Quem hoje vê o ir e vir das movimentadas ruas do bairro de Itinga, custa acreditar que há cerca de 50 anos atrás na área predominavam mato, fazendas e muita tranquilidade. Foi apenas entre os anos de 1940 e 1950, que moradores das cidades do Recôncavo Baiano, que haviam sido convidados a trabalhar em empresas como a Refinaria Landulfo Alves e Empresa Titãs do Brasil, e também na construção do Aeroporto Dois de Julho, hoje Aeroporto Internacional de Salvador, entenderam que seria muito mais prático se construíssem suas residências naquelas cercanias.
Pouco tempo depois, nos anos de 1960, começaria o boom populacional. Moradores do bairro Nordeste de Amaralina, em Salvador, viram nas diversas fazendas que começaram a ser divididas em lotes, a oportunidade de uma moradia melhor. As primeiras habitações foram construídas na Rua São Cristóvão, ladeira que dá acesso à Estação Aeroporto. Maria Eneldes de Jesus se recorda que para ter acesso ao transporte, para ir até o bairro de Brotas, em Salvador, onde estudava, precisava descer a ladeira, que em dias de chuva era uma verdadeiro “quiabo” de tão escorregadia. “Quando chovia, para se subir a ladeira eram quedas e mais quedas. Era aquele barro vermelho, sem asfalto. Caia, levantava e seguia em frente”, conta.
Itinga vem do tupi-guarani e significa ‘água branca’, e dá nome também ao rio que cortava uma das fazendas do local. Além de uma cultura muito rica, o bairro sempre foi habitado por atletas, artesãos e artistas, a exemplo de Nego Tenga, compositor da música Brilho de Beleza, sucesso na voz de Gal Costa.
Essas e outras histórias de Itinga estão agora registradas no documentário “50 Anos de Itinga: Uma história contada de avô para neto”, um dos selecionados no edital Prêmio Talentos da Nossa Terra, iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura de Lauro de Freitas (SECULT), com recursos remanescentes da Lei Federal Aldir Blanc (nº 14.017/2020).
Lançado em setembro de 2021, o edital foi direcionado para grupos artísticos e culturais empreendidos por produtores e artistas independentes, grupos artísticos não formalizados e organização da sociedade civil atuantes no campo da cultura, que promovam conteúdos artísticos e culturais exclusivamente em meios digitais. Ao todo, 40 projetos foram selecionados na primeira categoria e 20 na segunda categoria, com prêmios de até 10 mil reais para cada.
Com narração de Raimundo Santos, roteiro e direção de Paulo Silva, o documentário completo pode ser acessado no Youtube.