
Equipe do Corra pro Abraço durante atividade que agora chega a Lauro de Freitas
O projeto-piloto Corra pro Abraço, uma das ações do Pacto pela Vida, programa do governo da Bahia de combate à violência, passou ele mesmo a ser um programa e agora vai chegar a Lauro de Freitas. Dirigido a usuários de drogas, numa abordagem de inclusão social, o projeto acontece atualmente em duas cenas urbanas de uso de drogas em Salvador – a Praça das Mãos, no Comércio, e a estação do Aquidabã.
Nesses locais, uma equipe multidisciplinar com psicólogos, assistentes sociais, arte-educadores, advogados e outros profissionais ganha aproximação com a população que está nas ruas e procura construir vínculos. Depois do atendimento inicial, conforme a demanda, a equipe encaminha essas pessoas à rede de atenção básica e demais serviços da rede de assistência social.
A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do estado pretende agora ampliar o projeto, ao tempo que o transforma em programa, para atender um número maior de pessoas, como meio de prevenir a violência em Lauro de Freitas, Salvador e outros municípios.
Organizações da sociedade civil estão sendo selecionadas para coordenar e executar os planos de ação do programa, estando prevista a ampliação do número de equipes do Corra pro Abraço que atuarão em territórios com alto índice de violência em Lauro de Freitas, Salvador, Vitória da Conquista e Feira de Santana. Eram apenas duas e agora serão oito.
As organizações participantes devem ser pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, de todo o território nacional, que comprovem experiência mínima de um ano na prevenção ao uso de drogas e violência, tratamento de usuários de drogas, redução de riscos e danos, arte-educação, cultura e esporte, garantia dos Direitos Humanos, garantia do acesso à Justiça ou promoção da equidade étnico-racial e de gênero.
As equipes atuarão em cenas de uso de substâncias psicoativas, em busca da redução de danos, garantia de Direitos Humanos, acesso a serviços públicos e fortalecimento de vínculos e inclusão social de usuários de drogas.
Técnicos do Corra pro Abraço atuarão nas Bases Comunitárias de Segurança, com foco na inserção e ampliação de oportunidades. O público alvo são jovens que estão iniciando situações de conflito com a lei, buscando fazer o acompanhamento dos casos registrados e intermediar o acesso das pessoas aos serviços públicos.
Outra novidade é a atuação em parceria com o Núcleo de Prisão em Flagrantes, a partir da atuação da equipe junto com o Tribunal de Justiça, com o objetivo de diminuir o número de prisões de pessoas que fazem uso de drogas, mais caracterizadas como usuárias do que como traficantes. A entidade deverá auxiliar os juízes na tomada de decisão para discutir formas de encaminhamento dos casos.
“O Corra pro Abraço existe para cuidar de um segmento diretamente envolvido e afetado pela violência e pelas drogas, de modo a dar acolhimento e resgatar essas pessoas da visão de baixa autoestima sobre si mesmos e sobre seu potencial humano”, explicou o secretário de Justiça Social Geraldo Reis ao anunciar a ampliação do projeto, em novembro último.
Ancorado no conceito da redução de danos, o Corra pro Abraço foi criado em 2013, como projeto-piloto, pelo Governo do Estado, em parceria com a entidade executora Centro de Referência Integral de Adolescentes (CRIA). Implantado por meio da Superintendência de Políticas Sobre Drogas e Acolhimento a Grupos Vulneráveis, o trabalho vem obtendo reconhecimento de especialistas por promover o resgate da autoestima e dignidade e, em última instância, a reabilitação e reinserção social de usuários de drogas em situação de rua. Para a ampliação do Corra pro Abraço serão investidos mais R$ 13 milhões, oriundos do Fundo de Combate à Pobreza do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Justiça Social.
“Nesses dois anos conseguimos desenvolver uma metodologia diferenciada, mais humanizada, para trabalhar com esse público. Porque não adianta oferecer uma rede de equipamentos, se os técnicos que estão lá para atendê-los não forem humanizados. O Corra dá visibilidade, leva para o teatro, para o museu, para o cinema. Faz com que eles se sintam pessoas com direitos e com valor”, explicou Maria Eleonora Rabello, coordenadora do projeto pela ong CRIA.