Maioridade sem favores

Maioridade sem favores
A Vilas Magazine inicia, com esta edição de janeiro de 2019, o seu 21º ano de circulação ininterrupta – um feito de que poucos veículos de comunicação podem se orgulhar num país desde sempre sujeito a ventos e tempestades na vida política e na gestão da economia. Grandes e notórios grupos de comunicação passam por imensas dificuldades. A Abril, uma das casas editoriais mais importantes do mundo, foi vendida mês passado pelo valor simbólico de R$ 100 mil – repassando uma dívida acumulada de R$ 1,6 bilhão.
 
A complexidade de um grupo editorial como o Abril não guarda paralelo com o dia a dia de uma pequena editora, caso da Editar – Editora Accioli Ramos Ltda, empresa que edita a Vilas Magazine. Ainda assim, tudo passa por uma conta de custos – que sobem sempre – e receitas, que oscilam ao sabor das crises políticas e econômicas do país.
 
Por conta das crises políticas, agora é moderno “denunciar” a aplicação de verba pública em publicidade, como se os governos estivessem fazendo favores aos veículos de comunicação, como se a imprensa vivesse disso, embora existam no segmento, empresas e profissionais caolhos que se prestam a esse viés. Governos anunciam porque precisam de se comunicar. Simples assim. E há regras para isso, com a supervisão dos tribunais de contas. Não há doações a ninguém. Mesmo na Globo, líder de mercado, as receitas com publicidade oficial do governo não chegam nem a 4% do faturamento. Não é daí que virá a viabilização dos veículos de comunicação.
 
Já a prefeitura de Lauro de Freitas prefere investir em jornais de outro município, onde tem publicado, por exemplo, seus editais. E ocasionalmente, em anos anteriores, até seus “cadernos especiais”.
 
Nem sempre foi assim. A Vilas Magazine – o único veículo regular impresso de Lauro de Freitas há 20 anos – tinha presença regular de publicidade oficial até alguns anos atrás. Por alguma razão, a prefeitura chegou à conclusão de que deve publicar em Salvador. Certamente que não para fazer favores aos jornais da capital. O mesmo critério talvez pudesse ser aplicado aqui, valorizando um veículo da cidade, que mesmo com circulação mensal, tem tiragem que supera, em muito, mídias de fora que circulam por aqui. Afinal, quem se importa com os assuntos de Lauro de Freitas é a sua comunidade.
 
É pertinente deixar bem transparente que a Vilas Magazine não pauta suas matérias com o propósito de agradar governantes, poderosos ou quem quer que seja. Não nos prestamos ao repugnante e imoral troca-troca de “notas e matérias elogiosas” por inserções comerciais, embora muitos pretensos “veículos de comunicação” a pratiquem às claras. Nosso alinhamento editorial nos conduz a proceder sempre na linha da dignidade, da ética, da responsabilidade. Quem quer que esteja na gestão municipal ou estadual, seja de qual linha política for, sempre teve as ações voltadas para a nossa comunidade tratadas com respeito, insenção e profissionalismo. Não procedemos assim por simpatia a fulano, beltrano ou sicrano, mas pelo dever do ofício. Não adjetivamos a informação para agradar gestores, não usamos artifícios para manter equilibrados os custos de manutenção da revista. A expressiva e fidelizada participação publicitária de segmentos comerciais que prestam serviços à moradores da região, nas edições mensais da revista, é uma prova irrefutável do resultado que a Vilas Magazine assegura aos seus anunciantes, embora para a prefeitura esse critério não seja mais avaliado, sem que se conheça os motivos. Gostaríamos de saber.
 
Adeus sossego
Ipitanga, Aracuí, Pitangueiras, Vilas do Atlântico e Buraquinho, todos bairros residenciais de acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal (PDDM), agora compõem uma “Macrozona Urbana Turística”, instituída no mês passado por meio de lei.
 
A ideia número 1 é “promover a integração de toda a faixa de orla do município, criando mais um vetor de acesso que não sobrecarregue as vias arteriais centrais” – o que lembra o projeto de abrir uma avenida na continuação da 2 de Julho, diretamente da Estrada do Coco a Ipitanga e daí a Vilas do Atlântico e depois Buraquinho.
 
Anos atrás, a proposta era abrir esse novo acesso a Vilas do Atlântico acompanhando o rio Sapato desde Ipitanga – para entrar pela avenida Praia de Copacabana afora. Um dos últimos trechos sossegados da cidade vai se transformar em passagem de tráfego intenso. O trânsito extra de veículos e pessoas gerado por esse novo acesso virá encontrar uma orla cheia de novidades – para turistas de fim de semana. Isso porque a ideia número 2 é trazer para a orla de Lauro de Freitas “hotelaria de qualidade, bares e restaurantes, espaços urbanizados com equipamentos de esporte e lazer, centros de eventos e estacionamentos com dimensionamento adequado”. A revolta é geral.
 
Voltaremos ao assunto na edição de fevereiro, com um panorama completo da alteração feita ao PDDM.

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