negativos em diversos setores da sociedade, sobretudo o econômico. Empresas passando por reajustes e adequações, isso quando não são obrigadas a fechar as portas, e consequentemente, índices de desempregos preocupantes.
 
Mas cenários adversos por vezes nos revelam surpresas interessantes. As necessidades mudam e isso possibilita o crescimento de alguns seguimentos e carreiras, caso nítido do coach, que se apresenta como uma alternativa que falta na hora de concretizar projetos tão desejados.
 
Ouvido pela primeira vez ainda no período medieval, o termo coaching é de origem inglesa, mas na cidade de Kócs, na Hungria, era usada para designar carruagem de quatro rodas. Seus condutores eram chamados de coacher.
 
Em 1830, o termo passou a ser usado em universidades para nomear professores e mestres que auxiliavam os estudantes na preparação de testes. Mas foi em 1950 que passou a ser usado para definir habilidades de gerenciamento de pessoas, quando foram introduzidas as primeiras técnicas de desenvolvimento pessoal e humano. Nesse período já se valorizava as competências e a melhoria do indivíduo, e o coach era o profissional responsável por esse treinamento e aperfeiçoamento.
 
Timothy Gallwey é um dos pioneiros quando no assunto. Em sua carreira assessorou grandes personalidades do esporte e empresas de ponta, como IBM, Apple, Coca-Cola, entre outras. Seu método é conhecido como The Inner Game, ou O Jogo Interior, e seus livros são referência em todo mundo.
 
Coaching é apenas para empresários?
Em 2015 o coaching já configurava como a 15ª das 42 profissões de maior destaque no Brasil. Mas, apesar de sua maior frequência nas empresas, hoje existe coach que atenda as mais diversas necessidades, como orientações de carreira, finanças, emagrecimento e até para gestantes.
 
É nesse cenário que surge o trabalho de Jéssica Costa, 32, coach em maternidade. A formação em coaching veio como agregador para as atividades já desenvolvidas por sua empresa, que tem por objetivo o pleno exercício da maternidade, de forma equilibrada, através do autoconhecimento para criação e educação dos filhos.
 
“O despertar para a busca de um aperfeiçoamento em coaching surge após a minha gestação, na realidade do dia-a-dia da maternidade, associado as minhas funções enquanto empresária atuante diretamente com maternidade, bebês e famílias. Nesta vivência percebi um grande ruído na comunicação das famílias, sobretudo por parte das mães, no que tange se conhecer para saber orientar.”
 
Com formação também em baby planner, consultoria do sono e psicologia da gravidez, parto e puerpério, Jéssica ressalta que “Coaching é um processo que você trabalha com foco no outro, buscando o autoconhecimento. Como é algo novo, o início de tudo é explicar o que o processo significa e como ele pode lhe ajudar. Só faz um processo de coaching quem consegue entender o que realmente é”.
 
Self 1 x Self 2
Com objetivo claro de equilibrar o presente e traçar metas para o futuro do coachee (cliente), os profissionais tem sempre o cuidado de alertar que o trabalho não se assemelha ao tratamento de psicólogo ou o acompanhamento com um terapeuta. Lucas Nery, 30, coaching de vida & carreira, ressalta que o sucesso do processo de coaching “depende diretamente da parceria e do contato direto, mas estando claro que o coach nunca vai chegar para o coachee e dizer o que ele tem que fazer. Trata-se de uma relação onde o profissional vai despertar em seu cliente, através de técnica e ferramentas, a percepção do seu empoderamento sobre as coisas”.
 
Para Lucas, todos somos capazes de alcançar nossos objetivos, e quando isso não está acontecendo é preciso olhar para dentro, pois somos nossos maiores sabotadores. “Tim Gallwey em seus estudos definiu que nossas ações são guiadas por duas fases de nossa mente, o ‘Self 1’, nosso lado pessimista e sabotador, e ‘Self 2’, o lado positivo, que diz ‘você consegue!’. Mas não é o coach que vai lhe apontar esses momentos. Cada um precisa se conhecer para então manter o foco em seu objetivo”, complementa.
 
Publicitário, Lucas destaca que foi atraído pelo poder do coaching em ajudar as pessoas. “Cada feedback que o coachee lhe passa e que é possível perceber o desenvolvimento do mesmo, é muito gratificante. Acredito que o segredo de tudo é ter foco.
 
Vamos pensar em uma empresa: não é trabalhar mais que vai fazer com que você se destaque, mas sim, trabalhar melhor, com foco no que realmente gera resultados.”
 
Para ser um coach seja antes um coachee
“Há 14 anos passei pelo meu primeiro processo de coaching. Naquela ocasião não existia de minha parte nenhuma intenção de ser um coach. Fiz todo o processo na condição de coachee e foi um momento que tive a oportunidade de entender uma série de coisas sobre mim.”
 
Wladmir Martins, 47, atua como coach há 12 anos, e destaca que o rápido crescimento da profissão pode estar atrelada, inclusive, ao cenário político e econômico do país. “À medida que avançamos nessa crise econômica as pessoas começaram a buscar soluções, tanto para crescimento em suas carreiras como também uma fonte de renda extra”. Um coach iniciante pode receber de 150 a 300 reais por sessão, e sua rentabilidade mensal pode chegar a 12 mil reais, informação que reforça a importância de alguns cuidados antes de contratar um coach, como verificar referências com outros clientes e experiência profissional.
 
“Existe um boom no mercado sobre o coaching, todo mundo está querendo pegar carona nessa onda, porém nem todos tem a formação necessária para realizar a atividade, o que faz com que muitas pessoas que buscam o serviço acabem frustradas. Mas acredito que o próprio mercado, a médio prazo, fará uma seleção e manterá ativos aqueles que realmente se dedicam à profissão”, completa.
 
Depois de anos trabalhando com estatística, hoje Wladmir atua no Executive Coaching, Coaching de Carreira e Life Coaching, e defende que o coaching foi uma das melhores coisas que aconteceu em sua vida. “Para ser um coach capacitado, é fundamental ter sido coachee anteriomente. Isso foi um grande diferencial para eu ser um profissional hoje. E fazer esse papel de poder trazer as pessoas para um processo de mudança e depois perceber que alcançaram seus resultados é impressionante”, finaliza.

 

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui