ALDEIAS INFANTIS SOS: “O risco da pandemia é grande, mas o cuidado com o próximo não pode esperar”

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A pandemia do coronavírus intensificou ainda mais os números que já eram muito preocupantes: os que se referem às pessoas que não se alimentam com a quantidade e a qualidade necessária, cresceram assustadoramente no Brasil. A insegurança alimentar grave ou moderada atingiu 27,7% da população no final do ano passado, ou 58 milhões de brasileiros, contra 16,8% em 2004, ano de criação do programa Bolsa Família.

Na Bahia, a pesquisa mais recente sobre o tema. realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2017 e 2018, mostrou que 45,3% do total de domicílios, onde viviam 7,4 milhões de pessoas, sofriam algum grau de insegurança alimentar. Se avaliados os dados do CadÚnico, 1,9 milhões de baianos vivem com uma renda entre R$ 89 e R$ 150, enquanto outros 1,2 milhões vivem com no máximo R$ 89 por mês.

Joilsa Brito, coordenadora do Serviço do Acolhimento Institucional da Aldeias Infantis SOS, destaca que este último ano, com a pandemia, fez aumentar a necessidade de atenção às famílias em situação de vulnerabilidade social. “Acompanhamos de perto em nossos projetos a realidade dessas famílias e nos deparamos com a indagação: E quando as pessoas não tem o mínimo para sobreviver ao isolamento? Intensificamos os nossos esforços em busca de alternativas de apoio e suporte às famílias em situação de vulnerabilidade social”, frisou.

Aldeias Infantis SOS é a maior organização humanitária global de promoção ao desenvolvimento social, que trabalha desde 1949 na defesa, garantia e promoção dos direitos de crianças, adolescentes e jovens. No Brasil, já são mais de 50 anos de atuação, desenvolvendo 187 projetos em 10 estados e no Distrito Federal, que geram impactos para mais de 11 mil pessoas, por meio de ações de educação, esporte, lazer, geração de renda e empregabilidade.

Na Bahia, além de Lauro de Freitas, onde a organização já atua há 22 anos, existem núcleos também em Camaçari, Candeias e Salvador. Segundo Joilsa, mais de 400 crianças e adolescentes foram atendidas em Lauro de Freitas ao longo desses 22 anos, e cerca de 50 mulheres desenvolveram o trabalho de cuidado e proteção na função de Mães Sociais, profissão que foi regulamentada em 1987.

Joilsa (camisa rosa) em reunião com a equipe técnica e mães sociais

“Através do Projeto Cuidar, vamos até às famílias, atuamos no sentido de prevenir a perda
do cuidado parental de crianças e adolescentes. Nosso entendimento é que a família deva ser um espaço de proteção de seus membros e de socialização. Porém, ao longo de sua existência, as famílias podem passar por processos de exclusão e riscos sociais que aguçam suas fragilidades, comprometendo a capacidade de proteção. Com isso, surge a necessidade de assistência e cuidado, em especial aquelas que tenham, um ou mais de seus integrantes em situações de ameaça. É nesta fase que se faz necessário o trabalho das Mães Sociais”, explicou.

Em março de 2020, quando começou a pandemia, a organização acolhia 11 crianças e adolescentes na unidade de Lauro de Freitas. Ao longo deste período, pouco mais de um ano, 30 famílias foram atendidas e quatro crianças precisaram de acolhimento. Todo o trabalho da organização é realizado em parceria com alguns órgãos da rede de assistência, como
o Centro de Referência Lélia Gonzáles Ministério Público, Defensoria Pública,
Vara da Infância e Conselho Tutelar de Lauro de Freitas.

Apesar dos riscos oferecidos pela pandemia para cada indivíduo, a urgência do cuidado com o próximo não deixa que as atividades de organizações humanitárias sejam interrompidas. A Aldeias Infantis SOS intensificou o protocolo de segurança, todos os colaboradores que fazem parte dos grupos de risco foram afastados, a equipe técnica está trabalhando em home office, com exceção da assistente de Desenvolvimento Familiar. Todas as viagens foram canceladas e as reuniões acontecem de forma virtual. As visitas domiciliares só são permitidas nos casos mais críticos.

“Costumamos dizer que ser Mãe Social vai para além da profissão, é uma missão de vida, pois elas dedicam mais tempo para as crianças e adolescentes acolhidos do que para suas próprias vidas, fator reforçado durante a pandemia. Ser mãe, nesse contexto de isolamento social, não tem sido fácil, ser mãe social é mais desafiador ainda. Entretanto, nosso trabalho não pode parar e estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para continuar cuidando e protegendo crianças, adolescentes, jovens e famílias em vulnerabilidade social, principalmente neste momento”.

ATELIÊ DAS MAINHAS
Focada no fortalecimento familiar, a Aldeias SOS desenvolve desde 2019 um projeto de empoderamento femi- nino e promoção de habilidade para o empreendedorismo social, abraçando mulheres que foram vítimas de violência doméstica.

Ao todo, o Ateliê das Mainhas, atende 30 mulheres de Salvador e Região Metropolitana, que participam de oficinas de corte e costura, artesanato, empreendedorismo e comércio solidário. Além disso, as mulheres recebem apoio psicológico, com um olhar para novas perspectivas sobre si mesmas e suas famílias.

“O projeto começou em 2019, mas a necessidade desse suporte às   mulheres se acentuou muito durante a pandemia; aumentou os casos de violência doméstica, muitas vezes motivadas pela situação econômica das famílias. Então o objetivo do Ateliê das Mainhas vai desde ajudar a recuperar a autoestima dessas mulheres, como gerar uma oportunidade de renda que permita que as famílias se reconstruam e se fortaleçam", frisou Michele de Jesus, coordenadora do Serviço de Fortalecimento Familiar e Comunitário, responsável, pelo projeto.

Michelle em roda de conversa com as mulheres do Ateliê das Mainhas

A primeira mostra da produção do Ateliê das Mainhas aconteceu em maio, em Salvador, com exposição e venda de produtos confeccionados pelo grupo.

Além do Ateliê das Mainhas, a o ganização realizou em abril um drive thru, arrecadando mais de 200 kg de alimentos e em maio lançou a campanha nacional, criançasemfome, que visa mitigar os efeitos da pandemia. Em Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D&39;Ávila e Simões Filho, 1.500 famílias serão assistidas com cestas básicas e kits com itens para a prevenção ao Covid-19 (máscaras e álcool gel), durante os meses de junho a setembro.

Mais informações: Interessados podem entrar em contato pelos telefones (71) 3378-4077 e 99623-5190, ou pelo Instagram @aldeiasinfantissosbrasilbahia.
 

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