Para casais satisfeitos, felicidade na relação depende de esforço das duas partes envolvidas
Perguntei a muitos casais se eles acreditam em “amor para sempre”. Mesmo aqueles que são muito felizes no casamento duvidam da possibilidade do amor duradouro.
Uma jornalista de 45 anos disse: “Estou no meu terceiro casamento. Há quase dois anos vivemos uma verdadeira lua de mel. Gostamos de fazer tudo juntos, somos muito carinhosos, rimos o tempo todo. Mas morro de medo deste clima de romance terminar. Sempre me pergunto: será que o amor tem prazo de validade?”.
O marido, um advogado de 43 anos, contou: “Ela vive com medo de perder o meu amor, de acabar o tesão, de cansarmos um do outro. Se depender de mim, vou fazer de tudo para que o nosso casamento seja sempre muito feliz. Acredito que estamos construindo algo sólido, duradouro, verdadeiro. Sei que não existe certificado de garantia para o amor, depende só de nós dois”.
Uma professora de 32 anos disse que o fim do amor é uma ameaça permanente em todos os casamentos, até mesmo nos mais felizes. “Muitos casamentos terminam por bobagem, por
preguiça, por imaturidade. Nós dois trabalhamos muito para o nosso casamento dar certo. Todos os dias somos gentis, carinhosos e atenciosos um com o outro. Sempre nos damos presentes para celebrar o nosso amor. Pode ser uma massagem, um chocolate, uma mensagem apaixonada. Não deixamos a rotina destruir o respeito, o desejo e a admiração. Nosso segredo é viver intensamente cada dia, como se fosse sempre o nosso primeiro encontro”.
O marido, um engenheiro de 39 anos, disse que é importante reconhecer o valor do outro, ser fiel e investir no casamento. “Ser romântico, carinhoso e generoso com uma nova namorada é muito fácil. O difícil é seduzir e ser seduzido, cuidar e ser cuidado, todos os dias, pela mesma mulher. Sei que não é nada fácil encontrar alguém que combine tanto comigo, sei que a minha mulher é especial e diferente de todas as outras. Invisto toda a minha energia para conquistar a mulher que eu amo e com quem eu quero viver para sempre. Temos um pacto de fidelidade e de felicidade”.
Ele conclui: “Meus amigos me acham um babaca quando digo que sempre fui e sempre serei fiel à minha mulher. Você acha que eu sou maluco de fazer uma merda e perder o grande amor da minha vida?”.
MIRIAM GOLDENBERG é antropóloga, professora da universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (ed. Record). www.miriangoldenberg@uol.com.br