Repelente contra picada de mosquitos deve ser usado com cuidado por gestantes

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Aplicação em demasia pode irritar pele; especialistas recomendam ‘ampliar barreiras físicas’ com roupas

 

Médicos recomendam que gestantes usem repelente para proteger-se de picadas de mosquitos, que podem transmitir dengue e zika – vírus relacionado ao avanço da microcefalia no país. Ao mesmo tempo, dizem que é necessário abrandar seu uso, já que o produto é tóxico.
 
Muitas aplicações de repelente podem irritar a pele. Esse problema é fácil de resolver, segundo o dermatologista Davi de Lacerda. É só parar de usá-lo. Ele se preocupa, porém, com a absorção do produto em grandes quantidades e diz não saber o que pode acontecer nesse caso.
 
Com medo e à procura de um meiotermo entre a proteção contra os mosquitos e de uma intoxicação causada por repelentes, grávidas adotaram diferentes hábitos.
 
Há gestantes que passam o repelente de duas em duas horas – caso da estilista Susan Feldman; outras passam produto da mesma marca de seis em seis horas, como a empresária Fernanda Knopfler, grávida de cinco semanas. “Tenho dúvidas se estou 100% segura de intoxicação.”
 
As incertezas de gestantes foram agravadas após um teste feito pelo órgão de defesa do consumidor Proteste, em dezembro, que mostra que a durabilidade de repelentes no mercado é menor do que o anunciado nos rótulos. A pesquisa é contestada pelos laboratórios que produzem os repelentes.
 
Segundo a Anvisa, não há impedimento para o uso de produtos registrados no órgão, desde que as instruções do rótulo sejam seguidas.
 
APLICAÇÃO
Médicos indicam métodos de aplicação de repelentes diferentes às gestantes. Lacerda recomenda que elas “ampliem as barreiras físicas” com roupas compridas e telas contra mosquitos “para aplicar o repelente com mais frequência numa menor área”, sem correr riscos de intoxicação.
 
Repassar na pele de três em três horas é justificável, diz ele, se a área exposta do corpo não for tão grande. “Nesse mar de desconhecimento, quanto menos área exposta houver, melhor”, afirma.
 
Segundo a dermatologista Denise Steiner, o ideal é que as gestantes priorizem o repelente no começo da manhã e no fim da tarde, período de atividade do Aedes aegypti. Ela recomenda o uso de repelentes infantis para grávidas, porque são menos agressivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMBATE NATURAL
Um peixinho pequeno, que mede no máximo 5cm na fase adulta, de cor avermelhada e que encanta crianças e adultos em aquários, pode ser um forte aliado no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da  dengue, a febre chikungunya e o zika vírus.
 
Pesquisadores de Uberlândia (MG), descobriram que o Platy (Xiphophorus maculatus), peixe nativo da América Central, consegue comer cerca de 50 larvas do mosquito no período de seis horas, um resultado muito bom se comparado a outros peixes, como o Lebiste (Poecilia reticulata), da mesma família, também utilizado em aquários), que precisa de um dia inteiro para comer 
a mesma quantidade. Outra vantagem do Platy é a sua resistência às situações adversas com água com aspectos suja e baixa oxigenação, além da fácil reprodução: a depender do espaço a fêmea pode ter de dois a 80 filhotes por mês.
 
Em Itapetim, no sertão de Pernambuco, o combate está sendo feito com piabas. Em abril desse ano, a cidade chegou a ter o índice de infestação de 13%, o mais alto do Estado. Para o Ministério da Saúde, o índice considerado satisfatório é abaixo de 1%.
 
O trabalho começou em abril: em cada reservatório, aberto ou fechado, com cerca de 200 litros, é colocada uma piaba, que se alimenta dos ovos do mosquito. Por dia, nove agentes de endemias do município saem da Secretaria de Saúde com cerca de 20 kits, contendo até cinco peixinhos em cada, para visitar residências na cidade. Resultado: o índice atual de infestação caiu para 2,4%, menor inclusive que o mesmo período em 2014.
 
No Brasil já foram registrados em 2015 mais de 1,5 milhões de casos prováveis de dengue, um aumento de 176% em comparação ao mesmo período do ano passado. Ainda segundo o Ministério da Saúde, 199 municípios estão em situação de risco e outros 665 em situação de alerta.
 
Dezoito estados já apresentam confirmação laboratorial do zika vírus, que apresentou os primeiros casos no país em abril e pode estar relacionado ao aumento representativo dos casos de microcefalia em recém-nascidos.
 
No Boletim Epidemiológico de 12 de dezembro, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde destaca um total de 2.401 casos suspeitos de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika.
 
Outro alinhado no combate ao mosquito transmissor da dengue, que pode ser utilizado nas residências, é o plantio da crotalária (Crotalaria Juncea). Comum no Nordeste brasileiro, essa flor amarela, às vezes com listras vermelhas, possui substâncias naturais que atraem as libélulas, predadores do mosquito. As libélulas colocam seus ovos em águas paradas e limpas, da mesma forma que o Aedes. Quando os ovos nascem, as larvas se alimentam de outras larvas, como as do mosquito da dengue.
 
Mas o controle biológico do Aedes aegypti, seja pelo uso dos peixes ou plantas (é muito comum também o uso da citronela, como repelente), não isenta a necessidade da população de fazer a sua parte. Mantenha calhas sempre limpas, lixeiras e reservatórios de água sempre fechados, e fique atento a qualquer ambiente que acumule água e se transforme em foco do mosquito.
 

 

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