O professor

Dediquei muitos anos de minha existência à atividade docente. Primeiramente, pelos extraordinários exemplos que se mostraram em minha vida; em segundo, pelo significado intrínseco da docência; e, por último, porque desejei passar para os meus alunos o que recebi dos meus mestres.

Jamais me saiu da memória minha professora do primário, Brasília Maria de Castro, da Escola Nossa Senhora da Penha, na Ribeira de Itapagipe, que a tinha como uma deusa, dispensando-a muito amor, carinho e respeito. Porém, cascudo, puxão de orelha, palmatória e castigo faziam parte do seu ensinamento. Nunca houve qualquer desaprovação pelos alunos e pais. S

em dúvidas, a vida é a escola da verdade e da transformação, no entanto, além da educação doméstica, o professor deverá ser o instrumento indispensável, para que essa transformação aconteça, de maneira mais plausível.

O professor sempre foi considerado como “vitrine” e responsável pelos que educa e orienta. A lista de adjetivos estabelecida para os professores é muito longa e complexa, porém, os “sete pilares da sabedoria” deverão estar, intrinsecamente, na sua personalidade e formação: conhecimento, disciplina, educação, ética, honestidade, humildade e integridade.

Apaixonado pelo que faz, sempre criativo, com novas ideias, consciente do quanto não sabe, mas disposto a aprender, capacitado para interferir na atividade psíquica do aluno e interpretar o contraditório, quando adquirirá a confiança mútua e conseguirá modelar o aluno.Esse é o desenho do professor.

Também, o professor é um mediador, multidimensional, portador de potencialidades e energias específicas, a fim de transferir o que sabe e aprender com os alunos o que ensina.

No processo ensino/aprendizagem, o professor é responsável pelo ensino, enquanto os alunos pelo aprendizado. No entanto, o acompanhamento psicológico dos alunos, diálogo verdadeiro, dedicação extrema e respeito mútuo, muito contribuirão para a solidificação desse processo.

Sem dúvidas, a profissão docente, no nosso País, enfrenta muitas dificuldades, entre as quais, baixa remuneração, burocracias a cumprir, defasagem no sistema de ensino, violência moral e física na sala de aula, pequeno reconhecimento social, heterogeneidade das turmas, avaliação equivocada da sociedade e pouco apoio dos familiares. Porém, o professor não pode desanimar diante desses desafios e se entregar, cada vez mais, na preparação dos alunos para voos mais altos, disciplinados e livres.

Na realidade, o verdadeiro professor é uma mistura de escultor, jardineiro, cirurgião e monge. Deve possuir um histórico de vida plausível, que lhe possibilite a conscientização e humanização dos alunos. Jamais transferir problemas e estar preparado para construir pontes entre o seu conhecimento e dos discentes. Acima de tudo resgatar sonhos e fazê-los acontecer.

Para Paulo Freire, “a educação é o ato de amor e coragem, sustentada pelo diálogo, na discussão e no debate”. Completa: “a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor”.

Assim, cabe ao professor a reflexão, a flexibilidade, redimensionamento e recriação do saber, para que a educação não se transforme em um depósito de informações. O bom professor traz o aluno para a intimidade do seu pensamento e conhecimento. E como isso acontece? Na busca permanente da formação da amálgama entre os valores morais e éticos dos professores e dos alunos.

Jamais o professor deverá mostrar preconceito para com os seus alunos, principalmente os de origem física, psicológica, racial e social.

A verdadeira escola, altar de atuação do professor, deve ser um ambiente de aprendizagem, com grande pluralidade cultural; troca de informações e interação entre os seres humanos; e a preparação para a vida evoluída.

Na atualidade, os alunos são beneficiados com o avanço tecnológico, que lhes facilita o aprendizado e os torna mais independentes. Porém, os discentes não poderão desrespeitar os professores, falar mal da sua escola, desviar-se da disciplina estabelecida e desprezarem a experiência e vivência dos seus mestres, pois essas situações os desqualificam e reduzem a oportunidade de construir a amizade interpessoal, entre seus companheiros e professores.

Os alunos devem saber que o futuro de nosso País está em suas mãos e, para tanto, devem se esforçar para adquirir a elevada cognição, que lhes garantirão o título de jovens esforçados e brilhantes, devidamente preparados para o sucesso pessoal e profissional.

Por fim, a qualidade dos professores está estreitamente análoga ao relacionamento e cultura familiar dos alunos, que, em muitos casos, tornam-se mais um desafio para os docentes.

Brindemos a esse profissional que, mesmo enfrentando todas as dificuldades, acima citadas, ainda representa a origem da formação de todos os demais profissionais. Atentemos para o Japão, por exemplo, que o professor é o único profissional reverenciado pelo Imperador. 

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