Em um artigo anterior, escrevi que a verdade significa a fidelidade às origens ou a um padrão de constância em atos, atitudes e caráter, em um determinado sistema de valores. Volto ao assunto para discutir sobre esse significado.
Inicialmente, tentarei identificar a origem da verdade, ou seja, se é uma expressão da existência natural, ou se tem a ver com a imaginação humana.
No primeiro caso, a verdade é absoluta, pois pode ser comprovada a qualquer momento (todos precisam de ar para viver). No segundo, poderá tornar-se questionável, necessitando-se buscar a veracidade, ou seja, a comprovação do verdadeiro.
Assim, chega-se à conclusão que podem existir várias verdades, a depender do sistema de valores analisado, do princípio ético e do comportamento do ser humano.
Será que a verdade de um ateu é a mesma de um religioso? A de um torcedor de um determinado time de futebol é igual a do torcedor de outro time? A verdade de um criminoso é a mesma da de sua vítima?
Também, existe a verdade relativa, que foi uma verdade comprovada anteriormente, porém deixou de ser, no momento. Você era católico e sua verdade eram os dogmas da igreja. Atualmente, você passou a ser espírita e sua verdade se prende a doutrina kardecista. No entanto, as duas verdades continuam sendo exploradas como verdadeiras.
A verdade na infância, que muitos consideram verdadeiras, também se torna imprescindível analisá-las, pois a criança apresenta em suas colocações aquilo que viu ou ouviu, ou seja, a evidência identificada. Porém, essas atrações visuais ou orais têm uma origem e essa fonte pode não ser confiável. Também nem sempre são interpretadas à luz da verdade, além de misturar- se com a imaginação fértil, da idade.
Em muitas situações, a verdade apresentada surge de um postulado, ou seja, ideia que se pode reconhecer como verdade. No entanto, os seres humanos podem absorver essa verdade como absoluta, sem avaliação profunda dos fatos e, muitas vezes, cometem erros gravíssimos, para si e para seus semelhantes. Exemplo muito comum são as promessas dos políticos, em época de eleição. Assim, quando uma verdade promover dúvidas é necessário verificar sua veracidade. A verdade
Também, em variadas ocasiões o ser humano alimenta-se de verdades produzidas pela fé, ou seja, o sentimento total de crença. Nesses casos, na maioria das vezes, não existe a maldade de atitude em propalar essa verdade, mas, tão somente, o engessamento espiritual dessas pessoas, que acham que a sua verdade é a verdadeira.
Ainda existem os seres humanos que apresentam suas convicções baseadas na intuição, ou seja, pressentirem que as mesmas estão intimamente ligadas à sua confiança e que elas devem representar a busca permanente da verdade. Para esses, existem lugares escuros dentro de si, que precisam ser iluminados. A intuição é um conhecimento de risco.
De outro lado, existe o ceticismo que é duvidar de tudo. Os seres humanos que o praticam, tornam-se difíceis de serem compreendidos. Discutem, por tão somente discutir, qualquer verdade que se lhes apresentem. Quando são pressionados, desculpam-se dizendo terem sido mal-entendidos. Mas estarão sempre expressando falsa imagem de si mesmo.
A verdade traz liberdade e lhe faz perfeito para a pessoa que lhe merece. Por isso, o importante é seguir em frente com a verdade, mesmo que isso tenha um custo.
Também, existe a situação que o ser humano se apega a uma verdade, não aceitando discuti-la ou ouvir comentários que contrarie sua tese. Essa situação radical, muitas vezes, leva-o a praticar agressões sobre o contraditório, às vezes até fatais.
A verdade, vista em um padrão de elevação espiritual, é o principal caminho para os seres humanos integrais. Através dela o ser humano promove o aperfeiçoamento espiritual, a harmonia com as leis cósmicas e o comprometimento com princípios, comportamentos e atitudes.
A verdade desenvolve a consciência de si mesmo com a concretude de seus pensamentos, em evolução com a identidade transcendental. A verdadeira verdade lhe credencia a exposição de conceitos profundos, que contribuem para a evolução humana.