Interessante desinteresse
Aconteceu no mês passado na Câmara Municipal uma audiência pública com plateia lotada para debater a legislação municipal de proteção animal, uma proposta do presidente da Câmara, vereador Antônio Rosalvo (REDE). Para frustração da Remca, a entidade local de defesa dos animais, além do próprio Rosalvo, autor do projeto de lei, participou da audiência apenas mais um vereador, Matheus Reis (PSDB).
É preciso lembrar que a população, em todos os seus segmentos, merece a atenção dos 17 vereadores para as suas demandas. Pode-se imaginar que um outro vereador tivesse compromisso inadiável, não podendo comparecer, mas não 15 de uma vez.
Estiveram presentes representantes de diversos segmentos. Além de protetores individuais, veterinários, responsáveis por pets shop, o ex-secretário de Meio Ambiente Márcio Crusoé, representantes das secretarias de Assistência Social e Meio Ambiente, a Procuradoria Jurídica, o Conselho Municipal do Idoso, o Conselho Tutelar da Criança e Adolescente, representantes de grupos de Proteção Animal de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari, o Grupo de Ação de Castração, a ONG Célula Mãe, o Grupo Amor Animal e ativistas como Victor Quilici, assessor do presidente da Câmara. Apareceu meio mundo. Só não apareceram os outros 15 vereadores.
A crítica recorrente que se faz a iniciativas desse tipo é que a cidade tem problemas
mais graves a resolver. O que os críticos não percebem é que esses problemas não serão
resolvidos apenas por ignorarmos todos os outros temas. Instituir uma legislação que
tem amplo apoio popular, além disso, só faria bem ao currículo dos nossos vereadores.
O mosquito, ainda e sempre
O tumulto na cena política e econômica do país, grave como há muito tempo não acontecia, vai levando para a sombra todos os demais desafios do país, com destaque para a crise de saúde causada pela falta de combate ao Aedes Aegypti. O tema praticamente saiu de pauta na grande imprensa, oferecendo às autoridades um desmerecido refresco.
Vivemos tempos sombrios em que desancar os meios de comunicação virou arma política, mas continua sendo verdade que sem eles, nem cosmeticamente a crise de saúde seria tratada. Agora precisamos é passar do cosmético ao concreto, com agentes de saúde na rua e lotes abandonados sendo multados com todo o rigor da lei. Os lixões que aqui e ali se formam têm que ser combatidos com efetividade, não bastando apresentar medidas que, afinal, resultam em nada.
Temos dito e continuaremos a dizer.