Que futuro queremos para Lauro de Freitas?

0
241
Dentro de pouco mais de três meses estaremos elegendo novo executivo e novo legislativo para o município de Lauro de Freitas. O que esperar desses novos gestores?
 
Desde 2000, encerrada a gestão de Roberto Muniz, o município vem sofrendo com a falta de criatividade das gestões que, quando realizam algo, não se diferencia dos antecessores: cooptam o legislativo com cargos e empregos para apadrinhados, pavimentam algumas ruas, tapam buracos pessimamente – o buraco de hoje é sempre o calombo de amanhã –, reformam ou constroem escolas, mas insistem em um modelo de educação que há décadas vem sendo reprovado, reformam e implantam novos equipamentos de saúde, mas mantém serviços de baixa qualidade, com o cidadão enfrentando filas humilhantes quando não são atendidos em corredores e até no chão, coletam o lixo nos bairros centrais e de classe média, enquanto nos bairros pobres os montões de lixo atraem ratos, falam em qualidade ambiental, enquanto os esgotos correm pelos logradouros, e no final da gestão, deixam a administração inchada e com rombo elevado em suas finanças, conforme queixa dos seus sucessores.
 
Nenhuma iniciativa municipal de impacto relevante na melhoria urbana ocorreu nos últimos 16 anos, e os gestores ficaram dependendo de iniciativas dos governos federal e estadual para lançar, como programas seus, a exemplo do sistema de esgoto, tantas vezes anunciado e nunca concretizado, ou a construção de casas do programa Minha Casa, Minha Vida sem a devida infraestrutura de serviços de responsabilidade do município e que caminham para se transformarem em futuros favelões verticais.
 
Até mesmos nossos representantes nos legislativos estadual e federal, que aqui residem, não apresentam contribuições relevantes para justificar os votos que recebem da nossa comunidade, apenas desfrutam dos seus mandatos, atuando obedientemente a cúpula dos seus partidos.
 
As gestões municipais sem programas e ações para atração de atividades econômicas, quando não se omitiram, buscaram criar obstáculos aos empresários interessados em se instalar no município. Pela sua posição na região metropolitana, recursos naturais e contingente de população de renda elevada, são muitos os empresários que buscam apoio da gestão municipal e que não recebem a devida atenção, a exemplo do proposto em 2010 para instalação de um “cluster” de informática, aproveitando a presença de unidades de ensino superior e instalações do Senai.
 
Enquanto isso, a população aumenta em termos exponenciais – orgulho de muitos gestores – gerando expansão urbana descontrolada, deterioração da qualidade dos serviços públicos municipais ofertados, problemas de saneamento e drenagem dos rios e das comunidades em níveis insuportáveis, tudo isso resultando na redução da qualidade de vida, que no passado foi a marca do município.
 
Acelerado pela construção do Metrô e Via Metropolitana, caso nada diferente seja feito, marcha, inexoravelmente, Lauro de Freitas, para se transformar em um bolsão de pobreza, violência, insalubridade, e consequente baixíssima qualidade de vida, a exemplo dos municípios limítrofes às grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília entre outras. Os moradores com maiores posses, continuarão a se fechar em condomínios ou migrarão para melhores plagas, o que já vem ocorrendo hoje em dia. E os que ficam, que amam as comunidades em que vivem, o que farão?
 
Os cidadãos que amam Lauro de Freitas, que aqui moram há muitos anos e não querem sair daqui, precisam reagir para estancar esse processo. E esse estancamento se inicia com a escolha de um gestor que tenha raízes no município e se preocupe com o seu futuro, que pense em viver e morrer no município e não em utilizá-lo como escada para voos políticos maiores.
 
Precisamos romper com o atual revezamento de poder entre partidos e gestores, que já foram testados e reprovados ao comprovarem não possuirem capacidade de pensar diferente, de estancar definitivamente essa perversa lógica de redução da qualidade de vida.
 
Um gestor que utilize o planejamento como instrumento de gestão, que reúna equipe escolhida por critérios de mérito profissional, que tenha criatividade para soluções urbanísticas inovadoras, que trabalhe com estrutura enxuta nas atividades meios (parece piada mas, nosso município com população quinze vez menor que Salvador e área de apenas 59 km² tem mais secretarias municipais que a capital), que mantenha relações com o legislativo com base em melhores serviços ofertados e apresentação de proposições que busquem beneficiar a coletividade, que pense um modelo de educação diferente, similar às que em muitos municípios do país têm dado certo, que exija e pressione o governo estadual para que os rios que passam pelo nosso território não sejam esgotos domésticos dos municípios vizinhos, que não admita filas e situações humilhantes nos postos e hospitais do município e que cuide do bem-estar dos inúmeros bairros que concentram população mais carente.
 
O exemplo de Salvador, onde a administração do democrata ACM Neto está transformando em local de orgulho para os seus cidadãos, é perfeitamente viável um projeto de desenvolvimento urbano e econômico que discipline o crescimento do município, busque a melhoria do meio ambiente, e oferte serviços de qualidade elevada em educação, saúde, saneamento, moradia a seus cidadãos.
 
Lauro de Freitas, apesar de estar mais uma vez com suas finanças no buraco, é o quarto município mais rico do estado, conforme dados da SEI, somente superado por Salvador, Camaçari e Feira de Santana, municípios de dimensões muito maiores. Nosso município é um caso típico de modelo de desenvolvimento endógeno, espontâneo, que pela sua posição geográfica na Região Metropolitana, recursos naturais e população com renda elevada, atrai iniciativas empresariais de variados segmentos.
 
Com todo esse potencial e eleitores conscientes de que está na hora de nos livrarmos da mesmice do passado, tenho a esperança de que o futuro do nosso município, que será decidido em outubro por nós, eleitores, estará, a partir de 2017, no comando de um gestor com o compromisso de iniciar um processo de fazer de Santo Amaro de Ipitanga um dos melhores lugares do país para se viver.
 
Edson Pitta Lima, professor adjunto aposentado da Faculdade de Ciências Econômicas da Ufba, coordenador do Plano Diretor do Complexo Petroquímico de Camaçari e do Plano de Habitação Orientada de Camaçari – PHOC (1973/74), secretário de Planejamento Ciência e Tecnologia da Bahia (1974/79), diretor de Recursos Humanos, de Administração e de Finanças da Usiba (1985/89), subsecretario de Habitação, de Defesa Civil e de Desenvolvimento Urbano de Salvador (2008/10), empresário dos ramos de livraria e ensino de idiomas e morador de Lauro de Freitas.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui