Fotos: Cris Silva
Uma cena linda, de amor pleno e muita saúde. Assim deveria ser visto o ato da amamentação, mas lamentavelmente ainda existem muitos obstáculos e até preconceitos.
Com objetivo de levar informação para as futuras mamães, as puérperas e sociedade em geral, o grupo Gestar Luz realizou, em 12 de agosto, o “Mamaço Lauro de Freitas”, enquadrando a cidade na Semana Mundial do Aleitamento Materno. Durante o evento, que aconteceu no Shopping Estrada do Coco, todos puderam ouvir informações sobre a importância da amamentação, além de participar de atividades de integração, como a dança materna.
Promovida anualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016 a Semana Mundial do Aleitamento Materno esteve presente em 170 países e tem como objetivo estimular a amamentação que além de fortalecer os laços entre mãe e filho, é a melhor fonte de nutrição infantil, garantindo melhorias na saúde de crianças ao redor de todo o mundo.
“O Mamaço representa a amamentação coletiva em público, e nesse evento aproveitamos para ressaltar a importância de amamentar sem tabus, preconceitos, a liberdade de dar o peito ao seu filho em qualquer momento, e onde for, incentivando e informando que a amamentação é um ato não só fisiológico, como um ato de amor”, completa a doula Aline Calmon, organizadora do evento.
Com a temática “Amamentar faz bem à saúde da mãe, do bebê e também do planeta”, a campanha desse ano teve ainda o papel de chamar a atenção das pessoas para os problemas socioambientais vividos pelo planeta e resgatar os cuidados com as metas de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Onde mora o preconceito
Apesar do Brasil ser referência mundial quando se trata de amamentação, com taxa superior a 40%, ficando a frente de países como Estados Unidos, Reino Unido e China, e ampliando o tempo médio de amamentação exclusivo, de seis meses, recomendado pelo OMS, para 14 meses, ainda são grandes os tabus quando as mães precisam amamentar em público.
Para Thaís Nathale, 25 anos, mãe da pequena Maria Clara de 9 meses, a discriminação acontece por vários fatores, “dentre eles o machismo, o olhar para o corpo da mulher apenas como objeto sexual, mas também a falta de informação por parte das próprias mulheres”, destaca.
Mesmo sendo um direito garantido por lei para os bebês e para as mulheres, os casos de discriminação com puérperas durante a amamentação levaram alguns governantes a criar leis mais severas, como no Rio Grande do Sul, que sancionou uma lei que proíbe qualquer tipo de constrangimento às mulheres que amamentem na rua ou em outros ambientes com circulação de pessoas. No caso de Porto Alegre, a lei prevê multa que inicia em R$ 500 e pode ultrapassar os R$ 900, em casos de reincidência.
Carla Grace Melo, 29 anos, mãe Enzo, 5 anos, e Noah, 9 meses, destaca que por mais que estivesse munida de informações, por vezes o processo de amamentação é um pouco dolorido no início, o que não a impediu de dar o peito a Enzo até que ele completasse 1 ano e 4 meses, e com Noah ela pretende manter o aleitamento até que seja confortável para a criança e para ela.
Sobre os momentos que precisa amamentar em público, Grace destaca que muitas vezes o preconceito parte das mulheres. “Os homens agem de forma mais natural que as mulheres. Elas costumam puxar o assunto destacando que não amamentariam em público e até delimitando uma idade para a criança mamar. Eu percebo como algo cultural, uma visão do corpo da mulher como objetivo de desejo”.
Durante todo ano o grupo Gestar Luz realiza atividades de conscientização para futuras mamães e puérperas sobre parto humanizado, direito das gestantes, aleitamento materno, sempre munindo-as de informação e frisando a importância de tornar a gestação um momento de alegria e amor.