
O Coletivo Pé de Poeta, formado por dez jovens de Itinga e do Centro de Lauro de Freitas, conseguiu levar à França o espetáculo África em Nós, a convite do Théâtre de l´Opprimé Paris. A trupe conseguiu custear a viagem de oito membros por meio de uma vaquinha eletrônica.
Incentivando a iniciativa, a Vilas Magazine divulgou na edição de maio último a proposta do grupo, com um apelo para que a comunidade ajudasse a completar o orçamento.

Foram sete dias de uma experiência única na vida do coletivo, observando o cenário da capital francesa num mês de Verão. “Passávamos só olhando, como em um filme, na caminhada de cerca de hora e meia até o Théâtre de l’Opprimé de Paris”, desde a Rue Daguerre, em Montparnasse, conta o diretor Armindo Rodrigues Pinto. “Estar em Paris e presenciar a diversidade cultural que há no país foi fabuloso e apresentar o nosso espetáculo África em Nós foi uma das sensações mais intensas que tive”, disse Vitória Santos, 17 anos.
No dia da despedida, com as economias feitas, “o grupo se deu ao prazer de comer um doce parisiense, tomar um sorvete, com classe, usando as mesas e agora, observando os passantes”, descreve. A venda de bonecas Abayomi – feitas pelo próprio grupo apenas com amarrações – ajudou a pagar o mimo.
A origens do Théâtre de l´Opprimé de Paris estão ligadas ao Brasil, tendo sido fundado por Augusto Boal nos anos 70, com financiamento do Ministério da Cultura da França. O método do Teatro do Oprimido está hoje presente em mais de 60 países.
A apresentação do Coletivo Pé de Poeta aconteceu no Festival MigrActions, entre os dias 27 de junho e 7 de julho, com a participação de uma dezena de grupos de todo o mundo. O grupo de Lauro de Freitas foi convidado a participar por conta da experiência do grupo: o espetáculo África em Nós une as técnicas do Teatro do Oprimido, do brasileiro Augusto Boal às danças afro-brasileiras, aos movimentos do candomblé e ao Método Laban de Dança, criando uma estética própria.