Com palavras de amor, Mãe Cacau afirmou que a Alvorada e Amarração dos Ojás em árvores de Lauro de Freitas representa um pedido de paz, tolerância e respeito às religiões de matrizes africanas. Líder do terreiro Mansu Dandalunda Oya Kisimbi N’Zambi, em Areia Branca, ela acredita que o manifesto realizado em 14 de novembro reflete a afirmação de existência dos adeptos do candomblé no município.
Os ojás – tecidos brancos – foram amarrados, inicialmente, no Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira do Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão, para oficializar a abertura do Novembro Negro. Quem caminhou ao longo do mês pelos bairros de Areia Branca, Vida Nova, Centro e Itinga, percebeu que árvores dessas localidades também foram adornadas com Ojás em forma de laço e nó de gravata, o que representa entidades femininas e masculinas.
Às margens do Rio Joanes, ao lado do Terminal Turístico, fogos de artifícios simbolizaram reverência aos ancestrais e aos negros e negras malês, massacrados na região, em 1814, antes do ato que precedeu a revolta pela abolição. De acordo a Superintendência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Ações Afirmativas (SUPIR), Lauro de Freitas chega a 85% da sua população de origem afrodescendente. Mais de 43% são mulheres.
O Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira no Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão é destacado por Géssica Neves, Kota Kiatoula, do Terreiro São Jorge Filho da Gomeia, como um espaço de identificação e resistência da cultura e tradição para os mais de 400 terreiros de candomblé do município. No Centro é possível encontrar bustos e imagens de orixás.
NOVEMBRO NEGRO
O tema central das comemorações do Novembro Negro em Lauro de Freitas abordou este ano “Vidas Negras: Resistência e Luta contra o Genocídio e a Intolerância Religiosa”. O superintendente da Supir, Paulo Aquino, ressalta que as atividades do mês foram construídas com base nas discussões realizadas ao longo do ano e priorizaram os pilares que constituem o tema.