A sociedade brasileira, nos seus diversos segmentos, sabia que existia essa promiscuidade, tardiamente revelada, entre os poderes do Estado e econômicos. Sabia, também, que todas as obras públicas eram superfaturadas; que os marqueteiros promoviam os políticos, em benefícios próprios.
Do mesmo modo conhecia o financiamento de campanhas eleitorais e a existência de caixa 2. O que alguns desconheciam era a extensão dessa subversão, quando políticos estavam nas mãos dos empresários e esses só executavam as obras públicas com a perversão daqueles que administravam o erário.
Pouco adianta, agora, existirem os dois lados (acusação e defesa) desses corruptos pois, sem dúvidas, não demonstram a defesa do nosso País, nem a sua salvação. Buscam, tão somente, atuarem como torcedores de um dos times, como se fosse uma partida de futebol.
Também, as futuras delações de políticos e empresários nada significarão para tomadas de providências, tendo em vista que o divulgado, até então, já se faz necessário rigorosas ações punitivas, em todos os níveis. O difícil é se fazer essas punições, pois os três poderes da República Brasileira, segundo divulgação permanente dos meios de comunicação, estão presentes nesses desmandos. Vale lembrar que a atuação dos políticos corruptos extraiu bilhões de reais do povo brasileiro.
Embora alguns patriotas e pessoas do bem venham mostrando indignação com essa situação que se enfrenta, pouco representará para passar a limpo o Brasil, pois a corrupção já se tornou uma doença endêmica, que está no DNA da maioria dos brasileiros. Isso porque, essa mazela não é considerada, apenas, pela gatunagem expressa. Estacionar em lugares proibidos, passar na frente daqueles que estão na fila, sonegação deslavada, avançar o veículo pela contramão ou acostamento, pagar propina por ações indevidas e tantas outras, também é corrupção.
Cabe à população, de modo geral, se unir, sem interesses próprios, visando, apenas, retirar o Brasil da desqualificada posição, perante o mundo, de sociedade altamente elevada na corrupção. Ou seja, será necessário mudar a cultura desta população, pelo menos para os que estão fora da corja dominadora. De qualquer maneira, já foi iniciado um novo caminho para salvar o Brasil.
A sociedade brasileira precisa entender que acabar com a corrupção exigirá, que cada ser humano, entenda o que é legal e o justo. Quantos brasileiros, considerados seres humanos “do bem”, abraçam políticos que saqueiam o Brasil, porque eles lhes darão benesses. Trocar a dignidade por benefícios tornou-se normal. Pior são aqueles que, em determinados ambientes, falam mal dessa situação e, em outros, elogiam esses indignos.
A divulgação, permanente, da imprensa e de vários articulistas contrários a essa situação indesejada, deveria ser um instrumento de início de luta, pela população, para acabar com essa imensa sequela, cujos malefícios são: desemprego elevado, pagamento exorbitante de impostos, insegurança, péssimo atendimento em hospitais, deseducação das crianças, desrespeito com os idosos, deficiências na mobilidade urbana, destrato para o meio ambiente, falta de defesa da causa animal, entre outros.
Fala-se tanto em reforma política. Quem executa essas reformas? Será que esses políticos querem reforma? De modo geral, com raríssimas exceções, os políticos e seus múltiplos partidos querem que a situação continue como está. Pode haver até maquiagens, afinal, há um grande interesse que o Brasil permaneça nessa aberração, pois, dessa forma, serão mantidas as condições de se adquirir benefícios.
Todos sabem que o poder e ambição inebriam os humanos. As reformas econômicas que são anunciadas passam pelo Congresso Nacional. A discussão entre os deputados e senadores tem a ver com sua manutenção no poder, defesa irracional de seus partidos ou mostrar a população desavisada o populismo que lhe afloram, ou seja, a maioria dos políticos ainda não acreditam na realidade brasileira, ou aguardam acontecimentos mais radicais. Visão para solucionar a situação do País, somente de poucos. Então surgem as mentiras deslavadas, identificadas no sistema nazista.
O pior é que na situação de descrédito em que vive o Brasil, sempre haverão os aventureiros, oportunistas ou “salvadores da pátria”, que se apresentam, com pele de cordeiro, e a população os carrega nos braços.
Assim, se espera que ocorra algo de mais profundo, quando os mandantes e donos do poder, sofrerão na pele o que a maioria da população está experimentando. Então, na igualdade que ficar definida, esses dominadores buscarão um Brasil diferente, que atenda a todos os brasileiros.
Administrador, consultor organizacional, professor universitário, escritor, ambientalista,
sócio fundador do Rotary Club Lauro de Freitas. E-mail: jamoufer@atarde.com.br