Moradores descobrem que estão em Salvador

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A entrega da base de logradouros aos Correios em 2016 (a partir da esq.): o ex-prefeito Márcio Paiva, o secretário de Governo Márcio Leão, o vereador Antônio Rosalvo, o diretor dos Correios Ney Campello, acompanhado de diretora e Ailton Borges, líder da equipe
 
Por conta da busca dos novos CEP, alguns moradores dos bairros de Itinga, Parque São Paulo, Capelão e Areia Branca vêm descobrindo que na verdade moram em Salvador. Praticamente toda a localidade urbana em Areia Branca e no Capelão são território da capital e por isso terão que se identificar pelo zoneamento postal de Salvador.
 
Uma faixa de mil metros a Leste da BA-526 (CIA-Aeroporto) – veja o mapa à página 15 – pertence oficialmente à capital, embora sempre tenha sido administrada pelo município de Lauro de Freitas. Por isso, inclusive, os moradores se habituaram à ideia de que estavam em Lauro de Freitas. E usavam sem problemas o CEP único da cidade. O carteiro entregava a correspondência mesmo nas áreas que pertencem à cidade vizinha.
 
Agora que há um CEP para cada rua de Lauro de Freitas, quem mora do lado da capital descobriu que o código sempre foi outro. Exemplo disso é a rua São Francisco de Assis, no Parque São Paulo, que dá acesso ao Residencial Quinta da Glória. A rua sempre foi tida como parte de Lauro de Freitas, mas os Correios informam que ela fica mesmo é no bairro Areia Branca de Salvador, CEP 41412-200.
 
A capital oficializou recentemente 163 bairros, incluindo um chamado Areia Branca e outro Itinga, que abrangem a faixa de mil metros a Leste da BA-526. Embora tenham o mesmo nome dos bairros de Lauro de Freitas, são territórios distintos.
 
A prefeitura de Lauro de Freitas, que sempre administrou toda aquela região, reivindica a revisão dos limites oficiais junto à Comissão Especial de Assuntos Territoriais da Assembleia Legislativa. Por enquanto os moradores do trecho terão mesmo que usar o CEP de Salvador.
 
O mesmo vale para os moradores da área de Ipitanga que pertence a Salvador e que inclui o loteamento Marisol. Mas naquele caso o topônimo foi suprimido pela reorganização de bairros de Salvador, passando a área a pertencer ao bairro de Stella Maris. Essa faixa de território também está em disputa na Assembleia Legislativa.
 
Também há casos esdrúxulos como o do Fazendão, sede do Esporte Clube Bahia. A propriedade tem metade da área em Lauro de Freitas e a outra em Salvador. Mas o acesso pertence à capital, pelo bairro da Itinga de Salvador, que ninguém sabe ao certo onde termina, para começar a outra.
 
Curiosa mesmo é a situação da avenida 2 de Julho, construída por Lauro de Freitas em território que formalmente pertence a Salvador. A via liga a avenida Santos Dumont – antiga Estrada do Coco – ao Centro da cidade. Dilema semelhante vive a Lagoa da Base, outra área de Salvador ocupada ao longo dos anos pela população, contra os muros da Base Aérea.
 
A prefeitura local adicionou a comunidade ao bairro de Vila Praiana, mas sem fazer parte de Lauro de Freitas e não existindo nos registros da capital, tanto a avenida como as ruas da Lagoa da Base simplesmente não constam da listagem de CEP de nenhuma das duas cidades.

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