EXPRESSO SEM PRESSA

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Trem de luxo que sai de Curitiba corta paisagem de mata atlântica a 20 quilômetros por hora e chega à cidade litorânea de Morretes, terra do barreado, da cachaça e de construções coloniais
 
Numa mão a taça de champanhe e na outra o celular ou a máquina fotográfica. Assim se equilibram passageiros dos vagões do Great Brazil Express, trem de luxo que sai de Curitiba rumo à cidade histórica de Morretes, no litoral do Paraná, desde 2008, em finais de semana e feriados, pontualmente, às 9h15.
 
A bebida é um dos mimos para quem paga R$ 360 (adultos) pela viagem – há também café da manhã com chá, biscoitinhos, tortinhas e croissants –, mas o maior presente é mesmo a paisagem de bromélias, helicônias, samambaias e cachoeiras da serra do Mar cortada pela estrada de ferro.
 
A ferrovia, inaugurada em 2 de fevereiro de 1885, foi planejada pelos irmãos Antônio e André Rebouças (engenheiros abolicionistas que hoje são nome de túnel no Rio de Janeiro e de avenida em São Paulo). São 110 km de percurso incrustado na vegetação. O passeio dura cerca de três horas e meia, a uma velocidade média de 20 km/h.
 
LUXO SOBRE TRILHOS: Viagem de trem de Curitiba a Morretes tem mimos como champanhe e ambiente refinado, mas maior presente para o turista é a paisagem da mata atlântica
 
Entusiasta de viagens de trens, o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, 62, aproveitou o dia livre na véspera de uma visita oficial ao governador Beto Richa (PSDB), em março, para conhecer o roteiro paranaense. “Eu adoro trens, já viajei muito, e esse passeio me chamou a atenção porque é um trajeto curto e especial, atravessa a mata atlântica”, disse o diplomata.
 
A vista do verde é também o que mais chamou a atenção de Sara, 8, e da mãe dela, Vanessa de Souza, 37. “Gosto de ver as flores pela janela”, contou a garota de Rondônia, que viajou a Curitiba para ser submetida a uma cirurgia.
 
 
SERVIÇO
Passagem mais cara sai por R$ 360
Três litorinas de luxo (veículos sobre trilhos com motor próprio) Foz, Copacabana e Curitiba fazem o trajeto até Morretes aos sábados, domingos e feriados, às 9h15. Nas duas primeiras, o bilhete custa R$ 360 (adultos) e R$ 260 (crianças) – na terceira, R$ 283 (adultos) e R$ 180 (crianças). Podem ser comprados no terminal de Curitiba ou pelo site serraverdeexpress. com.br O retorno também pode ser feito por ônibus, ao custo de R$ 19,79.
 
 
Viagem ao passado termina em cachaça, barreado e compota
Destino final do trajeto de trem, Morretes concentra restaurantes que servem cozido de carne típico da região. Cidade colonial preserva construções históricas, alambiques e lojinhas que vendem artesanatos e doces.
 
O passeio de trem pela Serra do Mar termina em Morretes, cidade de 15 mil habitantes no litoral do Paraná. Com casas coloniais preservadas, o lugar, fundado em 1733, passa por uma transformação. Nos últimos anos, o turismo ganhou impulso com a restauração de construções históricas e o surgimento de novos restaurantes.
 
As mudanças não são por acaso; Morretes tem tudo para atrair mais viajantes. Além de ter um centro histórico, com pracinha, coreto e paralelepípedos, a cidade é cortada pelo rio Nhundiaquara – ponto de encontro entre moradores da região que nadam em suas águas e turistas que praticam canoagem.
 
No entorno, restaurantes servem o barreado, prato típico feito com carne bovina que se tornou a maior atração do lugar. O cozido leva de 16 a 24 horas para ficar pronto e é servido com banana e farofa (custa, em média, R$ 100 para duas pessoas).
 
 
Em muitos restaurantes, os garçons brincam com os clientes na hora de servir. Misturam farinha, carne e caldo para fazer uma espécie de pirão. Depois, viram o prato em cima das cabeças dos turistas e falam: “Foto”.
 
A comida não sai do lugar porque o pirão “cola” no fundo do prato. O ritual divertido se repete e vai parar nas redes sociais. Quem ficou com vontade pode provar o prato em restaurantes como o Villa Morretes e o Madalozo, bem próximos ao rio.
 
ARTESANATO
Nos arredores da praça central, lojinhas vendem artesanato, compotas e geleias. Um pote de doce custa de R$ 8 a R$ 10. Nos finais de semana, os produtos são vendidos em uma feira perto do coreto. Outra atração da cidade é a cachaça Porto Morretes – premiada no Concurso Mundial de Bruxelas.
 
Se o turista for fisgado e quiser ficar mais um dia em Morretes, há pousadas com boa infraestrutura por lá, entre elas a Hakuna Matata (a partir de R$ 271 a diária para casal) e a Pousada Graciosa (a partir de R$ 400 por casal), ambas localizadas entre a Serra do Mar e Morretes.

 

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